By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1/PR – Imagem: Divulgação
Uma técnica em enfermagem conquistou o direito a ter 50% de redução de
jornada de trabalho, sem desconto nos salários, para cuidar do filho, de
cinco anos, com autismo.
A decisão liminar do Juizado Especial da Fazenda Pública de Araucária,
na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foi publicada na terça-feira
(26). O processo corre em segredo de Justiça e cabe recurso.
Acompanhamento do filho
A família conta que a criança foi diagnosticada com autismo quando
tinha um ano e nove meses.
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O pai do menino também trabalha na área de
saúde, assim como a mãe, e cumpre 40 horas semanais.
A mãe que conseguiu o direito judicialmente prefere não se identificar.
A advogada dela, Renata Farah, contou que a decisão é de extrema
importância pois visa permitir que a mãe consiga acompanhar o filho nas
terapias, e que ainda possa estender o tratamento em casa, com
atividades para estimulá-lo.
O direito foi viabilizado com base na lei estadual 18419/2005, conforme
a decisão dada á família, que “assegura ao funcionário ocupante de
cargo público ou militar, que seja pai ou mãe, filho ou filha (...) ou
que detenha a guarda judicial da pessoa com deficiência congênita ou
adquirida, de qualquer idade, a redução da carga horária semanal de seu
cargo, sem prejuízo de remuneração”.
A mãe, de 39 anos, conta que já havia tentado acordo diretamente com o
hospital outras duas vezes, mas que o pedido foi negado porque, segundo a
lei, a dispensa só poderia ocorrer para cargos com 40 horas semanais e
jornada de oito horas diárias.
A mãe trabalha 42 horas por semana, sendo 12 diretas e 36 de folga. Além
disso, ela afirma que trabalha em regime de plantão noturno, das 19h
até às 7h.
O autismo é um transtorno de desenvolvimento grave que prejudica a
capacidade de se comunicar e interagir, por isso, a criança necessita de
cuidados especializados que lhe permitam a desenvolver, ao máximo, suas
capacidades físicas e mentais.
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“Eu trabalho na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, então,
eu chego em casa exausta e não consigo dar o melhor tratamento para o
meu filho. O desenvolvimento do autista depende muito do convívio
social, de sair para lugares livres, mas a rotina pesada assim não
permite. É triste, mas muitas vezes não temos forças para chegar em casa
e estimular e brincar com ele ”, explica.
Conforme o pedido da família, o custo elevado do tratamento torna
inviável impor a redução dos rendimentos da mãe, pois a “ausência das
terapias pode causar lesão grave e de difícil reparação”.
Dia a dia
A rotina do filho do casal inclui terapias diversas, por tempo
indeterminado e por profissionais especializados, como psicoterapia,
fonoaudiologia, além de terapia ocupacional. Além disso, há seis meses, a
família descobriu que a criança também é deficiente auditiva.
“A rotina do meu menino não se compara nem com a rotina de um adulto
porque ele só tem o domingo e a segunda-feira, pela manhã, livres. É uma
montanha russa todos os dias. E com a descoberta da perda auditiva
aumentou em mais uma terapia. São quatro anos nessa rotina intensa”,
relata a mãe.
De acordo com a advogada da família, a decisão liminar cabe recurso por
parte do estado mas as chances de manutenção da redução são grandes,
visto que em outras decisões o tribunal atendeu ao apelo.
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