By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: Divulgação
Em evento da Confederação Nacional
da Indústria (CNI), o pré-candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro,
arrancou aplausos, na manhã desta quarta-feira, 4, ao atacar a política de
cotas para negros, a legislação ambiental e indigenista, o Congresso, o
governo, o Supremo, a esquerda e a imprensa.
À plateia formada por empresários, ele disse que, se eleito, pretende melhorar
a economia com a retomada de diretrizes do “Brasil Grande”, como ficou
conhecida a fase dos megaprojetos de infraestrutura da ditadura militar que
antecederam, porém, ao período de recessão, aumento da dívida externa e dos
dramas ambientais e sociais. “Não faremos nada da nossa cabeça. Os senhores que
estão na ponta das empresas serão os nossos patrões”, afirmou.
Ele disse que gostaria de convidar
os empresários a fazerem uma visita a Mato Grosso do Sul para buscar “soluções”
aos problemas agrários. É no Estado que ocorrem graves conflitos de terra e
altos índices de suicídios e assassinatos de índios guaranis caiovás. Foi
aplaudido. Assim como foi aplaudido ao reclamar que o Ibama leva “dez anos”
para conceder uma licença a uma pequena hidrelétrica. “Ninguém quer o mal para
o meio ambiente”, ponderou.
Bolsonaro avaliou, por exemplo, que
terá apoio popular se “redimensionar” a política de direitos humanos. “Se
redimensionarmos a política de direitos humanos, não vamos ganhar a população?
Não custa nada.”
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Mais tranquilo após os primeiros
aplausos e risos do público, Bolsonaro afirmou que o Supremo Tribunal Federal
tem legislado no lugar da Câmara e do Senado e que, se a situação permanecer, o
País ficará “ingovernável”. Em seguida, ele mirou no Congresso O ex-capitão do
Exército disse que o parlamento era mais valorizado pela sociedade e que,
atualmente, é dominado por “grandes interesses”. “No período militar, o
deputado era gente. Hoje, temos operadores”, avaliou. A propósito, a ditadura
impôs, já em 1964, ano do golpe contra o presidente João Goulart, uma rígida
política de cassações de mandatos e retaliações a parlamentares oposicionistas.
Sem citar o presidente Michel Temer
e o MDB, Bolsonaro perguntou aos empresários se eles sabiam como estava a
situação do Porto de Santos. “Está na mão de qual partido? Vamos quebrar esse
negócio, acabar com isso que está lá”, disse. Em discursos anteriores, ele
acusou o presidente e a legenda de apadrinharem o porto.
Bolsonaro foi aplaudido até quando
disse não saber responder a uma pergunta sobre como tratar o Senai. Ele disse
que estava aberto a sugestões sobre o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. “Quero sugestões, não quero passar aquilo que não domino.”
O pré-candidato encontrou a fórmula
para provocar risos e ganhar de vez aplausos da plateia: ataques à
ex-presidente Dilma Rousseff e à esquerda latino-americana. Fez ataques ao
Mercosul do tempo “bolivariano” e até ao educador Paulo Freire. “Tem três
partidos que não quero conversar num eventual governo”, disse, referindo-se a
legendas de esquerda. “Eu não quero colocar um busto do Che Guevara no
Planalto”, disse. “Um presidente deve chegar lá e nomear seu time. Vou botar
alguns generais em alguns ministérios. Os (governos) anteriores não colocaram
terroristas e corruptos?”, perguntou. A plateia aumentou as palmas.
Nos momentos em que falou de
assuntos de interesse direto da indústria, Bolsonaro reafirmou que defende uma
reforma previdenciária em partes, mudanças na legislação trabalhista e
desoneração de alguns setores, sem dar detalhes. O déficit da Previdência foi o
tema escolhido pelo público para que o pré-candidato se pronunciasse.
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O
pré-candidato, então, afirmou que o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles,
também na disputa presidencial, errou ao propor uma reforma em que a idade
mínima de aposentadoria dos homens seria de 65 anos. “Isso assustou, pois no
Piauí a média de vida é 69 anos”, disse. Ele, porém, criticou propostas para
mudar a previdência dos militares, seu setor de origem. E disse que estava
atento à esquerda, que “tira proveito enorme” desse debate. “A conotação que a esquerda
dá acaba com qualquer esperança de mudar o Brasil por vias democráticas, o que
tem que ser.”
Ele relatou que, em conversas com a
equipe do economista de Paulo Guedes, seu principal conselheiro na área, ouviu
que é possível mudar a situação orçamentária do governo sem aumentar tributos.
“Dá para manter a inflação, diminuir a taxa de juros, um dólar que não
atrapalhe quem quer importar e reduzir essa monstruosa dívida interna sem
aumentar os impostos? Dá sim”, disse. “Precisamos fazer novamente o Brasil
Grande.”
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