By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta segunda-feira
(27) que análises feitas em amostras de alimentos produzidos por 3 dos 6
frigoríficos interditados após a Operação Carne Fraca, apontam que o
consumo desses produtos não traz risco para a saúde das pessoas.
De acordo com o ministro, foram recolhidas, em supermercados de 22
estados, 174 amostras de carne produzida pelos 21 frigoríficos
investigados na operação. Dessas 174, informou Maggi, os laudos de 12
não indicaram risco para o consumo. O resultado das demais 162 ainda não
é conhecido.
Os 12 laudos cujos resultados foram divulgados nesta segunda, se
referem a alimentos produzidos nas unidades de Curitiba (PR) e Jaraguá
do Sul (SC) do frigorífico Peccin, e na unidade de Mineiros (GO), da
BRF.
As unidade da Peccin de Jaraguá do Sul e de Curitiba são investigadas
por utilização de carne estragada em salsicha e linguiça, utilização de
carne mecanicamente separada acima do permitido, uso de aditivos acima
do limite ou de aditivos proibidos.
Já a unidade da BRF em Mineiros produz carne de aves, incluindo peru, e
é investigada por corrupção, embaraço da fiscalização internacional e
nacional e tentativa de evitar suspensão de exportação.
"Temos 12 laudos que já temos confirmação e, desses 12, nenhum
apresenta qualquer perigo ao consumo humano das mercadorias que foram
coletadas", disse o ministro Blairo Maggi em entrevista a jornalistas.
Interdições
Nesta segunda, o ministério elevou para 6
o número de frigoríficos investigados pela Carne Fraca e que foram
interditados por suspeita de irregularidades. Segundo o secretário de
Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luís Eduardo Rangel,
as mercadorias dessas seis unidades estão recolhidas e não podem ser
vendidas.
Ainda de acordo com ele, o ministério fará análise dessas mercadorias e
a venda só será liberada com laudo indicando que não há problema com os
produtos.
Das três unidades cuja interdição foi anunciada nesta segunda-feira,
uma trabalha com farinha de osso, uma com lácteos e outra com produtos
embutidos.
Segundo o ministro, um dos problemas encontrados foi percentual de
amido de milho maior que o permitido na produção de salsicha. Nos
últimos três frigoríficos interditados, o único que produz salsicha é o
Souza Ramos.
No frigorifico Fábrica de Farinha de Carne Castro, que produz farinha
usada em ração, foi verificada mercadoria fora do prazo. Já o
frigorífico SSPMA, que produz derivados do leite, como queijos, foi
interditado por dificultar a fiscalização, informou Maggi.
"Quando o fiscal chegou lá não havia ninguém para recebê-lo. Eles
fecharam a planta e ninguém ficou para atender o fiscal", disse o
ministro. Veja no fim deste texto o que dizem os frigoríficos interditados.
Indicações políticas
Antes de conceder a entrevista, Maggi se reuniu com os 27
superintendentes agropecuários do ministério nos estados e no Distrito
Federal – destes, informou, 17 são indicações políticas e 10 servidores
de carreira.
“Mas nenhum dos que são de carreira assumiram seus postos sem se
articularem politicamente", disse o ministro. Maggi destacou que, se a
indicação política é um defeito, esse defeito não é só do Ministério da
Agricultura, mas da política brasileira.
"O que eu disse é que as pessoas podem ter chegado ao posto com apoio
político, mas a responsabilidade deles é com o Brasil e com o Ministério
da Agricultura", afirmou.
Segundo o ministro, na terça ou quarta-feira o ministério deve indicar
os interventores que atuarão nas superintendências do Paraná e de Goiás.
Exportações
Blairo Maggi destacou que espera que espera um novo aumento no valor médio diário das exportações de carne brasileira, que registrou queda na semana passada, após a deflagração da Carne Fraca.
"Eu espero que ali na frente a gente vá encontrar um número invertido.
Vamos ter dias que muito provavelmente vamos exportar mais do que
exportamos normalmente porque tem produtos nos portos para embarcar",
afirmou.
Nesta segunda, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
divulgou que o valor médio diário de exportação de carne na semana
passada foi 19% menor do que o verificado entre os dias 1º e 17 de março, antes de a Carne Fraca ter sido deflagrada.
Esse queda é reflexo das restrições que alguns países compradores de carne brasileira impuseram às importações do produto.
O governo brasileiro fará às 21h30 desta segunda uma videoconferência
com o governo de Hong Kong para esclarecer dúvidas do país. Hong Kong é
um dos maiores compradores de carnes brasileira e mantém paralisadas
todas as importações.
O que dizem as empresas
O dono da Farinha de Carnes Castro, Valdemar Lima de Castro, disse que
identificou nove cabeças de gado fora dos padrões exigidos pelo
Ministério da Agricultura em seu frigorífico, o que causou a interdição.
Segundo ele, porém, a culpa é da empresa que lhe forneceu as peças,
cujo nome não foi revelado. Castro disse que o problema verificado na
empresa é "muito pequeno" e não deveria causar uma interdição. Para ele,
uma notificação ou uma multa seriam suficientes.
Castro afirmou que já está tomando as providências para que o frigorífico seja reaberto e para que o problema não se repita.
A Industria de Laticínios SSPMA Ltda informou que "é reconhecida por
produzir há mais de 20 anos produtos de qualidade no mercado brasileiro
de queijos". A empresa alega perseguição e diz que a interdição "não se
justifica."
"No ano passado, infelizmente, [o SSPMA] passou a ser perseguido de
forma abusiva e arbitrária por fiscais inescrupulosos. A interdição não
se justifica, pois nossa produção atende a todas as certificações e
padrões de qualidade e segurança de alimentos, absolutamente dentro dos
padrões exigidos pela legislação", informou em nota
"A empresa tem certeza que tudo isso será demonstrado durante as
investigações e pede o rápido esclarecimento dos fatos", completou.
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