quinta-feira, 3 de abril de 2014

André Vargas diz que foi 'imprudente' ao usar avião fretado por doleiro



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Rádio Najuá Imagem: Divulgação


Em discurso no plenário da Câmara, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), admitiu nesta terça-feira (2) que cometeu um "equívoco" e foi "imprudente" ao viajar, no ano passado, num avião providenciado pelo doleiro Alberto Yousseff, preso em março pela Polícia Federal por suspeita de movimentar cerca de R$ 10 bilhões em lavagem de dinheiro.
"Claro que, com relação ao avião, eu reconheço, fui imprudente. Foi um equívoco, deveria ter evitado. Peço desculpas aqui e à minha família", afirmou aos deputados da Casa.
De acordo com a reportagem da "Folha de S. Paulo", o empréstimo do avião para viagem a João Pessoa foi acertado entre Vargas e Yousseff por mensagem de celular no dia 2 de janeiro.  "Tudo certo para amanhã", dizia mensagem do celular do doleiro para Vargas. "Boa viagem se (sic) boas férias", completa.
No discurso em plenário, o vice-presidente da Câmara admitiu que usou o jato e disse que conhece Yousseff há 20 anos. O doleiro é é apontado pela PF como um dos líderes de um esquema de lavagem de dinheiro desmontado na Operação Lava Jato.
"No final do ano passado, me fiando nessa relação de mais de 20 anos, procurei Alberto Yousseff, porque ele havia sido dono de um hangar, para que viabilizasse uma aeronave para minha viagem de início de ano. No dia 3 de janeiro viajei e no dia 15 voltei com a minha família", relatou.
O deputado admitiu ainda que não pagou os custos do traslado, ao contrário do que havia dito antes ao jornal, dizendo ter bancado o combustível. "Quando eu o procurei para viabilizar o pagamento do combustível, não encontrei meios, porque eu não sabia que a aeronave tinha sido locada. Coisa que soube com mais detalhes agora em função da ampla divulgação na mídia", disse.
Vargas afirmou também que não tinha conhecimento do motivo pelo qual o doleiro estava sendo investigado pela Polícia Federal. "Conheço Yousseff há 20 anos. Ele é hoje proprietário do maior hotel da minha cidade. Conheço o processo pelo qual passou e em que se transformou em testemunha da PF em processos por lavagem de dinheiro. Não conhecia o motivo pelo qual ele estava sendo investigado", disse.
Ministério da Saúde
Ainda segundo a "Folha de S.Paulo", numa outra conversa, André Vargas discutem um assunto de interesse do doleiro no Ministério da Saúde. Para a Polícia Federal, ambos tinham um "objetivo comum" na pasta, relacionada à empresa Labogen, que negociava uma parceria com a pasta, mas que teria sido usada por Yousseff para enviar R$ 37 milhões ao exterior.
Conforme o jornal, em relatório, a PF diz que mostra que, em dado momento, Vargas diz que "a reunião com Gadelha foi boa demais". Depois, diz que "Gadelha garantiu que vai nos ajudar". Seria uma referência ao secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Carlos Gadelha.
No discurso em plenário, André Vargas disse que foi procurado por um empresário que desejava providenciar uma parceria entre o laboratório e o Ministério da Saúde. Vargas disse que apenas "o orientou na forma da lei" e negou conversa sobre o negócio com o secretário do Ministério da Saúde.
"Nunca estive com Gadelha ou com qualquer outro funcionário para tratar desse projeto. No vazamento eu digo que a reunião com Gadelha foi boa, porque me encontrei com um representante oficial da empresa no aeroporto e ele disse que a reunião com Gadelha foi boa", explicou.

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