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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1/PR – Imagem: Museu do MilênioPrudentópolis
ainda não tinha sido criada oficialmente quando as primeiras famílias
de imigrantes da Ucrânia começaram a se instalar na região central do
Paraná. Na bagagem: o sonho de uma vida melhor, longe da fome que
assolava o leste europeu. O ano, segundo registros históricos
disponíveis para consulta, era 1896.
“Eles [imigrantes] começam a se assentar, sobretudo, em 1896, quando
1.500 famílias vêm para essa região que pertencia a Guarapuava e anos
depois veio a se tornar Prudentópolis. Foram cerca de 6.000 camponeses que se instalaram naquela região”.
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De acordo com Prado, de um lado estavam os ucranianos, vindos de uma
região histórico-geográfica chamada Galícia, e que tentavam fugir de um
cenário de extrema miséria.
O Brasil, por outro lado, se aproximava da transição de monarquia para
república, quando se intensificaram as chamadas para famílias
estrangeiras imigrarem para terras tupiniquins, a fim de impulsionar o
desenvolvimento nacional.
Segundo o professor, há registros de ucranianos chegando ao Brasil em 1881, anos antes da colonização de Prudentópolis.
“Mas eles só chegaram em números maiores nos portos do Brasil, sobretudo no porto de Paranaguá, em 1894, 1895. E eles não vão diretamente para Prudentópolis. Ainda não era o foco. Primeiro eles descem para Paranaguá, depois vão para Curitiba”.
Depois da imigração, migração
O professor Prado explica que as famílias de camponeses da Ucrânia, com
forte inclinação à agricultura, começaram a se espalhar pelo estado
pouco após a chegada ao Brasil. Segundo ele, entre os locais escolhidos
estavam União da Vitória, Cruz Machado e São Mateus do Sul – todos abrigam descendentes até hoje.
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Os estudos de Prado indicam que, com o tempo, a colônia cresceu demais e
grande parte das famílias migrou novamente, agora para a região
central, chegando ao ponto onde futuramente seria Prudentópolis. Mas eles não estavam sozinhos.
“[...] Juntamente com os nativos, é claro, porque essa região não era
formada apenas por imigrantes ucranianos. Mas, sobretudo por eles, que
já tinham se estabelecido em pontos do Paraná, e depois dessa saturação
da colônia Antonio Olinto, eles chegam a Prudentópolis, ainda não emancipada”.
Poloneses, alemães e italianos também participaram do processo de
colonização, mas em menor número. Especificamente quanto aos ucranianos,
eles continuaram imigrando chegando em Prudentópolis, em menores quantidades de famílias, até meados de 1922.
Emancipação
A emancipação política de Prudentópolis se deu em 12 de agosto de 1906, exatamente 10 anos após a chegada dos primeiros imigrantes na região.
A cidade começou a existir oficialmente, portanto, em um momento em que a
cultura ucraniana tinha tido tempo suficiente para desenvolver as
primeiras raízes em solo prudentopolitano, segundo o professor Prado.
“Nós , que somos cientistas tomamos muito cuidado com comentários
taxativos, mas é possível, sim, reconhecer a predominância da cultura
ucraniana em Prudentópolis.
E existiram conflitos para isso. Não apenas entre os ucranianos e os
nativos, mas também entre os poloneses, que também tinham ido para a
região. Em muito menor número, mas existiam”.
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- Dos cerca de 600 mil descendentes de ucranianos que vivem no Brasil, a maioria vive em Prudentópolis segundo a Representação Central Ucraniano-Brasileira.
- Segundo dados da prefeitura, dos 52 mil habitantes, cerca de 39 mil são descendentes de ucranianos.
Religião como fio condutor
A religião, segundo o professor Prado, foi um “fio condutor” para que a
cultura ucraniana prevalecesse e, até os dias de hoje, continue a se
perpetuar em Prudentópolis.
Não à toa, um levantamento da prefeitura mostra que das mais de 100
igrejas da cidade, pelo menos 50 são do rito bizantino ucraniano, o que
rendeu a Prudentópolis o título, reconhecido por lei estadual, de Capital da Oração.
“A religião foi o fio condutor para dar homogeneidade para a comunidade.
Vieram padres para cá, fundaram paróquias, juntamente com as paróquias,
vão fundar escolas [...] e os padres se tornam quase prefeitos dessas
comunidades. Eles que vão conduzir, eles que vão arranjar os casamentos,
eles que determinam. E sempre é interessante pensar que os ritos
religiosos remetem a pátria-mãe. Sempre a Ucrânia. O sentimento de que
‘estou aqui, mas pertenço à outra nação’”.
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Prado explica que as fronteiras da Ucrânia sempre foram alvo de muitas
tensões, chegando a um dos ápices na semana passada com a invasão do
país por tropas russas.
No período pré-imigração para o Brasil, segundo Prado, a Ucrânia não
vivia um cenário de guerra, mas registrava muitos conflitos com países
fronteiriços.
“Ninguém migra quando as coisas estão bem. A Rússia tinha abolido a
servidão em 1861. Se nós voltarmos para aquele momento de imigração, 30
anos atrás, existiam pessoas donas de pessoas. Existiam servos ainda.
Então, existia um contexto de muita carência no leste europeu [...]
Naquele momento não existia guerra, o que existia eram conflitos. A
Ucrânia sempre teve suas fronteiras assediadas. Ora pela Polônia, ora
pela Rússia, depois pelos austro-húngaros, depois novamente pela
Rússia”.
Manutenção da cultura
Enquanto o professor Prado fazia a tese de doutorado, ele se mudou para Prudentópolis,
onde viveu por cinco anos acompanhando de perto a rotina dos
descendentes, hoje responsáveis por manter a cultura viva na região
central do Paraná.
Prado afirma haver um esforço muito grande para que os costumes sejam
transmitidos entre gerações. Um dos fatores que contribuem para essa
tradição é o forte vínculo que os descendentes continuam tendo com a
Ucrânia – Prudentópolis é, inclusive, cidade-irmã de Ternopil, no oeste do país europeu.
A culinária e a cultura também são armas nesta luta diária para a
manutenção da cultura, além do idioma ucraniano, que inclusive é, por
lei municipal, reconhecido como segunda língua no município. Estima-se
que 70% da população fale ucraniano.
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“Eles têm uma manutenção das suas práticas culturais muito grande, através dos ritos, do idioma, e a culinária. Em Prudentópolis,
vocês não precisam ir a um lugar específico para comer uma culinária
típica. Não. Em qualquer lugar que você for, vai ter uma culinária
específica. Ou seja, eles não só representam, mas eles vivem essa
identidade. Esse é um fator determinante para que hoje eles se mostrem
como, realmente, aqueles que representam a Ucrânia fora da Europa”.
Além de manterem viva a cultura do país do leste europeu, os prudentopolitanos acompanham de longe o conflito, que virou tema de estudos nas escolas da cidade e será mais um capítulo da história, também, dos descendentes ucranianos do Paraná.
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