By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: TEC MUNDO – Imagem: DivulgaçãoCientistas da
Mayo Clinic, organização sem fins lucrativos que realiza pesquisas
médicas, e da University of Illinois utilizaram conhecimentos da área de
geologia para estudar a formação dos cálculos renais. A descoberta foi
que as populares “pedras nos rins” se formam de maneira semelhante
àquelas encontradas na natureza.
Há alguns anos, imaginava-se que
os minerais da doença eram formados camada por camadas, em um processo
metódico, que tornava difícil a possibilidade de dissolução. “Pensava-se
que, uma vez que eles tivessem crescido e se desenvolvido, não seria
possível que os cálculos renais de cálcio fossem dissolvidos nas
condições naturais dos rins”, explicou John Lieske, nefrologista e
diretor do Rare Kidney Stone Consortium da Mayo Clinic.
As pesquisas
são conduzidas há 3 anos e receberam uma nova publicação na revista
científica Nature Reviews Urology, uma das publicações com maior fator
de impacto, em maio deste ano.
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Dentre as constatações está o fato de que os cálculos renais de
oxalato de cálcio (tipo mais comum da doença) se formam de maneira muito
parecida com o travertino, uma rocha calcária encontrada em locais como
o Mammoth Hot Springs, no Parque Nacional de Yellowstone.
Ou
seja, as pedras nos rins sofrem ciclos repetidos de cristalização,
dissolução, fraturamento e falhas, assim como as rochas da natureza.
Para chegar a essa conclusão, os cálculos foram retirados cirurgicamente
de pacientes e cortados em camadas.
“Quando você atinge um
cálculo renal (cortado em uma camada muito fina) com luz UV e observa-o
no microscópio, percebe que há camadas sob camadas de cristais
individuais com formas perfeitas, que são cortadas transversalmente por
outros cristais, orifícios, fraturas e falhas dissolvidos. Eles são
muito parecidos com o que você vê no Grand Canyon, onde há camadas
rochosas impressionantes”, afirmou Bruce Fouke, geobiólogo e diretor do
Roy J. Carver Biotechnology Center da Universidade de Illinois.
Objetivos do estudo
Uma das metas dos pesquisadores é encontrar novas possibilidades de tratamento para esta doença cujas dores são consideradas umas das piores,
comparável somente às dores do parto. E mais do que atuar no combate
aos sintomas, fazendo com que cálculos dissolvam, os estudos podem
ajudar a interromper a própria formação das pedras.
O último
artigo publicado pela equipe também mostrou um novo esquema de
classificação dos minerais, o que pode oferecer aos médicos uma nova
metodologia para identificar que tipo de cálculo está afetando os rins
dos pacientes.
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“Quando um cálculo passa pela etapa de dissolução,
ele não se dissolve completamente. Um cálculo cresce e então se dissolve
apenas parcialmente durante um desses ciclos. Ele parece um pequeno
queijo suíço. Você deixa para trás um pouco de massa mineral, que contém
cristais, orifícios, fraturas e falhas anteriores. Na próxima
sequência, ocorre mais crescimento mineral, dissolução, fraturamento e
falhas, e assim por diante”, afirmou Fouke.
De acordo com os acadêmicos, apesar das similaridades com as rochas do meio ambiente, os cálculos renais humanos
têm uma frequência de formação de camadas maior do que qualquer outro
mineral que está na natureza. O geobiólogo diz, inclusive, que a taxa de
formação das camadas cristalinas e orgânicas das pedras nos rins “é
muito maior do que qualquer coisa vista em sistemas naturais”.
E
diferentemente da natureza, os nossos rins conseguem se defender e
inibir a formação de cálculos. Os órgãos conseguem inclusive remover
naturalmente mais de 50% do volume da massa original dos cálculos
durante as etapas de dissolução.
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