By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: PARANA PORTAL – Imagem: Divulgação
A proposta de um imposto sobre transações digitais elaborada pelo
time do ministro Paulo Guedes (Economia) recebeu o aval do presidente
Jair Bolsonaro. Agora, o governo busca o apoio do centrão para
apresentá-la ao Congresso Nacional.
O novo tributo, nos moldes da antiga CPMF, pretende levantar R$ 120
bilhões por ano. Os recursos vão custear o programa de desoneração da
folha de pagamentos.
Pessoas que participaram das discussões na semana passada afirmam que
o presidente delegou ao deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do
governo na Câmara, a obtenção dos votos antes de a proposta ser
formalmente enviada.
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Nesta terça-feira (22), Barros marcou almoço em sua casa, em
Brasília. Lá marcaram presença Guedes e deputados do centrão –grupo
formado por partidos como PP, PSD e Republicanos– que estão aderindo à
base do governo.
Um dos temas discutidos foi a criação do tributo.
A ideia de Guedes é estabelecer alíquota de 0,2% sobre o valor de
qualquer transação digital. O montante arrecadado será usado para cobrir
a desoneração da folha para quem ganha até um salário mínimo (R$
1.045).
Acima desse patamar, haverá descontos. A contribuição previdenciária
paga pelas empresas para esses funcionários, que hoje é de 20%, passaria
a 10%. A diferença seria coberta pela receita gerada pelo novo tributo.
Também está na proposta a ampliação da isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física de R$ 1.900 para R$ 3.000.
No almoço, Guedes disse que enviará nos próximos dias o texto da proposta para os líderes da base do governo.
Dessa forma, eles podem dar início a um processo de convencimento com os demais deputados.
A ideia, ainda segundo assessores presidenciais, é que o governo, depois
disso, apresente oficialmente a proposta como contribuição à reforma
tributária, que tramita na Câmara via PEC (proposta de emenda
Constitucional). Outra versão diferente da reforma corre no Senado.
Outra opção é que o novo imposto seja encaminhado separadamente ao
Congresso. Assim, teria uma tramitação independente e paralela.
De qualquer forma, Barros recebeu da equipe política do Planalto
autorização para negociar uma validade de seis anos para a vigência do
imposto. Com prazo de validade, o governo diz acreditar que será
possível convencer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a
encampar a proposta.
Nos bastidores, Barros repete o que já se tornou um mantra no
Planalto: sem esse imposto, não será possível desonerar a folha de
pagamentos.
Barros tem também outro desafio. Para conseguir levar adiante a
proposta, terá de manter os vetos presidenciais à desoneração de 17
setores da economia que foram incluídos pelo Congresso na votação de uma
medida provisória.
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Maia já se posicionou contrariamente à criação de um imposto nos
moldes da extinta CPMF. No passado, a contribuição incidiu sobre
transações financeiras, com alíquota de 0,38%.
Se a articulação de Barros funcionar, o governo espera enviar a
proposta do novo tributo formalmente nas próximas duas semanas para que
seja possível incorporá-la ao relatório da reforma tributária, a cargo
do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
A expectativa do governo é que a votação da reforma ocorra até meados de outubro.
Isolado da discussão política com o Congresso, Guedes passou a ter papel
de esclarecedor da proposta. O ministro agora depende do núcleo
político do governo para que uma proposta impopular, como a criação de
um imposto semelhante à CPMF, tenha chance de avançar.
Na Câmara, Maia já anunciou que tratará da agenda econômica apenas
com o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). O deputado
rompeu publicamente com Guedes.
Maia é contra uma nova CPMF e não pretende pautar a proposta. Como
presidente da Câmara, ele poderia barrar a votação até o fim do mandato,
que se encerra no início de 2021.
No entanto, Barros afirmou para interlocutores que a equipe econômica
está concluindo um estudo “bastante amplo” para provar que “é mais
justo [o novo imposto] do que a tributação sobre a folha”.
Relatório eleva para R$ 861 bi estimativa de rombo em 2020
O Ministério da Economia estima que as contas federais vão encerrar 2020
com um rombo de R$ 861 bilhões, o pior resultado da série histórica. A
informação foi apresentada nesta terça (22) no relatório bimestral que
avalia arrecadação e gastos do governo.
O relatório anterior, divulgado em julho, estimava que o déficit
fiscal do governo central fecharia o ano em R$ 787 bilhões. No início
deste mês, no entanto, o governo já havia informado que o rombo seria
maior, de R$ 866 bilhões. Agora, essa projeção foi revisada para R$ 861
bilhões.
Em razão da conta da pandemia, o governo ampliou gastos e perdeu
receitas. Com a decretação de calamidade pública e a aprovação do
chamado Orçamento de guerra, porém, não há obrigação de cumprimento de
regras fiscais, como a meta de resultado primário.
Entre a avaliação de julho e a desta terça, o governo ampliou em R$
84 bilhões os gastos relacionados com a pandemia. O maior deles, de R$
67,6 bilhões, se destina ao pagamento das parcelas adicionais do auxílio
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