By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Um dos fornecedores que trabalharam na obra da casa de uma das filhas
do presidente Michel Temer (PMDB) disse que recebeu R$ 100 mil em
dinheiro vivo pelos serviços. A responsável pelo pagamento seria a
arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher e sócia do ex-coronel da Polícia
Militar João Baptista Lima Filho. Conhecido como Coronel Lima, ele foi
citado na delação da JBS como tendo recebido propina de R$ 1 milhão para
o presidente.
O imóvel investigado pela Polícia Federal (PF) é uma casa de alto
padrão no Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo. Em 2011, uma das
filhas do então vice-presidente Michel Temer, Maristela Temer, comprou o
imóvel de 350 metros quadrados. Em 2014, a casa passou por uma grande
reforma.
Nos últimos 10 dias, a produção do Jornal Nacional
foi atrás de fornecedores e profissionais que trabalharam na obra. Um
deles, que não quis gravar entrevista, disse que recebeu pelo serviço R$
100 mil em dinheiro vivo.
A responsável pelo pagamento foi a arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher e sócia do Coronel Lima. Amigo de Temer há mais de 30 anos, o coronel é investigado na Operação Patmos, que buscou provas sobre suposto pagamento de propina ao presidente da República.
O arquiteto Carlos Roberto Pinto foi o único que aceitou falar sobre a
reforma na casa da filha do presidente. Ele contou que recebeu R$ 10 mil
para dar entrada e cuidar da aprovação do projeto na Prefeitura. O
pagamento foi feito pela própria Maristela Temer, por transferência
bancária, em três vezes.
Ele acrescentou que foi contratado por uma antiga colega de trabalho: a
mulher do coronel. “Foi a Maria Rita Fratesi. Ela é arquiteta e a
Maristela era cliente dela para fazer essa obra”, disse.
O arquiteto disse que sempre procurava Rita para solicitar a
documentação necessária. “Ela era incumbida de fazer a aquisição tanto
da mão de obra como dos materiais.”, afirmou.
Maria Rita Fratezi e o Coronel Lima são sócios na PDA Projeto e Direção
Arquitetônica LTDA. A PDA está registrada num imóvel próximo à
Argeplan, a empresa de projetos de engenharia do Coronel Lima.
Argeplan
A produção do JN chamou, mas ninguém atendeu na PDA. A impressão é a de
que o único acesso ao imóvel é pela entrada da Argeplan. A Polícia Federal fez buscas na Argeplan no mês passado, durante a Operação Patmos, e apreendeu documentos e um recibo que tratavam da reforma na casa de Maristela Temer.
No apartamento do coronel, os investigadores encontraram um e-mail da
construtora que fez a obra endereçado a Maria Rita Fratezi. Nele, o
empreiteiro cobrava R$ 40 mil pela conclusão de uma etapa da obra. Não
se sabe se esse valor chegou a ser pago.
Uma reportagem do jornal “O Globo”,
na edição do dia 6 de junho, revelou que um serviço de marcenaria foi
pago pela Argeplan. Ao jornal, o empresário Marcos Lourenço, dono da
marcenaria, confirmou o pagamento.
Delações da JBS
O nome do Coronel Lima aparece nas delações da JBS. Em depoimento, o
executivo Ricardo Saud disse que mandou entregar uma propina de R$ 1
milhão, em dinheiro, para o coronel, a pedido de Michel Temer.
“O Temer me deu um papelzinho e falou: ‘Olha, Ricardo, tem 1 milhão que
eu quero que você entregue em dinheiro nesse endereço aqui’. Me deu o
endereço. Na porta do escritório dele, na calçada, só eu e ele na rua,
na Praça Panamericana. Eu peguei e mandei o Florisvaldo lá. Falei: ‘Vai
lá saber o que que é isso’”, disse Saud em sua delação. “E lá funciona
uma empresa que já foi investigada na Lava Jato, que é a tal de
Argeplan.”
Ricardo Saud também disse que confirmou com Temer que o dinheiro havia
sido entregue. “Eu confirmei depois ao presidente. Falei: ‘Ó,
presidente, fui lá, o cara é grosso, mas tá tudo certo’."
O procurador questionou se confirmou com Temer que o dinheiro foi
entregue. Saud respondeu: “Toda entrega de dinheiro comigo eu confirmei
com todos”.
Ricardo Saud também revelou que conversou com o ex-deputado Rodrigo
Rocha Loures sobre o Coronel Lima, quando eles acertavam quem seria a
pessoa que iria receber a mala com R$ 500 mil. “Eu autorizei o
Florisvaldo entregar um R$ 1 milhão a mando do Michel Temer para o
Coronel Lima lá, o cara que foi secretário de segurança de São Paulo, eu
entendi que era ele que ia continuar, né. Aí eu falei com ele: ‘Vamos
continuar onde eu já entreguei’. Mas aí ele disse: ‘Não, não... Lá os
canais estão congestionados’.”
Na tarde desta terça (13), a produção do Jornal Nacional foi à
Argeplan, mas o porteiro disse que tinha ninguém. A produção foi também à
casa de Maristela Temer, mas ninguém atendeu a campainha. Uma mulher
que trabalha na casa disse que ela não estava.
O Palácio do Planalto afirmou, em nota, que o presidente Michel Temer
não recebeu, direta ou indiretamente, recursos em dinheiro do grupo JBS
na eleição de 2014. O comunicado diz que toda contribuição da campanha
ao PMDB foi feita por transferência bancária e registrada no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). O palácio afirmou ainda que a reforma foi
feita com recursos próprios da proprietária da casa, Maristela Temer.
O Palácio do Planalto declarou que o coronel João Baptista Lima Filho
cuidava do gerenciamento das campanhas de Temer desde a década de 1980 e
que é natural que ele tivesse cópias de documentos das disputas
anteriores. E que jamais houve entrega de recursos ao coronel a pedido
de Temer.
O JN voltou a procurar o Coronel Lima e Maria Rita Fratezi por telefone, mas eles não retornaram.
A produção não conseguiu contato com a defesa de Rodrigo Rocha Loures.
A JBS afirmou que todos os atos cometidos no passado foram comunicados à
Procuradoria Geral da República e estão documentados nos autos da
delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal. A empresa
acrescenta que os executivos seguem à disposição e em colaboração com as
autoridades.
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