By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Cesar Soto (Isto É) – Imagem: Divulgação
O E-ELT – sigla em inglês para Telescópio Extremamente Grande – será um colosso de mais de 74 metros de altura – algo como um prédio de 20 andares – instalado no alto de uma montanha no meio do deserto do Atacama, no Chile. Com um diâmetro quatro vezes maior do que o mais potente telescópio em atividade hoje na Terra, o E-ELT terá a capacidade de captar imagens do centro de galáxias distantes mais de 300 milhões de anos-luz. Para se ter uma ideia do que isso significa, a Alpha Centauri, o sistema estelar mais próximo do Solar, está distante “apenas” 4,37 anos-luz do Sol. “Temos a expectativa de que seremos capazes de analisar corpos muito parecidos com a Terra”, afirma o professor de astronomia da USP Amâncio Friaça.
Essa incrível potência do E-ELT se explica
por uma nova tecnologia que permitirá a construção de sistemas de
espelhos de até 40 metros de diâmetro. Hoje o VLT citado por Friaça tem
apenas dez metros de diâmetro. O tamanho do espelho primário desses
sistemas de observação são essenciais na qualidade das imagens
detectadas. Quanto maior a distância de um objeto no espaço em relação à
Terra, menor é a quantidade de luz que chega ao planeta, já que os
raios luminosos tendem a se dissipar. Assim, uma grande superfície de
espelho consegue coletar quantidade maior de luz, o que aumenta a
definição da imagem quando ela é concentrada em um ponto.
De acordo com a astrofísica Beatriz Barbuy,
professora de astronomia da USP e membro da Academia Brasileira de
Ciências, o E-ELT conseguirá procurar planetas habitáveis em outras
galáxias. “A ideia é encontrar mundos próximos à Terra que sejam
similares. Até conseguiríamos achar corpos assim em outras galáxias, mas
eles não interessam, já que ficam muito longe. Levaríamos um tempo
grande demais para chegar”, explica Barbuy, que desenvolve um dos
instrumentos do projeto, responsável pela observação de aglomerados de
galáxias em expansão durante sua formação. “Só na nossa galáxia existem
100 bilhões de estrelas, muitas delas parecidas com o nosso Sol. A
probabilidade de haver planetas como o nosso por aqui são gigantescas.”
A adesão ao ESO custará ao Brasil cerca de
R$ 81 milhões por ano pela próxima década, mas o investimento vale a
pena. “A construção do E-ELT já está incluída no acordo. Não há nenhum
adicional. Estamos entrando em um consórcio que tem muitas outras
vantagens e estruturas e teremos poder de decisão”, diz o professor de
astronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Thiago
Gonçalves. Com isso, cientistas brasileiros terão acesso ao telescópio e
poderão, inclusive, propor projetos para serem desenvolvidos em
parceria com cientistas de outros países que compõem o consórcio.
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