By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Eliane Trindade (Folha de S. Paulo) – Imagem: Uol
"Ele não é um religioso, mas um criminoso. Veste-se de padre para praticar crimes há mais de 50 anos sem levantar suspeitas", diz o delegado. À frente da operação intitulada Silêncio dos Inocentes, desencadeada pela série de denúncias publicadas pela Folha, Santis ouviu oito vítimas do ex-padre, expulso da Igreja Católica em 2009 e que hoje dirige um mosteiro na cidade gaúcha.
Além dos depoimentos de Marcelo Ribeiro, 48, autor do livro "Sem Medo de Falar - Relato de uma Vítima de Pedofilia", e do violoncelista Alexandre Diel, 42, que vieram a público denunciar o religioso, o inquérito levantou outros casos, como o de um menor de 17 anos, que sofreu abuso aos 11 por dom Marcos. "Temos o caso também de uma vítima que relatou ter sido abusado em 1961, o que nos leva a crer que ele atua como pedófilo há mais de 50 anos impunemente", diz o delegado.
No momento da prisão, os policiais recolheram também um menor que chegava ao mosteiro para ter aulas de flauta. Acompanhado de uma psicólogo, ele será ouvido no inquérito.
Em entrevista à Folha, dom Marcos se declarou inocente e se disse vítima de perseguição. Sobre o fato de homens adultos acusá-lo publicamente de abuso, ele disse: "Isso é moda. Pedofilia dá status, eles estão querendo se equiparar à moda". E concluiu: "Pela quantidade de meninos que passaram pelas minhas mãos, uns 8.000, 10 mil meninos, acho que é muita pouca lambança isso aí. Tem um saldo muito bom. As denúncias é uma fichinha, em vista das coisas boas".
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