Tradição
As comunidades autênticas estão desaparecendo no estado. No começo da década de 90 havia 118 faxinais conhecidos. Um decreto paranaense de 1997 reconheceu os faxinais e a lei estadual de 2007 reforçou a existência do sistema como comunidades tradicionais e, portanto, passíveis de proteção.
Recentemente, o governo iniciou o cadastramento dos faxinais. O processo é antecedido de uma reunião pública para ouvir a opinião da comunidade. Hoje são 24 faxinais cadastrados no estado. No ano passado foram feitas duas reuniões na área rural de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e de Irati, no Centro-Sul. No início de abril, mais uma reunião foi promovida em Pinhão, também no Centro-Sul, para discutir o reconhecimento de três faxinais. A partir do cadastramento, o faxinal pode ser beneficiado pelo repasse do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) Ecológico e ainda é considerado Área Especial de Uso Regulamentado (Aresur). O processo é coordenado pelo IAP e a preocupação em proteger o sistema se justifica pelo ponto de vista ambiental. A engenheira agrônoma e chefe do Departamento Socioambiental do IAP, Margit Hauer, lembra que o faxinal preserva as araucárias e utiliza técnicas de agricultura tradicionais sem afetar o meio ambiente. Ela cita como exemplo a inexistência do confinamento de animais. “Os porcos são criados à solta e se alimentam dos frutos silvestres”, diz.
Envolvimento
Falta de planejamento e desarticulação afetam sustentabilidade
Para a presidente do Instituto Guardiões da Natureza – uma organização que trabalha com comunidades tradicionais – Vânia Mara Moreira dos Santos, é interessante que os faxinalenses sejam capacitados por políticas públicas para administrarem suas áreas. “Hoje temos o ICMS Ecológico, mas se os donos dessas propriedades e as prefeituras não souberem administrar o recurso, o dinheiro vai para ações mais emergenciais e não para planos de sustentabilidade do faxinal”, diz. Ela cita, por exemplo, o uso do recurso do ICMS Ecológico para a construção de cercas e melhorias de estradas. Para a pesquisadora pela Universidade Estadual de Ponta Grossa Cicilian Luiza Löwen Sahr, a desarticulação afeta a todos. “Há implicações econômicas, sociais, ambientais, políticas e culturais para os faxinalenses, que deixam de ter a relação que tinham com a terra, o que afeta sua concepção de mundo”, diz. Os reflexos, segundo ela, repercutem em questões ligadas à reforma agrária, à política ambiental e a conservação das comunidades.
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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Maria Gizele da Silva (Gazeta do Povo) – Imagem: Josué Teixeira (Gazeta do Povo)
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