By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O padre Júlio Lancellotti,
coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo,
quebrou a marretadas nesta terça-feira (2) os blocos de paralelepípedos
instalados pela gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) na parte inferior
de viadutos na Zona Leste da capital.
As pedras foram instaladas sob os viadutos Dom Luciano Mendes de
Almeida e Antônio de Paiva Monteiro, localizados na Avenida Salim Farah
Maluf, e começaram a ser retiradas pela própria Prefeitura
de São Paulo nesta manhã, após repercussão negativa do serviço. A
medida tinha recebido críticas por ser vista como higienista, uma forma
de retirar a população de rua do local.
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A Prefeitura de São Paulo alega que a decisão de instalar os
paralelepípedos foi tomada de forma isolada por um funcionário, que já
foi exonerado.
Nas redes sociais, o padre Júlio manifestou "indignação diante da
opressão", que considerou "inacreditável", com "marretada nas pedras da
injustiça". Ao G1, ele disse discordar da versão
alegada por funcionários da Prefeitura no local, que atribuíram a medida
ao descarte irregular de lixo.
"A instalação de pedras não impede o descarte de lixo. Se a intenção
fosse essa, que fizessem um Ecoponto então, e não deixar com esse
aspecto de campo de concentração de Auschwitz", apontou ele. "Olha essa
operação de guerra com 30 funcionários, dois tratores, cinco caminhões,
técnicos e supervisores para desfazer o erro que fizeram em uma cidade
cheia de problemas", disse o padre.
Funcionários do posto de gasolina vizinho disseram que os locais onde
as pedras foram instaladas realmente se tornaram ponto de descarte
irregular, mas acrescentaram que nos trechos cimentados havia grande
quantidade de moradores de rua.
"Deste lado, onde o piso era de terra e virava lama, havia muito
descarte irregular à noite; mas naquele outro trecho, cimentado, os
moradores de rua ficavam, sim, em grande número", disseram.
Mooca é 2º região com mais moradores de rua
Em 2019, a Prefeitura realizou o Censo da população em situação de rua.
O levantamento, além de apontar o número total de pessoas nessa
situação, tem como finalidade orientar a criação de políticas públicas.
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No levantamento foram identificadas 24.344 pessoas em situação de rua na cidade
de São Paulo, e percebeu-se que a Mooca era a segunda região da capital
com o maior número de moradores de rua e também a campeã de
acolhimentos.
O que diz a Prefeitura de São Paulo
O G1
perguntou para a gestão Bruno Covas qual pasta decidiu pelo serviço, se
houve acolhimento dos moradores de rua que ali viviam e o custo da
obra.
Em nota, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal das
Subprefeituras, informou que "a implantação de pedras sob viadutos foi
uma decisão isolada, que não faz parte da política de zeladoria da
gestão municipal, tanto é que foi imediatamente determinada a remoção".
A pasta acrescentou que um funcionário já foi exonerado do cargo e que
instaurou uma sindicância para apurar os fatos e o valor gasto no
serviço.
A Prefeitura também disse que a Secretaria Municipal de Assistência e
Desenvolvimento Social (SMADS), por meio do Serviço Especializado de
Abordagem Social (SEAS), realiza busca ativa para abordar pessoas em
situação de rua e oferecer acolhimento nos equipamentos da rede
socioassistencial.
O objetivo é oferecer orientações à saúde, para retirada de
documentação, obtenção de benefícios dos programas de transferência de
renda e encaminhamento para Centros de Acolhida.
Os viadutos Antônio de Paiva Monteiro e Dom Luciano Mendes de Almeida,
de acordo com a Prefeitura, recebem o monitoramento diário do SEAS
Mooca.
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