By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Uma testemunha do incêndio que matou três irmãos nesta quarta-feira (17)
em Poá disse à Polícia Civil ter ouvido gritos de socorro. De acordo
com o delegado Eliardo Jordão, a vizinha contou ter ouvido pedidos de
ajuda, inclusive de uma criança, que teria gritado: "Pai, não deixa eu
morrer aqui".
O incêndio aconteceu na casa em que os três irmãos moravam com um dos
pais. Gabriel Reis de Faria e Vieira, de 9 anos; Fernanda Verônica Reis
de Faria e Vieira, de 14 anos, e Lorenzo Reis de Faria e Vieira, de 2
anos, foram adotados por um casal homoafetivo que se separou
recentemente.
Os corpos dos irmãos foram enterrados no Cemitério Municipal de Poá na manhã desta quinta-feira (18). Amigos e familiares, muito abalados, acompanharam e puderam se despedir em um velório simbólico.
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O pai que estava no imóvel, Ricardo Reis de Faria e Vieira, foi preso temporariamente
por causa das contradições em seu depoimento. De acordo com a polícia,
uma dessas contradições está no fato dele ter dito que acordou com o
cheiro de fumaça e não com os gritos.
Em nota, a defesa do pai informou que a prisão temporária foi precipitada e que está tomando providências para revertê-la.
Vieira compartilhava a guarda dos filhos com o ex-companheiro com quem viveu por quase 15 anos. Os filhos foram adotados pelos dois em 2014 e em 2019.
Quarto trancado e contradições no depoimento
Para a polícia, o mais provável é que o incêndio tenha começado no
quarto onde as crianças dormiam. "Quando cheguei juntamente com a
equipe, a casa toda [estava] incendiada. Realmente uma imagem muito
forte, principalmente quando a gente ingressou no quarto dessas crianças
onde os três estavam mortos naquele quarto. Aquela imagem que eu não
queria ter presenciado, infelizmente aconteceu. Uma situação absurda",
contou o delegado.
Segundo o delegado, o pedido de prisão temporária foi feito para
viabilizar as investigações. "Só esclarecer aqui a prisão temporária não
aponta, não acusa ninguém. É uma prisão processual, um instrumento
jurídico para viabilizar a continuidade das investigações. Este foi o
motivo em razão de algumas contradições que nós constatamos ao longo do
dia", afirmou Jordão.
Entre as respostas que a polícia procura está o motivo para o quarto
das crianças, que tinha grade nas janelas, estar trancado.
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"O bebê não era comum dormir nesse quarto. São algumas versões,
contradições que ao longo do dia estamos checando. O quarto estava
trancado, outro fato que temos que esclarecer, quem trancou e por que
estava trancado?", pontuou Jordão.
Outra contradição é que Ricardo afirmou em depoimento ter ido até a
janela, pelo lado de fora, após ter percebido o incêndio, mas que os
filhos não estavam no quarto. Mas no momento do incêndio, ele foi até a
delegacia, que fica a poucos metros da casa, pedir ajuda para arrombar a
porta e dizendo que os filhos estavam lá.
"Ele veio pedir socorro na delegacia, porque as crianças estavam
trancadas lá e ele não conseguia arrombar a porta. O policial civil foi
até a casa e arrombou a porta. Em razão das chamas, não conseguiu
avançar até o quarto, ingressar no quarto", disse o delegado.
Durante a tarde, a Polícia Científica e a Defesa Civil estiveram no
local. Oito testemunhas foram ouvidas até o momento entre familiares,
vizinhos e policiais que atenderam a ocorrência. Ainda não se sabe a
causa do incêndio. No final da tarde de quarta foi encontrado um celular
no cômodo, que foi apreendido.
Comoção
O outro pai, Leandro José Reis de Farias e Vieira, que mora em Mogi das
Cruzes, chegou ao local pela manhã e ficou desolado com o que
encontrou. Familiares diziam que as crianças eram muito amadas pelos
dois pais.
Segundo Maria de Lourdes Reis, tia das crianças, eles recebiam muito carinho dos pais.
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"Eles dois amavam as crianças. As crianças eram tudo pra eles. A gente não sabe o que aconteceu", disse Lourdes.
Gabriel e Fernanda foram adotados em 2014 pelo ex-casal Ricardo e Leandro. Em 2019, eles também adotaram um bebê.
O delegado também ouviu informações positivas sobre a relação dos dois
com os filhos. "Sempre foram exemplo de família. As crianças, educação
ímpar. Sempre bem tratadas, criadas. Essas informações que a gente tem,
não [são] só de hoje. Os relatos são os melhores possíveis".
Em 2019, a família chegou a dar entrevista à TV Diário para falar da adoção de crianças por casais homoafetivos. Na
época, a filha mais velha expressou sua felicidade com os pais. "Não
tem família certa ou errada. O importante é o amor", disse a menina.
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