By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O presidente Jair Bolsonaro entregou nesta quarta-feira (24) ao
Congresso Nacional o projeto de lei que abre caminho para a privatização
dos Correios.
Bolsonaro foi ao prédio do Legislativo federal pela segunda vez em dois
dias, acompanhado dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Fábio Faria
(Comunicações). Na terça, o presidente entregou aos parlamentares uma medida provisória que busca acelerar o processo de privatização da Eletrobras (veja abaixo).
Segundo material divulgado pelo governo, o texto prevê a transformação dos Correios, hoje 100% estatais, em uma sociedade de economia mista.
"A premissa central do texto é permitir que os serviços postais,
inclusive aqueles que atualmente são prestados pela Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos (ECT) em regime de monopólio, possam ser
explorados pela iniciativa privada.
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Do ponto de vista concorrencial, o
texto representa um avanço, visto que elimina restrições à entrada de
novas empresas, ampliando a capacidade de competição", diz material
divulgado pela Secretaria-Geral da Presidência da República.
Os projetos são vistos como uma forma de mostrar apoio à agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, após as turbulências ocorridas com a troca do comando da Petrobras.
Por ser de autoria do Executivo, a proposta precisa ser iniciada pela
Câmara. Se o texto for aprovado, segue para a análise dos senadores.
O governo afirma que, enquanto o texto tramita no Congresso, fará
estudos para encontrar a melhor forma de privatizar a empresa: venda
direta, venda do controle majoritário ou abertura no mercado de ações,
por exemplo. A proposta escolhida ainda precisará do aval do Tribunal de
Contas da União (TCU).
A Secretaria-Geral afirmou ainda que o projeto "não significa, por si
só, qualquer decisão pela extinção dos Correios ou sequer por eventual
desestatização dos serviços postais.
"O objetivo é permitir que o mercado seja explorado pela Administração
Pública indireta (tal como realizado atualmente), mas com a
possibilidade de exploração também pela iniciativa privada. Isso poderá
se dar por diversas formas, tais como concessões, cadastros ou
parcerias, que serão futuramente avaliadas. O modelo final a ser adotado
para o setor ainda depende de estudos econômicos e setoriais", diz o
texto de divulgação.
Nova agência reguladora
Em outubro do ano passado, o Ministério das Comunicações informou que uma das mudanças do projeto seria a criação de uma nova agência, a Anacom (Agência Nacional de Comunicações), para substituir a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
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O projeto também prevê "a obrigatoriedade, por parte da União, de
garantia da prestação do Serviço Postal Universal por meio de empresa
estatal", mas "permite que os serviços prestados no âmbito do Sistema
Nacional de Serviços Postais sejam explorados em regime privado."
Privatização prioritária
A privatização dos Correios é uma das prioridades do Ministério da Economia.
A estatal acumulou prejuízo de R$ 3,943 bilhões entre 2013 e 2016, mas
desde 2017 vem registrando resultados positivos nos balanços anuais.
Resultados financeiros dos Correios (anos de prejuízo grifados):
- 2010: R$ 826,947 milhões
- 2011: R$ 882,747 milhões
- 2012: R$ 1,044 bilhão
- 2013: - R$ 312,511 milhões
- 2014: - R$ 20,309 milhões
- 2015: - R$ 2,121 bilhões
- 2016: - R$ 1,489 bilhão
- 2017: R$ 667,308 milhões
- 2018: R$ 161,049 milhões
- 2019: R$ 102,121 milhões
MP da Eletrobras
Na terça (23), o governo federal entregou ao Congresso Nacional uma
medida provisória (MP) que busca acelerar a privatização da Eletrobras. O
texto prevê que o governo mantenha poder de veto sobre decisões da
estatal por meio de ações preferenciais (golden shares).
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Na última semana, Bolsonaro causou quedas expressivas nas ações da Petrobras e da Eletrobras ao sugerir e anunciar interferências no comando das duas estatais. No caso da Eletrobras, Bolsonaro disse que o governo ia "meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também", sem esclarecer o que faria.
O documento foi entregue aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco
(DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Lira afirmou
que pretende pautar o texto no plenário da Câmara já na próxima semana.
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