By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Novos áudios mostram uma conversa entre o padre Robson
de Oliveira e dois advogados sobre o suposto pagamento de propina no
valor de R$ 1,5 milhão a desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás
para receber uma decisão favorável em um processo envolvendo uma
fazenda comprada pela Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe),
quando o sacerdote a presidia. Os envolvidos se mostram preocupados em
repassar o dinheiro aos magistrados para evitar “fechar uma porta”.
As gravações foram encontradas durante a investigação que apurou
suposto desvio de dinheiro doado por fiéis à Afipe, associação
responsável pela Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade,
a 55 km de Goiânia. A conversa foi gravada pelo próprio padre Robson e
tem quase 1h30 de duração. A data em que ela foi feita não foi
divulgada.
Continua depois da publicidade
Em nota, a Presidência do Tribunal de Justiça de Goiás afirmou que
desconhece os fatos narrados na reportagem. “Não foram utilizados os
meios próprios para trazer ao Poder Judiciário informações ou indícios
de eventual conduta inadequada de magistrados para regular apuração. Não
se pode presumir a ocorrência de irregularidades no julgamento de
processos a partir de conversa mantida entre advogado e cliente”, diz o
comunicado.
A defesa de padre Robson afirma que o material original e verdadeiro
não foi exibido, pois não pode ser divulgado, já que é mantido em
segredo de Justiça. “As suposições são construções fantasiosas para
tentar constranger pessoas, já que não se sustentam juridicamente nem
sequer foram judicializadas nem representam qualquer ato ilegal”, diz o
comunicado.
A Afipe informou, em nota, que "desconhecia os fatos", reafirma que "o
ex-presidente não tem contato com a nova diretoria e que o novo reitor
do Santuário de Trindade, desde setembro de 2020, é o padre João Paulo
Santos de Souza".
O G1
não conseguiu contato com os outros citados até a última atualização
dessa reportagem, nesta terça-feira (23). Ao Fantástico, que obteve as
gravações com exclusividade, o advogado Cláudio Pinho afirmou que o
suborno nunca aconteceu e que o áudio investigado é possivelmente uma
montagem.
Segundo os investigadores, todas as gravações passaram por perícia
técnica, que comprovou serem mesmo do padre. Os áudios estavam em HDs,
computadores e no celular do padre - material que foi apreendido durante
a Operação Vendilhões, do Ministério Público, em agosto do ano passado.
O religioso segue afastado das funções na igreja. O processo que investigava padre Robson e o desvio da Afipe foi interrompido por decisão judicial, mas o Ministério Público recorreu ao Superior Tribunal de Justiça.
Suposta propina
Por um erro na hora de descrever o tamanho de uma fazenda, falha que
não é detalhada durante a conversa, o padre perdeu um processo em
primeira instância e precisou pagar R$ 15 milhões ao antigo dono. A
defesa, então, decide recorrer. Mas antes, eles queriam garantir a
vitória.
Continua depois da publicidade
Assim, segundo a investigação, o padre concorda com a proposta dos
advogados de pagar propina para a sentença ser favorável a eles. É o que
eles chamam de “apoio”.
“Eu preciso ter elemento de negociação para eu, eventualmente,
subcontratar apoios no Tribunal de Justiça. É assim que funciona,
eventualmente você tem que conversar com um desembargador, identificar
quais são os sub-apoios, e isso eles olham muito, o tipo de contratação
que você tem”, disse Cláudio Pinho.
O advogado e o diretor jurídico da Afipe explicam como foi feito o
processo, dependendo do resultado obtido. “A gente apalavrou que
colocaríamos R$ 1,5 milhão, tá? E pagos na decisão da segunda instância
de duas formas: se a gente ganhasse tudo, anulasse tudo, isso em julho
de 2019, pagava R$ 1,5 milhão. Se a gente anulasse a sentença e voltasse
para que o julgamento fosse com todos os outros processos, pagava R$
250 mil, só”, diz Cláudio.
Na conversa, eles contam que ganharam o recurso e não foi mais preciso
pagar os R$ 15 milhões. Porém, Cláudio diz que está sendo cobrado
semanalmente e precisa receber o valor combinado com o padre.
Anderson interrompe a conversa e é direto com o religioso: “Vamos ser bem mais claros, ele está dizendo que, para ganhar lá, no tribunal, ele comprou pessoas”.
Cláudio, então, diz que metade do valor, R$ 750 mil, já foi comprometido
e precisa receber a outra metade. “A Afipe, hoje no Tribunal de
Justiça, ela negociou e abriu uma porta vitoriosa".
"Só para o senhor ter noção, dos três desembargadores, R$ 500 [mil] para
um e o resto é dividido para dois. Para os outros dois, entendeu?
Então, a gente não pode deixar fechar essa porta de jeito nenhum”,
explicou.
Continua depois da publicidade
Porém, ainda durante a reunião, Robson diz que está sem dinheiro para
pagar o valor combinado. Para conseguir fazer o repasse, disse que parou a obra da nova Basílica de Trindade.
“Eu só estou dando graças a Deus de eu ter parado a minha obra, porque
senão eu não estava nem… É para o desembargador, Cláudio?”, perguntou,
se referindo ao pagamento.
O advogado responde: “Já foi para o STJ, eles não vão ficar sem receber, eles não vão ficar sem receber”.
Gravações
Em outro áudio, o padre diz a um advogado que a morte de Anderson Fernandes, um dos envolvidos no esquema de suborno, seria uma “bênção”.
"Se você pudesse matar ele para mim, eu achava uma bênção. Acaba com
esse cara, bicho. Isso aí só vai atrapalhar nossa vida. Para mim, até
hoje, foi um atraso", disse Robson.
Em nota enviada ao Fantástico, Anderson afirma que o episódio em que o
padre disse que queria matá-lo era claramente uma brincadeira. Ele disse
que Robson falava isso brincando com frequência, inclusive na frente
dele. Anderson alega ainda que a gravação é claramente uma montagem e
que está sendo utilizada de forma descontextualizada e errônea.
Investigação
Padre Robson era investigado na Operação Vendilhões,
que cumpriu mandados de busca e apreensão em agosto de 2020, para
apurar crimes como lavagem de dinheiro, apropriação indébita e falsidade
ideológica nas "Afipes", associações criadas por padre Robson e que
movimentaram em torno de R$ 2 bilhões em dez anos.
Continua depois da publicidade
Em dezembro de 2020, padre Robson e outras 17 pessoas foram denunciadas
por organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e
lavagem de dinheiro. Porém, o processo foi bloqueado pela Justiça.
MATÉRIAS RELACIONADAS:
CURTA AQUI NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK
OS COMENTÁRIOS NÃO SÃO DE RESPONSABILIDADES DO INTERVALO DA NOTICIAS. OS COMENTÁRIOS IRÃO PARA ANALISE E SÓ SERÃO PUBLICADOS SE TIVEREM OS NOMES COMPLETOS.
FOTOS PODERÃO SER USADAS MEDIANTE AUTORIZAÇÃO OU CITAR A FONTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.