By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Antonio Cruz (Agência Brasil)
O ministro da Educação, Abraham Weintraub,
anunciou o envio de um ofício, a todas as
escolas públicas do país, com orientações visando “à melhora do ambiente
escolar”. A lista inclui cuidados com o que o governo chama de
“doutrinação” e “exposição à propaganda político-partidária”.
O ofício divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), ao qual o G1
teve acesso, foi enviado aos secretários estaduais e municipais de
educação, além das associações de ambas as categorias – Consed e Undime,
respectivamente (Leia na íntegra mais abaixo) .
Os 5 pontos principais do ofício
- O aluno tem direito de não sofrer intimidação sistemática (bullying)
- O ensino deve ser livre com pluralismo de idéias e a tolerância de opiniões
- O aluno não pode ser diferenciado por sua história, identidade, crenças e convicções
- É assegurado, em ambiente escolar e de ensino, o respeito à diversidade religiosa
- As crenças e convicções, desde que não incitem à violência, devem ser respeitadas pela comunidade escolar, sem constrangimento, ameaça ou violação
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“Estamos pedindo para cada secretaria, para as comunidades buscarem o
bom senso. A gente não quer cercear o direito de ninguém. A gente quer
reforçar o direito de todos, principalmente das crianças, a terem um
ambiente sadio, evitando bullying, um ambiente que gere automutilação e
até mesmo suicídio”, declarou Weintraub.
'Escola de Todos'
O MEC não apresentou dados estatísticos sobre a recorrência desse
fenômeno. Segundo o ministério, até o momento, não há previsão de
cartilha com o detalhamento do que, no futuro, poderá ser enquadrado
como “doutrinação” em sala.
O projeto foi batizado “Escola de Todos”. Questionado por três vezes
sobre a relação da iniciativa com o Escola sem Partido, Weintraub negou a
associação.
“É uma escola de todos, plural, que visa a trazer o ambiente de paz, e
não o ambiente de cerceamento, de vigilância. A gente está tentando
buscar o meio termo, o que os americanos chamariam de common ground.”
Apesar de estabelecer as diretrizes para um ensino mais "harmonioso", o
MEC não pretende criar nenhum tipo específico de fiscalização ou
avaliação das condutas de professores e alunos em sala de aula. A ideia é
que os excessos sejam comunicados às redes municipais e estaduais, ou à
ouvidoria que o ministério já disponibiliza por telefone e pela
internet. O ministro não tratou de eventuais punições.
Segundo ofício
Esse é o segundo ofício do MEC neste ano que dá recomendações à comunidade escolar sobre como atuar.
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Em fevereiro, durante a gestão de Ricardo Vélez Rodríguez, o ministério enviou um e-mail para as escolas do país pedindo a leitura de uma carta do ministro da Educação,
e orientando que, depois de lido o texto, os responsáveis pelas escolas
executassem o Hino Nacional e filmassem as crianças durante o ato.
O pedido foi alvo de críticas de educadores e juristas e Vélez chegou a
ser investigado por improbidade administrativa pelo Ministério Público
Federal (MPF).
Consenso ou pluralidade
Ao responder, o ministro citou apenas o primeiro ponto, que para ele é
dispensável. “Criacionismo, não precisa. É uma questão de fé. (...) Eu
até sou contra falar do design inteligente, acho melhor ficar na teoria
original”, disse.
O “design inteligente” citado por Weintraub é uma hipótese minoritária,
que refuta a seleção natural de Charles Darwin e sugere a existência de
uma inteligência superior que orienta a evolução biológica. O MEC e a
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) são contrários
ao ensino dessa tese e do criacionismo nas aulas de ciências e biologia.
Weintraub não respondeu sobre as “teorias alternativas” a respeito do
nazismo e da ditadura militar, que ganharam eco nos últimos anos a
partir de iniciativas como o Escola sem Partido. Em vez disso, o
ministro citou a necessidade de falar sobre economistas de diferentes
escolas.
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“Eu sou professor. E já tive professores de todos os matizes que você
pode imaginar. Vamos pegar só uma questão teórica. Você tem Hayek
[economista austríaco, defensor do Estado mínimo] e Keynes [economista
britânico, defensor do amplo investimento público]. A postura honesta é,
antes de ensinar os dois, dizer: ‘olha, eu me identificou mais com esse
aqui. O outro tem vários seguidos, mas vocês têm que se lembrar que eu
tenho um viés’.”
Ainda de acordo com Weintraub, o ofício enviado às redes públicas
servirá para “lembrar aos pais e às associações de pais que eles é que
têm que lutar e prezar por um ambiente salutar para os filhos”.
“A lei já determina que o ambiente seja sadio, amistoso, de não
doutrinação, plural. E acompanhar, dia a dia, o que o professor vai
ensinando. Se o professor fala só uma ponta, só uma ponta, só uma ponta,
de repente uma conversa [...] resolve.”
Veja aqui a reprodução do ofício do MEC.
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