By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Luis Macedo (Câmara)
A Câmara
aprovou na tarde desta quarta-feira (10) em primeiro turno, por 379
votos a 131, o texto-base da proposta de emenda à Constituição (PEC) de reforma da Previdência, que altera as regras de aposentadoria.
Para concluir a votação, os parlamentares ainda precisam analisar
emendas e destaques apresentados pelos partidos para tentar alterar
pontos específicos do texto-base.
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Antes de conseguir aprovar o texto-base, os deputados favoráveis à
reforma tiveram que analisar no plenário requerimentos regimentais de
obstrução apresentados pelos partidos contrários às mudanças nas regras
previdenciárias.
O objetivo dos oposicionistas com o uso do chamado "kit obstrução" era
atrasar o máximo possível a votação. Porém, todos os requerimentos de
obstrução foram rejeitados pela maioria dos deputados ao longo desta
quarta-feira.
Por um placar de 334 votos a 29, os defensores da reforma derrubaram um
pedido do PSOL que solicitava a retirada de pauta da proposta. Com a
rejeição, ficaram prejudicados outros requerimentos que pediam o
adiamento da votação.
A oposição fez outra tentativa para atrasar os trabalhos ao pedir que o
texto fosse analisado de forma fatiada, votando cada artigo
separadamente.
Para contornar a situação, deputados favoráveis à PEC da Previdência
usaram uma manobra regimental e apresentaram seis requerimentos que
tratavam de procedimentos de votação.
Nessa situação, quando há mais de cinco pedidos no mesmo sentido, o
regimento interno da Câmara determina que o presidente da Casa consulte o
plenário sobre o procedimento em uma única votação. O plenário acabou
rejeitando a votação parcelada por 299 votos a 43, e duas abstenções.
Em seguida, os parlamentares derrubaram em bloco a admissibilidade dos
destaques simples, que são as sugestões apresentadas por deputados
individualmente. Assim, eles partiram diretamente para a análise dos
destaques de bancada.
Embates no plenário
Durante a sessão, parlamentares pró-reforma e oposicionistas travaram
uma série de embates sobre as mudanças nas regras previdenciárias.
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Parlamentares da oposição afirmaram que a economia prevista com a reforma é injusta e feita em cima dos que ganham menos.
Eles também criticaram a liberação de emendas parlamentares por parte
do governo, dizendo que isso faz parte da negociação de votos a favor
das mudanças nas regras previdenciárias.
“O governo teve seis meses para tentar convencer o Congresso, o povo
brasileiro de que essa reforma combateria privilégios e seria boa para a
economia, mas só conseguiu convencer parte dos parlamentares liberando
R$ 40 milhões extras em emendas para acabar com a vida do povo
trabalhador”, disse deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
Parlamentares pró-reforma, por outro lado, repetiram que o texto
combate privilégios e que é necessário para cobrir o rombo da
Previdência. Eles também refutaram as falas de que a liberação de
emendas foi feita em troca de votos.
“Estão aqui parlamentares pensando no Brasil e nas próximas gerações,
em detrimento de uma minoria que será derrotada, que só pensa no
populismo, em se dar bem, em manter privilégios para corporações e nas
eleições do ano que vem”, disse o líder do Cidadania, Daniel Coelho
(PE).
“Por que esta reforma vai passar hoje? A esquerda diz que é porque o
governo comprou a todos nós. [...]. O governo Bolsonaro acelerou o
pagamento de emendas de parlamentares ao orçamento da União nos últimos
meses. Em maio, foram quase R$ 600 milhões. O partido que mais se
beneficiou não foi o PSL. Foi o PT. A bancada do PT foi a que mais
recebeu recursos. Sabe quanto? 69 milhões. Será que Bolsonaro está
querendo comprar o PT? Não. Porque Bolsonaro não compra ninguém, e muito
menos compraria quem quebrou esta nação, quem quebrou o Brasil”, disse o
líder do PSC, Otoni de Paula (RJ).
Cartazes e bandeiras
Além dos embates verbais, os parlamentares protagonizaram um confronto visual no plenário, com cartazes, camisas e bandeiras.
Deputados do PDT, por exemplo, subiram à tribuna com cartazes com os
dizeres: “Eu não voto contra professoras(es)”. Integrantes do PCdoB
usaram camisas com a inscrição: “Não à reforma”; e cartazes com a frase
“Reforma injusta”. Parlamentares do PT, do PSOL e do PSB utilizaram
recursos visuais semelhantes.
Lágrimas de Maia
Em um momento da sessão, antes da votação do texto-base, o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chorou. O deputado foi às lágrimas
quando o líder do PSL, delegado Waldir (GO), pediu aos apoiadores da
reforma uma salva de palmas a Maia por seu empenho e condução na análise
da PEC.
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Vários deputados presentes ao plenário atenderam ao pedido e prestaram a homenagem ao deputado do DEM.
Antes do anúncio do resultado, Rodrigo Maia deixou a mesa e foi à tribuna para discursar. Ele fez a defesa da reforma.
"Nosso sistema previdenciário coloca o Brasil numa realidade muito
dura. Para cada um idoso abaixo da linha de pobreza, nós temos cinco
crianças, e essas reformas vêm no intuito de reduzir as desigualdades e
esse, eu tenho certeza, que é o objetivo de todos os deputados presentes
que votaram a favor e os que votaram contra", declarou.
Emendas e destaques
Entre as emendas que serão apreciadas pelos deputados há uma que flexibiliza as regras de aposentadoria para uma série de carreiras policiais. A emenda, que obteve o apoio do PSL – partido do presidente Jair Bolsonaro – foi apresentada pela bancada do Podemos.
A proposta que será analisada pela Câmara – que atende a pedido do
próprio presidente da República – cria uma nova regra para a
aposentadoria de policiais federais, rodoviários federais, ferroviários
federais, legislativos e policiais civis do Distrito Federal, além de
agentes penitenciários e socioeducativos.
Há também na lista de destaques uma proposta apoiada pela bancada
feminina da Câmara que pede alterações no cálculo do valor da
aposentadoria das trabalhadoras do sexo feminino. O texto prevê que as
mulheres possam se aposentar com 15 anos de contribuição recebendo 60%
do valor do benefício integral.
Outro destaque que será apreciado pelo plenário, de autoria da bancada
do PL, propõe critérios diferentes dos que o governo sugeriu para a
concessão de aposentadoria para professores que atuem no ensino público
da União, dos estados e dos municípios.
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Tramitação
Por se tratar de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), é
necessário que o texto da reforma da Previdência seja aprovado, em dois
turnos, na Câmara e no Senado com votação qualificada, ou seja, com os
votos de, pelo menos, 60% dos parlamentares de cada uma das casas
legislativas. A expectativa é de que a votação em segundo turno ocorra
ainda nesta semana.
Na Câmara, para o texto ir adiante, era preciso que, no mínimo, 308 dos
513 deputados votassem a favor da PEC. Ao final da análise dos
destaques, a Casa terá que analisar novamente o texto, para que, enfim,
possa ser submetido à apreciação dos senadores.
O Senado começará a analisar a reforma previdenciária no retorno do recesso parlamentar de julho, que terá início no dia 18.
A proposta
Considerada uma das principais apostas da equipe econômica para sanar
as contas públicas, a proposta de reforma da Previdência estabelece,
entre outros pontos, a imposição de uma idade mínima para os
trabalhadores se aposentarem: 65 anos para homens; 62 anos para mulheres
O tempo mínimo de contribuição previdenciária, pela proposta, passará a
ser de 15 anos para as mulheres e 20 anos para os homens.
Manifestantes
Enquanto os deputados discutiam na tarde desta quarta a proposta de
reforma da Previdência, um grupo de manifestantes protestava contra a
PEC do lado de fora do prédio do Legislativo. Segundo a Polícia Militar
do Distrito Federal, 300 pessoas participaram do protesto.
Logo no início da manifestação, foi registrado um princípio de tumulto,
que foi contido por policiais legislativos. Após o incidente, policiais
militares e legislativos bloquearam o acesso ao Anexo II da Câmara, uma
das principais portas de entrada do prédio da Casa.
Com as portas cerradas, PMs formaram uma barreira humana na entrada do
prédio. A confusão aumentou quando policiais legislativos usaram spray
de pimenta para conter o grupo que protestava contra a reforma
previdenciária.
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