By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Três dias após divulgar trechos de mensagens atribuídas a procuradores da Lava Jato e ao ministro Sérgio Moro,
o site The Intercept divulgou nesta quarta-feira (12) em redes sociais
um novo trecho. Segundo o site, em mensagem do dia 22 de abril de 2016, o
coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol,
relatou a Moro que teve uma conversa naquele dia com o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na conversa, segundo o relato divulgado pelo site, Dallagnol diz que
Fux declarou apoiou a Moro – que, à época, era o juiz responsável pelos
processos da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná – em uma "queda de
braço" com o então ministro do Supremo Teori Zavascki, morto em janeiro
de 2017 em um acidente aéreo. Na ocasião, Teori era o relator da Lava
Jato no STF.
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Em resposta a Dallagnol, Moro diz: "In Fux we trust" ("Confiamos em
Fux", provavelmente em referência ao lema nacional dos Estados Unidos,
"In God we trust").
Em uma rede social, o The Intercept afirmou que as supostas mensagens
foram enviadas pelo coordenador da força-tarefa da Lava Jato a um grupo
do qual faziam parte outros procuradores da República e posteriormente
foram encaminhadas pelo próprio Dallagnol para o celular de Moro.
O diálogo divulgado é:
"Mensagem de 22 de abril de 2016
13:04:13 Deltan - Caros, conversei com o Fux mais uma vez hoje
13:04:13 Deltan
- Reservado, é claro. O Min Fux disse quase espontaneamente que Teori
fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da
resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o
que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me
pra ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância
de nos protegermos como instituições
13:04:13 Deltan - Em especial no novo governo
13:06:55 Moro - Excelente. In Fux we trust
13:13:48 Deltan - Kkk"
Ao falar em novo governo, Deltan se refere ao fato de que a então
presidente Dilma Rousseff poderia ser afastada do Palácio do Planalto
por um processo de impeachment, o que acabou ocorrendo em 12 de maio.
Exatamente um mês antes do suposto diálogo, em 22 de março de 2016, Teori Zavascki havia determinado que Moro enviasse ao STF as investigações da Operação Lava Jato que envolviam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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O então ministro do Supremo tomou a decisão depois que Moro autorizou a
divulgação de conversas telefônicas interceptadas, por ordem judicial,
entre Lula e a então presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, o governo
federal apontou ao tribunal ilegalidade na divulgação das escutas feitas
pela Polícia Federal envolvendo a presidente da República, que ainda
tinha foro privilegiado no STF.
No mesmo despacho, Teori criticou a decisão do então juiz federal,
afirmando que, na avaliação dele, eram relevantes os fundamentos que
classificavam de ilegítima a decisão de Moro, na medida em que ele não
tinha competência para tomar uma decisão envolvendo autoridades com
prerrogativa de foro, como a presidente da República.
Uma semana depois, Sérgio Moro enviou ofício ao Supremo pedindo "respeitosas escusas" à Corte
pelas consequências da retirada do sigilo das escutas telefônicas
envolvendo Lula e autoridades, incluindo Dilma. No ofício, o então
magistrado afirmou que a decisão foi tomada com base na Constituição e
que os diálogos revelaram uma tentativa de obstruir a Justiça.
Esse ofício é a resposta que supostamente Fux elogiou na conversa com o coordenador da força-tarefa da Lava Jato.
Fux, Moro e MPF
Procuradas, as assessorias de Fux, Moro e do Ministério Público Federal disseram que não comentariam o caso.
Caso das mensagens sobre a Lava Jato
Isso demonstraria, segundo o Intercept, um viés partidário nas ações
contra o ex-presidente Lula, cuja eleição, diz o site, os procuradores
queriam evitar
No último domingo (9), o site The Intercept divulgou trechos de mensagens atribuídas a procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e a Moro extraídas do aplicativo Telegram.
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Os alvos dessas conversas denunciaram recentemente que tiveram seus celulares hackeados ilegalmente, o que é crime.
O Intercept, no entanto, disse que obteve os diálogos antes dessa
invasão. Segundo o site, as informações foram obtidas de uma fonte
anônima. O site diz que procuradores, entre eles Deltan Dallagnol,
trocaram mensagens com Moro sobre alguns assuntos investigados.
De acordo com o The Intercept, o então juiz federal orientou ações e
cobrou novas operações dos procuradores. Em um dos diálogos, Moro
pergunta a Dallagnol, segundo o site: "Não é muito tempo sem operação?".
O chefe da força-tarefa concorda: "É, sim".
Em uma outra conversa, o site diz que é Dallagnol que pede a Moro para
decidir rapidamente sobre um pedido de prisão: "Seria possível apreciar
hoje?". E Moro responde: "Não creio que conseguiria ver hoje. Mas pensem
bem se é uma boa ideia".
Nove minutos depois, Moro, segundo o Intercept, adverte a Dallagnol: "Teriam que ser fatos graves".
O site também disse que os procuradores da Lava Jato, em conversas no
Telegram, trocaram mensagens expressando indignação quando o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi autorizado pelo ministro
Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), a dar uma
entrevista à "Folha de S.Paulo".
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