sábado, 4 de maio de 2019

Mãe vai à polícia após filho autista voltar de escola com fratura no cotovelo


By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação


A mãe do pequeno Eduardo Lopes, de 5 anos, Simone Lopes, procurou uma delegacia em Rio Branco, no dia 29 de abril, para fazer um boletim de ocorrência após o filho cair na escola e fraturar o cotovelo. Ela diz que o acidente aconteceu porque o filho autista precisa dividir o mediador com outro autista e estava sozinho no momento do ocorrido.
O secretário municipal de Educação de Rio Branco, Moisés Diniz, informou que ouviu a direção da escola e o caso está sendo apurado. Ele nega que a escola tenha sido negligente. Além disso, ele afirmou que a prefeitura não tem condições de garantir a contratação de um único mediador para cada criança autista.
Simone diz que o filho é autista e tem transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e cursa o 1º ano do ensino fundamental, na Escola Benfica. 
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Ele sofreu uma fratura no cotovelo após cair no corredor da escola. Além disso, ela conta que esta é a segunda vez que o filho cai na instituição.
"Ele tem autismo e TDAH, necessita de uma pessoa dentro da sala aula que fique, exclusivamente, com ele porque essa não é a primeira vez que ele cai na escola. É a segunda, a primeira, ele caiu dentro do banheiro, que estava molhado", lembra.
Segundo a mãe, a fratura só foi percebida quando o pai foi buscar o menino na escola e já levou direto ao Pronto-Socorro, onde foi feito o raio-x e detectada a fratura. Ela ressalta que na hora do incidente, o menino estava só, sem a presença do profissional, e ninguém da escola teria prestado socorro.
"O mediador que a secretaria disponibilizou para a escola está sendo utilizado para duas crianças especiais, então, ele [mediador] não dá conta de olhar o meu filho e de olhar o outro. Se olha um, o outro fica desamparado", reclama. 
Além disso, a mãe diz que o caso deve ser encaminhado ao Ministério Público. "Fiz o boletim de ocorrência e entreguei a documentação todinha para o advogado para dar entrada no Ministério Público. O advogado vai dar entrada com a ação", afirma Simone.
Falta de mediadores
Este não o único estudante que não tem um mediador exclusivo, já que mais de 20 crianças com autismo estariam sem mediadores dentro das salas de aula em Rio Branco. Segundo a Associação Família Azul do Acre (Afac), há alunos que não estão indo para a escola por falta de profissionais especializados disponíveis. 
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Há casos ainda em que os estudantes até comparecem às aulas, mas, segundo as mães, os filhos não estão sendo incluídos nas atividades por falta de profissionais. A denúncia relata também casos em que um mediador atende até três crianças nas escolas.
Secretário diz que não foi negligência
O secretário Moisés Diniz explica que o ocorrido com a criança poderia acontecer com outras durante o intervalo. "Não foi por falta de mediador. Ele [mediador] estava próximo na hora. Portanto, não foi uma falha escola", afirma.
Ainda segundo Diniz, a escola tem a gravação do momento do acidente e que o caso vai ser tratado com atenção.
"Nos reunimos com a escola, com a coordenação e, graças a Deus, estava filmado a hora em que a criança caiu e está sendo enviado ao Ministério Público do Acre (MP-AC). Vamos tratar a situação com muito carinho, mas não foi uma negligência da escola", pontua.
Moisés Diniz fala ainda que Rio Branco é a capital com a maior quantidade de mediadores na rede de ensino. Segundo ele, são 1.877 professores com 306 mediadores. O secretário diz que o município prevê a contratação de mais 73 profissionais para reforçar o quadro de ensino especial.
"Estamos sem condições de garantir a contratação um por um. Nós não podemos deixar nossas crianças com deficiência sem mediador e sem o cuidador, portanto, esse é o grande debate na sociedade acreana", conclui o secretário. 
Atendimento individualizado
O presidente da Afac, Abrahão Púpio, diz que há uma lei municipal que garante que o atendimento às crianças com autismo seja individualizado nas escolas. 
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"Há uma lei do município que garante o direito a esse atendimento que não só deve ser especializado, mas também individualizado. O ano letivo começou no dia 11 de março e é um absurdo que até essa altura ainda tenha criança sem mediadores", reclama.
Em entrevista anterior ao G1, Púpio revelou que o número de crianças com autismo sem mediadores ultrapassa 20. Para ele, o número de profissionais contratados pela prefeitura é inferior à quantidade de alunos que precisam de apoio nas salas de aula.
"A gente se comunica pelo WhatsApp, então, tem muito mais, porque têm aqueles que não se comunicam por ali. Na audiência pública, afirmaram que a prefeitura vai contratar mais 73 profissionais, entre mediadores, cuidadores, e educadores de ensino especial, mas já sabemos que não vai chegar nem perto da demanda", criticou.
Conforme o presidente, seria necessário contratar, além dos convocados, mais 200 profissionais para atender a demanda em Rio Branco.
"Já foram contratados 430 de ensino especial, mas a prefeita autorizou chamar, depois do nosso movimento, somente mais 73. Por uma estimativa a grosso modo, a gente percebe que seriam necessários mais 200", avaliou. 

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