By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: Divulgação
Uma análise na movimentação
financeira de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do deputado estadual
Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, mostra indícios de que pelo
menos uma funcionária pode ter depositado em sua conta o equivalente a quase
tudo que recebeu na Casa no período agora sob investigação. Foi esse o caso de
Nathalia Melo de Queiroz, filha do ex-servidor que, no período investigado,
repassou a ele R$ 97.641,20, hipotético crédito mensal médio de R$ 7.510,86.
A quantia equivale a 99% do
pagamento líquido da Alerj a Nathalia em janeiro de 2016, segundo a folha
salarial do Legislativo fluminense. Como não há dados sobre a movimentação
financeira total de Nathalia, não é possível dizer com certeza que o dinheiro
teve como origem exclusivamente os pagamentos da Alerj.
Os cálculos são por aproximação.
Para fazê-los, o jornal O Estado de S. Paulo usou o relatório do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da Operação Furna da Onça e consultou
a folha salarial da Casa.
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O órgão federal mostrou que no
período investigado Nathalia transferiu os R$ 97.641,20 para a conta do
assessor de Flávio. A cifra foi dividida pelos treze meses investigados para
obter a média mensal, que foi comparada com três valores. Um foi o pagamento
líquido recebido em janeiro de 2016 por Nathalia na Alerj: R$ 7.586,31. No
confronto com o bruto, R$ 9.835,45, chegou-se a um repasse de 77,14%. Cotejada
com a renda usada pelo Coaf, R$ 10.502,00, o porcentual foi de 72,23%.
A renda considerada pelo Coaf,
possivelmente, incorpora valores que não constam da folha de janeiro da Alerj
ou rendimentos obtidos por Nathalia de outras fontes. Todos as cifras, porém,
mostram porcentuais altos de repasse.
Nathalia trabalhou na Alerj de
setembro de 2007 a dezembro de 2016. Depois foi trabalhar como assessora no
gabinete parlamentar do hoje presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), na Câmara
dos Deputados. Foi exonerada em 15 de outubro, mesmo dia em que seu pai foi
desligado do gabinete de Flávio. Oficialmente, o motivo foi a aposentadoria de
Queiroz como PM. Reportagem publicada ontem pela Folha de S. Paulo mostrou que
Nathalia, enquanto era funcionária, trabalhava como personal trainer no Rio.
O deputado tem se defendido,
afirmando não ter cometido nenhuma irregularidade. O presidente eleito já disse
que caberá a Queiroz explicar sua movimentação financeira – de mais de R$ 1,2
milhão no período.
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Outros
Outra servidora que repassou a
Queiroz grande parte do que recebeu foi Márcia Oliveira de Aguiar, mulher do
ex-assessor. Os valores somam R$ 52.124,00 – uma média (total dividido por
treze meses) de R$ 4.009,23. Isso não quer dizer que tenham sido feitos
rigorosamente repasses mensais – o documento do Coaf não traz esse detalhe -,
mas permite afirmar que Márcia transferiu porcentuais que equivalem de 31% a
46% do que recebeu por mês no período.
Outra servidora, Luiza Souza Paes,
fez transferências equivalentes a porcentuais que variam de 24,8% a 33,5% do
salário no período. Sua renda, segundo o Coaf, era de R$ 3.479 mensais e a
transferência média era de R$ 863,53. Já Jorge Luís de Souza, que tinha salário
bruto de R$ 5.486,76, fez depósito mensal médio de R$ 1.573,46 – porcentuais
respectivos de 7,69%, 28,67% e 32,46%.
O jornal O Estado de S. Paulo
mostrou que 57% dos depósitos feitos na conta de Fabrício Queiroz investigada
pelo Coaf ocorreram no dia do pagamento dos salários na Alerj no período, ou
até três dias úteis depois.
A reportagem não conseguiu falar
com Queiroz nem com os demais servidores para que comentassem as cifras. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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