By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O advogado Cristiano Caiado de Acioli foi levado nesta terça-feira (4)
para prestar esclarecimentos na Superintendência da Polícia Federal em
Brasília depois de ter dito ao ministro Ricardo Lewandowski, no interior de um avião, que o Supremo Tribunal Federal é "uma vergonha".
O caso ocorreu em um voo comercial que saiu do Aeroporto de Congonhas,
em São Paulo, com destino a Brasília. Em um vídeo que circulou nas redes
sociais, o ministro aparece sentado na primeira fileira de um voo da
Gol quando foi abordado pelo passageiro, antes da decolagem (veja abaixo o que foi dito).
Acioli, de 39 anos, foi detido ao chegar no aeroporto de Brasília e
ouvido por um delegado da PF. Ele é filho da subprocuradora-geral da
República aposentada Helenita Amélia Gonçalves Caiado de Acioli.
Acioli foi liberado por volta das 18h. O advogado que o representa,
Ricardo Vasconcellos, informou no fim desta tarde que, "não houve
imputação de crime", e que o relatório sobre o caso ainda estava sendo
finalizado pelo delegado da PF.
"Não me falaram por qual crime eu vou responder", disse Acioli ao G1, por telefone, no início da tarde.
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"Fui preso por um técnico judiciário que entrou na aeronave. A conduta
dele foi ilegal e abusiva. A conduta do ministro foi ilegal e abusiva.
Todas as opções legais eu vou tomar", afirmou Acioli.
A assessoria do ministro confirmou a discussão. Segundo a equipe, "o
passageiro começou a injuriar o STF como instituição, não pessoalmente
ao ministro Lewandowski", e por isso o ministro solicitou a presença de
um agente da PF.
O ministro, de acordo com a assessoria, entendeu que não seria o caso
de retirar o passageiro do voo. No começo da noite, o gabinete de
Lewandowski divulgou a seguinte nota:
"Ao presenciar um ato de injúria ao Supremo Tribunal Federal, o
Ministro Ricardo Lewandowski sentiu-se no dever funcional de proteger a
instituição a que pertence, acionando a autoridade policial para que
apurasse eventual prática de ato ilícito, nos termos da lei."
Ricardo Lewandowski é um dos integrantes da Segunda Turma do Supremo, que nesta terça-feira julga um pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele não comentou o assunto ao chegar à sessão da turma.
O que foi dito
Após o embarque, ainda no Aeroporto de Congonhas, por volta das 10h,
Acioli afirmou: "Ministro Lewandowski, o Supremo é uma vergonha, viu? Eu
tenho vergonha de ser brasileiro quando eu vejo vocês".
O ministro, então, respondeu: "Vem cá, você quer ser preso?". Em
seguida, apontando para um comissário de bordo, completou: "Chamem a
Polícia Federal, por favor".
Acioli retrucou: "Eu não posso me expressar? Chamem a Polícia Federal,
então. Por que eu falei que o Supremo é uma vergonha?". O vídeo se
encerra com o ministro dizendo que o advogado terá de explicar à PF o
que ele quis dizer.
Agentes da Polícia Federal em São Paulo foram chamados, chegaram à
aeronave e perguntaram se o advogado se acalmaria para o voo prosseguir
"sem problemas".
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Acioli disse ter concordado.
Perto da aterrissagem, em outro vídeo que circulou nas redes sociais, o
advogado se levantou e começou a gravação dizendo: "Senhoras e
senhores, eu queria um minuto da atenção de vocês. Eu sou só um cidadão,
mas temos aqui neste voo o ilustre ministro Ricardo Lewandowski, e eu,
na minha liberdade constitucional de me manifestar, eu disse que tinha
vergonha do Supremo Tribunal Federal, e este ministro me ameaçou de
prisão, tão somente porque eu exerci minha liberdade constitucional".
"Eu, enquanto cidadão, gostaria de deixar minha nota particular de
desagravo, porque a gente ainda vive em uma democracia. Eu não sou um
presidiário tentando dar uma entrevista. [...] Eu sou apenas um cidadão
que me dirigi respeitosamente ao ministro Lewandowski para fazer uma
crítica do que eu sinto, do que eu penso. Eu amo o Brasil, eu não admito
o meu direito ser tolhido, independentemente da religião, do credo que
cada um nesse avião tem, isso é inadmissível numa pessoa que deveria ser
um guardião da Constituição", prosseguiu.
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