By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) e da Universidade Santa Cecília (Unisanta) apontou altas
concentrações de produtos farmacêuticos e de cocaína na Baía de Santos,
no litoral de São Paulo. No laboratório, já foram comprovados os danos
que as substâncias trazem ao ambiente marinho. Agora, os pesquisadores
buscam aprofundar mais esse estudo sobre as concentrações de drogas
ilícitas nesse ecossistema e seus reais danos.
A pesquisa foi coordenada por Camilo Seabra Pereira, ecotoxicologista e
professor do curso de mestrado em Ecologia da Unisanta. O grupo é
também composto pelos pesquisadores Luciane Maranho, Fernando Cortez,
Fabio Pusceddu, Aldo Santos, Daniel Ribeiro, Augusto Cesar e Luciana
Guimarães.
Em 2014, os pesquisadores iniciaram o monitoramento na baía de Santos e
observaram a presença de cocaína e fármacos concentrados em
determinadas áreas. Por conta disso, atualmente são feitas coletas da
água a cerca de 4,5 km da costa brasileira, justamente na área que sofre
uma influência do estuário de Santos e São Vicente, principalmente, do
esgoto doméstico das cidades.
Segundo o professor-doutor Camilo Seabra, da Unifesp, tanto a cocaína
como as substâncias encontradas na urina estão presente durante todo o
ano na água. Eles encontraram a cocaína tanto na forma pura como também
metabólica, quando a droga é transformada pelo usuário. Os principais
responsáveis pelo aporte das drogas no ambiente marinho são os efluentes
domésticos.
“Em todas as estações encontramos tanto a cocaína quanto metabólicos.
As maiores concentrações foram no carnaval de 2014. As quantidades de
cocaína na água já estão próximas das que causam efeitos em organismo
marinhos, que é na ordem de 200 a 2.000 nanogramas por litro, ou seja,
para cada 1 litro de água, são 500 nanogramas de cocaína”, explica
Seabra.
A partir dos primeiros estudos que comprovaram essas substâncias no
mar, os pesquisadores começaram a se aprofundar no tema e a estudar
quais os efeitos biológicos e o risco ambiental das drogas nos ambientes
costeiros. Eles fizeram a coleta e a quantificação da cocaína em
laboratório, assim como a avaliação da toxicidade aguda e crônica das
drogas em mexilhões.
“A gente fez um experimento com mexilhões conhecidos como perna-perna.
Fizemos uma exposição utilizando drogas durante uma semana. Ele
apresentou problemas nas células e no DNA. Esses animais tem a
capacidade de absorver a substância. A gente usa, em média, de 50 a 100
mariscos. Todos apresentaram problemas”, afirmou o professor.
O estudo é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo e o monitoramento e análise das amostras segue até 2018. Os
pesquisadores partem do princípio de que a cocaína se torna um
contaminante ambiental neste cenário. O local onde as amostras são
coletadas fica longe da área de banhistas. A vida marinha, neste caso, é
a mais afetada com esses poluentes. Por conta do consumo, os
seres-humanos também podem estar em risco.
“Tem uma contaminação ambiental da água. Tem um estudo de sedimento que
encontrou essas substâncias também no fundo do mar. Nesses locais, o
risco é com a vida marinha. Ali temos peixes, crustáceos, moluscos,
animais comestíveis. Esse é o próximo estado do estudo. A partir do
verão, vamos começar a estudar os animais, de dezembro a fevereiro.
Esses animais estão no defeso. Vamos esperar para começar a fazer o
trabalho”, finaliza Seabra.
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