By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Adriano Machado (Reuters)
A publicação obteve e-mails e documentos de indicados a receber o
financiamento. A primeira-dama teria feito gestões junto ao presidente
da Caixa, Pedro Guimarães, a fim de obter a liberação dos empréstimos
para comerciantes e pequenos empresários do setor de serviços.
Um dos e-mails, de uma assessora especial da Presidência da República, enviava à Caixa os documentos dos contemplados.
“A pedido da sra. Michelle Bolsonaro e conforme conversa telefônica
entre ela e o presidente Pedro, encaminhamos os documentos dos
microempresários de Brasília que têm buscado crédito a juros baixos”,
dizia a mensagem, de maio passado.
No mesmo mês, em meio à pandemia de Covid-19, pequenas empresas em crise se queixavam da dificuldade para obter acesso a linhas de crédito oficiais como recurso para impedir o fechamento dos negócios.
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De acordo com a reportagem, os empréstimos aos amigos de Michelle
Bolsonaro foram concedidos por meio do Programa Nacional de Apoio às
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), lançado pelo
governo para oferecer dinheiro com juros baixos e condições facilitadas a
micro e pequenas empresas durante a pandemia.
Ainda segundo a "Crusoé", a maioria das operações foi assinada em uma
agência em Taguatinga, cidade vizinha a Brasília, depois que a equipe do
presidente da Caixa encaminhou os pedidos da primeira-dama.
A TV Globo procurou o Palácio do Planalto a fim de obter a versão do
governo e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
A assessoria da Caixa Econômica Federal divulgou a seguinte nota:
"A Caixa informa que a concessão de crédito para empresas via Pronampe
exige enquadramento prévio pela Receita Federal do Brasil e rigorosa
análise de riscos do banco, que ocorre mediante processo totalmente
automatizado, independente e sem interação humana. Até o momento, a
Caixa concedeu empréstimos via Pronampe para mais de 240 mil Micro e
Pequenas Empresas (MPE), todos eles obedecendo o mesmo procedimento
interno."
Auditores
Um procedimento de rotina interno da Caixa descobriu a lista de indicados da primeira-dama, segundo a publicação.
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Segundo a "Crusoé", um dos documentos dizia: "Cliente veio através de
lista de empresas indicadas pela primeira-dama Michele Bolsonaro ao
presidente Pedro Guimarães".
Outro confirmava a informação: "Direcionamos para análise e tratativas
necessárias solicitações de microempresários de Brasília enviadas pelo
gabinete da primeira-dama Michelle Bolsonaro".
De acordo com a revista, ainda que não tenham sido encontrados indícios
de que os valores liberados extrapolavam os limites nem de que as
empresas beneficiadas não poderiam ser atendidas, chamou a atenção dos
auditores o caminho dos processos — de cima para baixo, contrariando as
regras e o fluxo de etapas que costumam ser obedecidas quando os pedidos
são feitos por clientes comuns, em uma agência qualquer.
Beneficiários
Na lista de indicados da primeira-dama que receberam empréstimos,
segundo a "Crusoé", está, a doceira Maria Amélia Campos, dona de uma
rede de confeitarias de Brasília e amiga da primeira-dama.
A revista afirma que ela não apenas aprovou na Caixa um empréstimo de
R$ 518 mil, registrado em nome de uma de suas lojas, como conseguiu que a
primeira-dama intercedesse em favor de um casal de amigos, dono de um
salão na Asa Sul, em Brasília.
Procurada, ela não quis se manifestar. A doceira disse à revista
"Crusoé" que evita falar da proximidade com a família do presidente — e
com a primeira-dama em particular —, que está indignada e não tem
empréstimo em nenhum lugar.
Ainda de acordo com a "Crusoé", Waldemar Caetano Filho, sócio de um
salão de beleza, disse que "o contato com a primeira-dama foi
fundamental. É o famoso "QI" (quem indica).
O cabeleireiro não deu resposta às tentativas de contato. Ele disse à
revista que o empréstimo foi uma parceria com a primeira-dama, "que deu a
força final". Também afirmou que precisou ir uma única vez à Caixa e
que foi fácil obter o empréstimo.
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Ele também não respondeu às tentativas de contato. À revista "Crusoé",
disse que não precisa disso, referindo-se à ajuda da primeira-dama
Michelle Bolsonaro.
Inquérito
A apuração do caso deverá ser feita no inquérito que, entre outros pontos, investiga a suposta pressão política de Guimarães
sobre a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) a fim de impedir a
entidade a aderir a um manifesto organizado pela Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O texto pedia "harmonia e colaboração" entre os poderes da República e
foi entendido dentro do governo como um ataque ao presidente Jair
Bolsonaro.
Nesta quinta-feira (30), a Febraban confirmou ao Ministério Público Federal que Guimarães ameaçou retirar o banco da entidade se fosse mantido o apoio ao manifesto.
Repercussão
O suposto favorecimento a amigos da primeira-dama teve repercussão
negativa entre parlamentares e partidos de diferentes posições
ideológicas nesta sexta.
O líder da Minoria na Câmara, deputado Marcelo Freixo
(PSB-RJ), anunciou que os partidos de oposição (PT, PSB, PDT, PSOL,
PCdoB e Rede) acionaram o Ministério Público Federal para pedir que
Michelle Bolsonaro seja investigada por tráfico de influência.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), anunciou que pediu esclarecimentos ao ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a liberação dos empréstimos pela Caixa. A bancada do partido Novo na Câmara também disse ter feito requerimento semelhante ao Ministério da Economia.
"Acabamos de protocolar na Câmara pedido de explicações ao ministro
Guedes e ao presidente de Caixa sobre crédito facilitado pra empresários
amigos por intermédio de Michelle Bolsonaro. Essa família é assim,
mamata para os seus", escreveu Gleisi em uma rede social.
O partido Novo também se manifestou em rede social: "Para o Novo, a
intermediação é imoral e ilegal. Por isso, cobra do ministério cópias
dos e-mails e contratos com as empresas beneficiadas e respostas quanto
aos critérios que fundamentam a concessão de crédito".
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