By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O malabarista Júlio Henrique Cardeal Camargo, de 26 anos, que ficou conhecido após ganhar o tênis de um estudante no semáforo,
deve cursar ciências sociais na Universidade Federal do Acre (Ufac). A
foto da boa ação correu a web e emocionou os internautas.
Camargo é de São Paulo (SP) e chegou a Rio Branco há creca de um mês
para se inscrever no curso. Ele tira o sustento do malabarismo e
trabalha ao menos três horas por dia no sinal. Segundo ele, nos dias
bons consegue arrecadar de R$ 80 a R$ 100.
“Eu tava na Bahia e vim parar no Acre para me inscrever na Ufac e
sempre trago meus malabares para fazer o sustento. Trabalho com o
malabarismo desde 2011. Estou feliz aqui, feliz de saber que existe
gente boa no mundo, que a solidariedade ainda existe”, afirma sobre os
tênis que ganhou.
O gesto de solidariedade foi clicado no cruzamento das Ruas Omar Sabino e Avenida Ceará, no último dia 13 deste mês. Ao G1, a Ufac confirmou que Camargo foi aprovado e fez a
matrícula institucional no Núcleo de Registro e Controle Acadêmico
(Nurca).
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No entanto, ele ainda deve fazer a matrícula curricular antes
de o semestre começar ou perde a vaga. O semestre, segundo o calendário
da Ufac, começa em 10 de abril. O
estudante Elielton Ribeiro de Araújo, de 24 anos, é acadêmico do curso
de segurança do trabalho, e estava a caminho da faculdade quando o sinal
fechou e ele decidiu fazer a doação.
Ao G1, a Ufac confirmou que Camargo foi aprovado e fez a
matrícula institucional no Núcleo de Registro e Controle Acadêmico
(Nurca). No entanto, ele ainda deve fazer a matrícula curricular antes
de o semestre começar ou perde a vaga. O semestre, segundo o calendário
da Ufac, começa em 10 de abril.
Camargo contou ainda, que faz trabalhos comunitários na Comunidade
Cinco Mil, onde atua se aprofundando na sagrada medicina da Ayahusca, o
Santo Daime. Ele mora de favor na Colônia Luau onde foi acolhido, mas
também faz massoterapia e escrita de projetos culturais.
“Não estou pagando aluguel esses dias, vivo na casa de amigos e em
comunidade. Todo mundo se ajuda, cozinha junto. O povo da arte na rua
sempre se ajuda, se tiver comida eles compartilham”, relata.
Reencontro
Após a repercussão, o estudante e o malabarista se reencontraram.
Camargo afirmou que estava em um dia ruim e reclamava muito, pois não
estava recebendo quase nada no sinal. Mas foi a ação do acreano que
mudou tudo. Ele afirma que recebeu um presente e também ganhou um amigo.
“Ele [Araújo] me chamou e me deu esse presente, achei incrível a
atitude, a humildade dele. A capacidade de ajudar, de abrir o olhar para
o artista de rua e valorizar esse trabalho”, destacou.
O malabarista afirma que em nenhum momento pensou que um ato, que
deveria ser comum, causaria tanta comoção. Ele disse que a atitude do
estudante em compartilhar algo que ele tem sobrando foi o mais
importante.
“Não imaginava que ia causar tudo isso, fui surpreendido, estava onde
fui acolhido e fui pego de surpresa. Acho que isso tudo foi causado pela
atitude de tirar o seu próprio sapato e ir com o tênis furado para casa
para ajudar o irmão que estava precisando. Esse é o novo pensamento,
não é acumular, é compartilhar, é a coletividade”, ressaltou.
Já Araújo disse esperar que a corrente do bem se espalhe e que outras
pessoas também tenha atitudes como essa. “Espero cada pessoa que viu,
que curtiu, que compartilhou, que se comoveu com essa ação faça mesmo”,
afirmou.
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