By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Paula Resende (G1)
“É surpreendente o resultado. A gente vê o ganho dos pacientes, a melhora da qualidade da assistência que a gente pode proporcionar a eles, é gratificante”, disse ao G1 a gerente do serviço de fisioterapia, Joana Angélica de França Barbosa.
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Entre os "atletas" da UTI está o comerciante Valdir Nunes de Souza, de
62 anos. Ele foi internado na unidade com quadro gravíssimo por causa de
uma descompensação da artéria perna. Assim que a situação do paciente
se estabilizou, ele começou a terapia com videogame e afirma que está
“viciado” no jogo eletrônico de boliche, esporte que, até então,
desconhecia. Agora, o quadro dele é estável. “A terapia com videogame fortalece o corpo, fortalece a mente, é muito bom”, disse o paciente.
A alegria dos jogadores contagia os demais. Além disso, os pacientes estimulam uns aos outros para que superarem suas pontuações e façam, por exemplo, um strike, que é quando se derruba todos os pinos do boliche.
A fisioterapeuta pondera que a fisioterapia com o videogame não
substitui a convencional, mas a complementa. Segundo ela, a atividade é
uma forma, até mesmo, de aliviar a dor dos pacientes no momento do
exercício.
“Muitas vezes, quando os pacientes veem o fisioterapeuta, falta chorar
porque é dolorido, mas no videogame até a postura do paciente melhora
sem que perceba que está fazendo o exercício, não percebe a dor no
momento porque é muito prazeroso, é lúdico, dá empoderamento ao
paciente”, ressalta Joana.
Fisiogame
Chamada de "Mova-se com o fisiogame", a proposta de levar os jogos
eletrônicos aos pacientes da unidade surgiu há cerca de um ano, começou a
ser implantada há seis meses e já atendeu a mais de 60 pacientes. O
videogame detecta os movimentos dos jogadores em três dimensões e
proporciona estímulos visuais, táteis, auditivos e sensoriais.
O processo de estruturação do projeto incluiu do estudo do equipamento
mais adequado a como orientar as pessoas internadas. A equipe escolheu
um videogame que não necessita de contato físico entre o paciente e o
controle para eliminar o risco de contaminação entre os “atletas”. O
aparelho também foi colocado em uma instalação móvel para que possa
percorrer todas as alas do HGG sem risco de infecção.
Os jogos que envolvem uso de armas e lutas são os únicos vetados. “Eles
aumentam a questão de dar hiperatividade ao paciente, levam a uma
aflição. Como a gente quer propiciar um ambiente agradável, a gente
escolheu jogos de esporte, de exploração da natureza e dança”, disse
Joana.
Alvo
Apesar de qualquer pessoa poder jogar videogame, Joana explica que no
âmbito terapêutico é necessário ter o acompanhamento de um profissional.
Segundo ela, há todo um processo que deve ser feito antes e depois do
jogo. Além disso, há atividades específicas para cada fase do tratamento
conforme o grupo muscular do paciente que precisa ser desenvolvido.
“Não é simplesmente colocar o paciente para jogar videogame, antes
disso a gente observa a estabilidade do paciente, faz alongamentos, todo
um preparo da musculatura para que consiga fazer o exercício. Por isso,
essa ferramenta é terapêutica, não trivial como seria o jogo em casa.
Após o jogo, voltamos o paciente para o estado de repouso, com o
posicionamento de maneira funcional para que não desenvolva deformidade
muscular”, detalha.
Não são todos os pacientes que podem receber a terapia com uso de
videogame. “É preciso que ele esteja com níveis de pressões arteriais e
com frequência cardíaca adequados para que não desestabilize o quadro
dele, para não oferecer risco ao paciente. Também tem de ter certo nível
de percepção para que entenda o que o jogo está exigindo dele”, pondera
a fisioterapeuta.
De acordo com a equipe do HGG, o alvo da fisioterapia com videogame é o
tratamento de pacientes com problemas neurológicos ou com limitações
motoras, mas pode ser estendida aos demais.
Um dos coordenadores da UTI do hospital, o médico Durval Ferreira
Fonseca Pedrosa explica que ainda não há um estudo sobre os benefícios
da fisioterapia por meio de jogos eletrônicos no quadro clínico do
paciente. Mesmo assim, o médico acredita que a interação colabora para a
evolução da pessoa internada.
“Influencia em todo o quadro clínico, a interatividade deixa os
pacientes com condições de se recuperar mais rápido e poder sair da UTI o
mais rápido possível”, disse o médico.
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