By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: CONGRESSO EM FOCO – Imagem: Agência Brasil
A deputada Cristiane Brasil
(PTB-RJ), confirmada como nova ministra do Trabalho, foi apontada em delação
premiada como beneficiária de R$ 200 mil em caixa dois para sua campanha a
vereadora em 2012. Um dos delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato, o
executivo Leandro Andrade disse que a deputada recebeu pessoalmente dele a
quantia a pedido da campanha do então prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). O
repasse, segundo ele, foi solicitado pelo deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), à
época coordenador da campanha à reeleição de Paes.
Filha do ex-deputado Roberto
Jefferson (PTB-RJ), pivô do mensalão, Cristiane nega ter recebido os valores
citados pelo delator e diz que jamais se encontrou com ele. Leandro Andrade
contou ao Ministério Público que o acerto foi feito entre Paes e outro
executivo do grupo, Benedicto Junior, mais conhecido como BJ, no primeiro semestre
de 2012. Não há informações sobre abertura de inquérito para apurar o caso.
O delator disse que se encontrou
com a deputada por acaso:
“O que aconteceu foi que eu estava
no dia da programação de ela ir retirar esse dinheiro nesse escritório. Eu não
ficava direto lá, mas ia de vez em quando para reuniões. Ela mesma foi retirar
esse dinheiro. O que aconteceu foi que o portador nosso, o doleiro, não sei
exatamente como é que chama, demorou a chegar. Ela ficou na antessala do
escritório. Minha secretária que atendia lá veio dizer: ‘Tem uma deputada aí,
que está esperando há um tempão, já está ficando nervosa’. Fui e a chamei para
para tentar fazer uma sala. Realmente nós conversamos, me apresentei, não
conhecia. Ela estava lá para pegar o dinheiro”, relatou.
Segundo ele, Cristiane estava
sozinha e demonstrava desconfiança. “Teve um fato também pitoresco. Nessa sala
que eu tinha, existia uma câmera para fazer conference call e Skype com minhas
obras no interior. Ela ficou super incomodada com aquilo, achando que eu estava
gravando aquele momento. Ela perguntou: ‘mas aquilo ali funciona?’. Eu percebi
o constrangimento e falei: ‘não se preocupe que aquilo não é…’. Eu mesmo fui
lá, tirei a câmera e botei no chão.
”Leandro contou que “o portador
chegou” cerca de 20 minutos depois e entrou na sala com uma mochila na qual,
segundo ele, estava o dinheiro destinado à deputada, que na época era
vereadora. “De dentro da mochila, ele tirou o pacote de plástico onde tinha um
valor de R$ 250 mil anotado em cima, R$ 200 mil, desculpa, anotado em cima. Ela
pegou esse valor, ela estava com uma mochila. Pegou esse valor, botou dentro da
mochila, agradeceu e saiu. Esse fato foi exatamente eu entregando para ela”,
disse.
O delator disse que buscou mas não
encontrou registro da entrada de Cristiane na entrada do prédio em que
trabalhava. Em nota divulgada na época da divulgação do episódio pela imprensa,
em abril de 2017, Cristiane Brasil refutou o relato do executivo da Odebrecht.
“O STF não solicitou investigação contra mim e não há nada
a meu respeito senão um comentário sem qualquer prova feito por um dos
delatores da operação. Esclareço que os poucos contatos que já tive com
profissionais da companhia se limitaram a raros eventos institucionais. Estou,
como sempre estive, à disposição da justiça e da sociedade para esclarecer o
que for necessário.”
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