By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: REVISTA CARTA CAPITAL – Imagem: Divulgação
Se
o trabalhador urbano enfrenta uma perda de direitos sem precedentes com
o avanço da reforma trabalhista no Congresso, o trabalhador rural está
ameaçado inclusive na forma de remuneração, que pode passar a ser
permitida na forma de comida e habitação, em substituição ao dinheiro.
Um filhote do Projeto de Lei da reforma trabalhista
trata especificamente dos direitos dos trabalhadores rurais: são 192
itens que ficaram de fora do texto principal e foram consolidados no PL 6442/2016, que deve começar a ser debatido em uma comissão especial na Câmara nas próximas semanas. Na prática, a CLT (Consolidação das Leis Trabalho) perde a validade para os trabalhadores do campo.
O
principal ponto é a possibilidade do trabalhador rural receber
"remuneração de qualquer espécie", o que significa que o empregador
rural poderá pagar seus empregados com habitação ou comida, e não com
salário. A remuneração também poderá ser feita com parte da produção e
concessão de terras.
A
perda de direitos não para aí, entretanto. O texto prevê ainda jornadas
de até 12 horas e o fim do descanso semanal, uma vez que passa a ser
permitido o trabalho contínuo por até 18 dias. Fica permitida, ainda, a
venda integral das férias para os trabalhadores que residirem no local
de trabalho. Fica permitido também o trabalho em domingos e feriados sem
a apresentação de laudos de necessidade.
O
texto atinge também a segurança e a saúde dos trabalhadores rurais, uma
vez que revoga a Norma Regulamentadora 31, que garante que os
empregadores forneçam aos empregados condições salubres para o exercício
de suas atividades, de equipamentos de segurança que garantam a
integridade física dos trabalhadores ao cumprimento de normas sanitárias
para o uso de defensivos agrícolas e fertilizantes.
O texto do PL também reforça pontos já contemplados na reforma trabalhista, como a prevalência do negociado sobre o legislado, a jornada intermitente e a exclusão das horas usadas no itinerário da jornada de trabalho.
O
projeto, de autoria do presidente da bancada ruralista na Câmara,
deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), foi protocolado em novembro na Casa e
foi constituído para não “sobrecarregar” o texto da já polêmica reforma
trabalhista.
No
texto do PL, o deputado Leitão justifica seu PL afirmando que “as leis
brasileiras e, ainda mais, os regulamentos expedidos por órgãos como o
Ministério do Trabalho, são elaborados com fundamento nos conhecimentos
adquiridos no meio urbano, desprezando
usos e costumes e, de forma geral, a cultura do campo”.
usos e costumes e, de forma geral, a cultura do campo”.
O
texto argumenta ainda que a Lei n.º 5.889 – que regula o trabalho rural
e que o PL 6442 altera – já tem mais de 40 anos e sofreu poucas
alterações. “Nestes termos, no intuito de prestigiar esse tão importante
setor da economia brasileiro fomentando sua modernização e desenvolvimento;
o aumento dos lucros e redução de custos e; gerar novos postos de
trabalho, é que se propõe a alteração da Lei n.º 5.889/73”, conclui
texto.
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