terça-feira, 30 de maio de 2017

Gêmeos de mãe do Paraná que deu à luz com morte cerebral deixam hospital



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RPC Imagem: Felipe Rosa (RPC)


Os gêmeos da mãe paranaense que deu à luz depois de ter a morte cerebral decretada deixaram o hospital e foram, na segunda-feira (29), para casa em Contenda, na Região Metropolitana de Curitiba. Foram mais de três meses internados desde o nascimento.
"O amor é infinito, não dá nem para descrever. É como se eu estivesse aprendendo a ser mãe de novo", conta a avó das crianças, Ângela Silva. Agora, os bebês, Asaph e Ana Vitória, estão saudáveis.
A filha dela, Frankielen da Silva Zampoli, tinha 21 anos e estava grávida quando teve uma hemorragia cerebral.
A família e os médicos do Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, decidiram manter o corpo dela funcionando, mesmo depois da morte cerebral, para salvar os dois bebês. Deu certo: os gêmeos nasceram no dia 19 de fevereiro. 
Entenda o caso
Foram mais de 120 dias de uma batalha pela vida. De carinho, de dedicação, de acreditar no que parecia impossível. Frankielen chegou ao hospital com uma hemorragia grave no cérebro. Três dias depois, os médicos constataram a morte cerebral. 
A jovem não tinha mais chances de viver, mas, dentro dela, batiam mais dois corações: o de Asaph e o de Ana Vitória.
A gestação estava apenas começando, no segundo mês. A equipe médica tinha, então, o desafio de manter o corpo da mãe funcionando para que os dois bebês pudessem se desenvolver.
"Nós precisávamos manter a pressão adequada da mãe, a oxigenação adequada e manter todo o suporte hormonal e nutricional dela", explica o médico Dalton Rivabem.
Cada minuto, cada avanço, cada resposta: foi uma gravidez monitorada 24 horas por dia e comemorada nos detalhes por médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e outros profissionais da saúde.
Frankielen foi atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os cuidados, estava uma ecografia todos os dias.
O principal desafio, contam os médicos, era o de fazer com que os bebês sentissem o afeto que a mãe não podia dar. Para isso, família e equipe acariciavam a barriga, conversavam e cantavam para os bebês. 
"Nós trouxemos canções para as crianças: canções de crianças, canções improvisadas, canções que nós fizemos exclusivamente para elas. A UTI ficou cheia de músicas de amor e afeto", conta a capelã e musicoterapeuta Érika Checan.
Foi no hospital, cercada de carinho, que Frankielen ficou durante os sete meses de gravidez e até os médicos não poderem mais esperar. Os bebês nasceram com a saúde compatível com a de prematuros dessa idade.
Após o nascimento dos bebês, a família decidiu doar os órgãos de Frankielen. 

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