By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O diretor técnico do Hospital Regional de Sorriso, a 420 km de Cuiabá,
Roberto Satoshi, chorou, nesta segunda-feira (22), durante entrevista
sobre a precariedade na unidade de saúde por atrasos nos repasses por
parte do governo do estado, inclusive com a falta de alimentos para
servir aos pacientes. Alguns serviços, como cirurgias, estão
parcialmente suspensos desde março porque os médicos estão há três meses sem receber. Segundo a direção, a dívida do estado com a unidade é de R$ 8 milhões.
A governo informou que vai repassar nesta semana R$ 54 mil para a
compra de comida, que firmou um acordo com a lavanderia para a retomada
dos serviços e que está se esforçando para quitar os repasses atrasados.
Sem verba, o diretor afirmou que a situação chegou a tal ponto que já
pensou em suspender totalmente o atendimento e até fechar as portas da
unidade, apesar do caos que isso geraria para a população daquela
região. Ele ponderou, porém, que o caos já começou.
O médico afirmou que nunca imaginou passar por uma situação como essa
depois de 30 anos de formado. "Em 30 anos de profissão, nunca passei por
uma situação como essa", disse, ao responder a uma pergunta de um
repórter, durante entrevista coletiva sobre a situação do hospital.
A unidade conta com 128 leitos e 94 estão ocupados.
Com repasses atrasados, o hospital acumula muitas dívidas com os
fornecedores. Para a empresa que presta serviços de lavanderia, por
exemplo, a unidade deve R$ 874 mil.
A direção informou já ter pedido aos prefeitos das cidades vizinhas que
não encaminhem novos pacientes para a unidade, que é referência em
atendimento de saúde naquela região.
Conforme a direção, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) não repassou o
valor total dos atrasos de repasse para a administração da unidade e
para os médicos. Explicou que, no início deste mês, o governo transferiu
R$ 9 milhões, entre repasses do estado e da União, mas que ainda há
meses em atraso.
"Todos os meses é débito, [o governo] tem que pagar. Um governo que não
faz previsão de pagamento, onde iremos parar?", reclamou Satoshi, que,
em dezembro do ano passado, registrou um boletim de ocorrência na polícia
para denunciar a falta de remédios na unidade, além da falta de repasse
do estado para o pagamento de salários e de fornecedores.
O serviço de lavanderia foi reduzido pela metade e a dívida com a
empresa responsável pelo setor já passa de R$ 800 mil. “Essa dívida com o
fornecedor tem dificultado demais o trabalho do hospital, a gente não
consegue manter o serviço”, disse Lígia Souza Leite, diretora-geral do
hospital.
A dívida já chegou até no setor de alimentação. Os funcionários já
tiveram que racionar alimentos para não faltar comida aos pacientes. A
empresa que fornece os alimentos enviou notificação sobre uma possível
suspensão no serviço.
Neste ano, um farmacêutico do Hospital Regional de Sorriso também encaminhou um comunicado interno à direção da unidade relatando a falta de medicamentos.
No documento, o funcionário afirma que o estoque de seis remédios,
entre antibióticos e medicamentos usados em parto, estava zerado.
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