By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Divulgação
A época é de crise e a população brasileira está descrente de seus
governantes, mas talvez isso não se aplique a Nossa Senhora do Livramento,
pequena cidade do Mato Grosso com pouco mais de 12 mil habitantes a 32km de
Cuiabá. Ciente da fragilidade das contas do município, o prefeito Silmar de
Souza (PSDB) decretou a redução de seu próprio salário em 25%.
Agora receberá R$ 10.500, o que constitui um corte de quase R$ 4
mil, uma vez que seus vencimentos anteriores representavam R$ 14 mil no
orçamento da cidade. A medida também se aplica a outros funcionários do 1º
escalão de seu governo, como o vice Joemi de Almeida, que passará a ganhar R$
5.250. Servidores comissionados terão salário de R$ 4 mil."Foi uma queda
muito grande na arrecadação que tornou essa medida necessária. Os servidores
estão lidando com tranquilidade, tudo foi conversado com antecedência junto ao
secretário de finanças. É claro que ninguém gosta de perder parte da renda, eu
mesmo não gostaria no lugar deles, mas todo mundo entende", disse o
prefeito em contato com o UOL.
Silmar não fez juízo de valor de outras gestões municipais, mas
deixou um breve comentário sobre a postura adotada em outros gabinetes.
"Não dá para eu aconselhar outras cidades, não acho que seria justo ou
teria sentido mesmo em tempos de crise. O que não acho correto, em alguns
casos, é quando o prefeito precisa cortar e começa por baixo, pelos
funcionários. Acho que se é para tomar essa medida, tem que começar de cima.
Não só para dar o exemplo, mas até por logística: se precisar cortar mais
depois, pelo menos você sabe que já tirou dos cargos mais altos, aí é só
descer", explicou.
Inicialmente, a intenção é de apenas melhorar as contas durante o
mês de maio. Para que a situação evolua a longo prazo, Silmar de Souza aguarda
melhores repasses do governo federal e do estado. "Mas entendo que é
complicado porque esse momento difícil também atinge todas essas outras
gestões", comentou, sem rejeitar a possibilidade de tomar medidas mais
drásticas se necessário.
Entenda o problema na cidade
O primeiro quadrimestre do município apresentou quedas constantes na
arrecadação - a análise se dá com base na Lei de Diretrizes Orçamentárias de
2017. Os gastos com pessoal ultrapassaram o limite prudencial estabelecido na
Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê que 60% da Receita Corrente Líquida
(RCL) seja distribuída em 6% para o Poder Legislativo e 54% para o Poder
Executivo. A prefeitura de Nossa Senhora do Livramento já trabalhava com 61%,
sete pontos percentuais acima do recomendado.
O expediente dos órgãos municipais foi modificado: se antes os
funcionários trabalhavam das 07h às 16h, agora deixarão suas funções às 15h. A
concessão de horas extras está proibida para todos os servidores, incluindo
professores da rede pública municipal, a não ser em casos excepcionais
autorizados por Silmar de Souza.Além disso, os secretários do município devem
apresentar uma lista de cargos comissionados que estejam sujeitos a exoneração;
30% desses funcionários devem ser dispensados. A criação de novos cargos está
temporariamente suspensa. "Também fica vedado, até que o percentual de
limites de gasto com pessoal se normalize, o provimento de cargo público,
admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição
decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação
e saúde", diz o decreto nº 047/2017.
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