By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Geraldo Bubniak (AGB/Estadão)
Em
uma audiência marcada para ouvir quatro testemunhas de acusação contra o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apenas uma delas foi questionada sobre
relação do petista com o apartamento em São Bernardo do Campo, na Grande São
Paulo, e um terreno que seria destinado ao Instituto Lula. Os depoimentos
aconteceram no início da tarde desta sexta-feira (26).
O
juiz federal Sergio Moro ouviu Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, o
doleiro Alberto Yousseff e os lobistas Milton Pascowitch e Fernando Soares,
conhecido como Fernando Baiano. Todos eles fizeram acordo de delação e estão
cumprindo penas no âmbito da Operação Lava Jato. Apenas Cerveró foi
interpelado, tanto por Moro quanto pelo advogado de Lula Cristiano Zanin
Martins, se poderia dar alguma informação sobre os imóveis que são alvos do
processo. "Não tenho nenhum conhecimento quanto a isso", respondeu o
delator.
A
denúncia do MPF acusa o ex-presidente pelos crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro em contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht. O
ex-presidente foi apontado como o "responsável por comandar uma
sofisticada estrutura ilícita para captação de apoio parlamentar, assentada na
distribuição de cargos públicos na administração federal".
Segundo
o MPF, o petista teria recebido propina da empreiteira por intermédio do
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci --também réu na ação, junto a Marcelo
Odebrecht e outras cinco pessoas. Os procuradores afirmam que parte do dinheiro
foi destinada para comprar um terreno, que seria usado para a construção de uma
sede do Instituto Lula (R$ 12,4 milhões).
A
denúncia diz ainda que o dinheiro de propina também foi usado para comprar um
apartamento vizinho à cobertura onde mora o ex-presidente, em São Bernardo do
Campo (SP), que é alugado pela família de Lula. Na avaliação dos
investigadores, a operação foi realizada para ocultar o verdadeiro dono do
apartamento, que seria Lula.
A
defesa do ex-presidente vem afirmando que ele aluga o apartamento vizinho ao
seu. Também argumenta que o Instituto Lula funciona no mesmo local há anos e
que o petista nunca foi proprietário do terreno em questão.
Audiências rápidas
Durante
as audiências, os membros do MP perguntaram aos delatores se gostariam de
retificar o que já havia sido tratado na delação de cada um. Todos se negaram a
fazer alteração e confirmaram detalhes do que trataram em depoimentos
anteriores. Youssef, por exemplo, confirmou pagamentos de propina em obras da
Petrobras pelas empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão,
Camargo Corrêa, OAS e UTC. O doleiro reafirmou também que nas obras do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro - Comperj, houve pagamento de propina e que
parte do dinheiro foi destinada ao PMDB.O MP também questionou Fernando Baiano
sobre a intermediação de pagamentos de vantagens indevidas de contratos da
Petrobras em favor de Paulo Roberto Costa e de Nestor Cerveró, ambos
ex-diretores da Petrobras. Soares confirmou as ações e ressaltou que políticos
do PT e PMDB pediam dinheiro e que os valores eram retirados de contratos da
área internacional da estatal. No caso do PMDB, os políticos citados foram
Renan Calheiros, Jader Barbalho e Romero Jucá, além do ex-ministro de Minas e
Energia, Silas Rondeau.
No
total, as audiências dos quatro duraram, juntas, 42 minutos e 56 segundos. Sem
muitas perguntas, cada um prestou, em média, um depoimento de 10 minutos e 44
segundos.
Outro
lado
Os
advogados de Lula afirmaram, por meio de nota, que Cerveró foi enfático ao
afirmar não ter qualquer informação sobre os dois imóveis alvos da ação.
"A indicação de quatro testemunhas que não têm qualquer conhecimento sobre
os fatos específicos que integram a denúncia contra Lula reforça o caráter
frívolo das acusações ali contidas", diz trecho de texto.
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