terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Não sirvo ninguém’, diz dono de bar famoso pelo mau humor



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Iryá Rodrigues (G1)

"Se chegar aqui e quiser beber, mando entrar e depois vem aqui e me paga. Eu não sirvo ninguém". A declaração mal criada é seguida de uma risada de Francisco Pompeu, de 81 anos, que mantém um bar na esquina da Cohab do Bosque, em Rio Branco, há 33 anos.
Famoso pelo humor característico no melhor estilo 'Seu Lunga', Pompeu atende pelo apelido de 'Cabeleira', homônimo do bar.
Durante a entrevista à reportagem do G1, a conversa é várias vezes interrompida por chamados que vêm da rua: "Cabeleira, depois eu passo aí!". Ele acena e continua a conversa. De óculos escuro, calça jeans, blusa e sandália de couro, ele confessa ser um mal-humorado assumido.
"Sim, eu sou mal-humorado mesmo. Mas, não trato ninguém mal. Se você vem ao meu bar para beber, eu mando você entrar lá e dar seu jeito", diz entre risadas.
Cabeleira tem cabelos grisalhos, fala alto e tem orgulho de conseguir manter o seu bar por três décadas. "Quando vim para esse bairro, nem rua tinha. Difícil mesmo era topar com alguém no meio da rua. Depois foi melhorando e consegui sustentar meus cinco filhos com esse bar", conta.
'Eles aparecem aqui nem que seja para conversar', diz Cabeleira sobre clientela fiel
Mesmo se considerando um ranzinza convicto, o dono do bar na verdade tem uma simpatia singular e uma "braveza" típica de um cearense. Dono do próprio negócio, ele coleciona amigos e garante que tem cliente que senta todos os dias ao seu lado ao longo desses 33 anos. "Tenho cliente que veio aqui no primeiro dia que abri esse bar. 5 de fevereiro de 1982. Uns já morreram, outros pararam de beber. Mas, eles aparecem aqui nem que seja para conversar. São muitos anos", relembra.
Um bar tradicional, com portas e balcão de madeira. A estrutura em nada foi modificada, exceto os forros que sofreram com algumas invasões de bandidos. Além das cadeiras características de bar, Cabeleira mantém uma cadeira de balanço que vez ou outra tira um cochilo.
"As pessoas entram e se servem, quando saem me chamam aqui e me pagam. Às vezes eu presto atenção, outras não. Quando saem pergunto o que consumiu e dou um preço", diz com as sobrancelhas franzidas.
E ele dorme mesmo, o óculos escuro tem uma explicação. Questionado se não tem medo de ser enganado ou como mantém o controle do que é vendido, ele diz que não se preocupa muito com esse detalhe.
"Eu sei o que eu tenho lá dentro. E o meu controle é controle nenhum. Se eu apurar R$ 200 pra mim aqui tá bom. O negócio é meu mesmo", encerra o assunto.
'Aqui eu atendo desde o juiz até a garota de programa'
Mesmo tendo fama de mal-humorado, Cabeleira garante que sempre tenta manter um bom relacionamento com quem frequenta o seu bar. Ele diz que nem sempre o seu jeito ranzinza agrada todo mundo.
"Alguns gostam, outros não. Tem muita mulher e homem enjoado. Mas se quiser pegar e beber, bom, se não quiser, mando ir embora. Não vou me estressar por causa de R$ 5, não é verdade?", constata diante de uma risada.
Com o bar cheio, ele diz que se prepara para atender todo tipo de gente e garante que nenhum público tem prioridade no seu bar. Sentou no local, todos se tornam um só: clientes do Cabeleira.
"Aqui vem juiz, advogado, ladrão, garota de programa. E não tem problema, vai todo mundo se servir. Quem pensar que vai chegar aqui e ficar gritando para eu pegar as coisas está enganado", adverte.
Ponto de encontro
Durante entrevista ao G1, Cabeleira solta palavrões impublicáveis. Com a fala alta e gestos de um verdadeiro contador de histórias, todo mundo que passa e o conhece faz questão de lhe apertar a mão ou marcar um encontro ao fim do expediente.
Como é o caso de João Pedro, de 29 anos, que trabalha e tem amigos que moram próximo ao bar. Ele diz que não bebe, mas sempre procura o local para encontrar os amigos ou jogar conversa fora com o dono do bar.
"Venho aqui, encontro o pessoal e fico conversando. Também falo com ele, acaba que se torna um amigo com um bar aqui há tanto tempo", comenta.
E de pronto, Cabeleira garante que seu bar não é local para cerveja quentes. "A cerveja é bem gelada, se cabra disser que tava quente é mentira. Pode saber que é mentiroso", ele ri, mas é sério.

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