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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RADIO NAJUA – Imagem: DivulgaçãoOs prefeitos da Associação dos Municípios do Centro-Sul do Paraná
(Amcespar) decidiram aguardar antes de conceder o aumento de 33,24% do
piso nacional para os professores. A decisão foi tomada em uma reunião
virtual na última semana. No início deste mês, presidente da República,
Jair Bolsonaro, e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, assinaram a
portaria nº 67/2022 concedendo o aumento do piso nacional para
professores da Educação Básica, fazendo com que a remuneração mínima
seja de R$ 3.845 em todo o País.
O receio dos
prefeitos é que a concessão do aumento dos professores possa comprometer
as contas públicas do município e fazer com que alguns caiam na chamada
Lei de Responsabilidade Fiscal, que pode punir os gestores que
descumprirem a legislação com multa e cassação de mandato.
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Outro
fator alegado pelos prefeitos é o orçamento dos municípios que não
teriam recursos para conceder aumento com este percentual. “Ninguém é
contra o aumento dos professores, bem pelo contrário, nós temos que
valorizar o profissional. Agora, muitos municípios não vão conseguir
cumprir o 33,24%”, afirma o prefeito de Inácio Martins e presidente da
Amcespar, Junior Benato.
Para os prefeitos, há uma insegurança jurídica para conceder o
aumento. “Nós sabemos que temos diferença de município, inclusive de
arrecadações, de transferências de recurso, mas existe hoje um piso que
ainda ele está sobre uma insegurança jurídica. O Fundeb [Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica] existia. Ele foi
extinto. Foi novamente redigido Fundeb. A lei do piso, que é lá de 2008.
Existe uma nova lei do piso. Então, são várias leis que vieram ali que
nós não temos uma definição jurídica. O que vale agora? O aumento de
33%. Aonde que está escrito que é o 33%? Será que a portaria
interministerial do presidente tem força de lei para instituir isso aí
ou será que o Twitter que o presidente tuitou sobre os 33,24% tem força
de lei?”, disse Benato.
O presidente da Amcespar explicou que a dificuldade de
pagamento ocorre por diferenças de reajustes que os municípios têm
acesso. “O piso instituído desde 2009 até agora 2021, ano passado, o
percentual do piso subiu 204%. Preste bem atenção à disparidade dos
valores.
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O Fundo que compõe o Fundeb que é o nosso Fundo que aporta
dinheiro para pagamento dos profissionais, e agora ampliou para toda
essa cadeia de profissionais, podem ser os motoristas, podem os
administrativos de escolas, podem ser até os profissionais de serviços
gerais e os professores, o Fundeb que cresceu 143% nesse período. A
inflação, 104%. Vejam que o funcionário que é reajustado pela inflação
ganhou 104%, o Fundeb subiu 143% e o piso nacional 204%. Quem que vai
conseguir cumprir isso aí?”, questionou o prefeito de Inácio Martins.
A
mudança da destinação do Fundeb é uma das dificuldades apontadas pelos
prefeitos que reconhecem que houve aumento, mas ainda insuficiente
diante da quantidade de profissionais. “Existe mais dinheiro para o
fundo? Existe. Porém, o fundo era exclusivamente para pagamento de
profissionais-professores e agora não. Ele abrangeu para pagamentos como
motorista, como administrativa das escolas, como serviços gerais, como
merendeiras. Então, foi abrangente maior número de profissionais”,
relata.
Durante a pandemia, a arrecadação de
muitos municípios foi afetada, mas agora o orçamento começa a ficar
equilibrado. Mesmo assim, há o receio de que a arrecadação não seja
suficiente para o cumprimento do piso. “Nós temos agora uma situação
favorável da retomada do crescimento da economia. Quem que garante que
vai ser um orçamento de sucesso e vai garantir o pagamento do piso? O
levantamento diz que nem a metade das prefeituras no estado do Paraná
conseguirão cumprir o piso mínimo salarial porque esbarra na lei de
responsabilidade fiscal. Você não pode ultrapassar o limite prudencial
das folhas de pagamento”, conta o presidente da Amcespar.
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Apesar
do aumento do valor do Fundeb, Benato lembra também que o fundo é
formado com arrecadações de municípios, estados e União. “69% que
compõem o Fundeb é do ICMS que é gerado no estado e nos municípios. E
outros fatores de transferência que são gerados nos estados e
municípios. O Governo Federal praticamente não aporta recurso nenhum
para pagar o piso. Os recursos são gerados nos estados e principalmente
nos municípios”, explica Benato.
O presidente
da Amcespar explica que há um vácuo na lei e que isso gera as discussões
e incertezas ocorridas com o aumento do piso. “Se realmente a Lei e o
artigo da emenda constitucional nº108, o artigo nº 212-A, do inciso 12º,
fala que lei específica disporá sobre o piso, que vai nortear o piso.
Só que ainda nós não temos essa lei específica. Então não temos
segurança jurídica de instituir o piso nesse momento”, destacou.
Os
prefeitos estão inseguros de dar o aumento com receio que ocorra a
mesma situação do ano passado quando os prefeitos tentaram dar um
aumento para os servidores públicos. Os prefeitos tiveram que retroceder
do reajuste após o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR)
voltar atrás de uma orientação feita aos municípios que permitia esse
reajuste, mesmo tendo uma lei que proibia o reajuste na pandemia. O ato
ocorreu após um posicionamento do ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Alexandre de Moraes, que cassou algumas decisões do Tribunal que
permitiam o reajuste durante a pandemia. “O Tribunal de Contas tinha
dado um parecer favorável para a composição do inflacionário. Só que
veio uma decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes proibindo
dizendo não, não pode e a gente que teve que fazer suspensão rapidamente
durante três, quatro meses do ano passado, então criou-se uma
insegurança jurídica”, explicou Benato.
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O
presidente da Amcespar destacou a dificuldade tomar uma decisão em meio à
insegurança jurídica. “Além dessa insegurança de cumprir o piso de
33,24%, nós temos a situação também que é a dessa insegurança jurídica.
Qual é a segurança que nós temos, a lei que norteia isso aí? Igual a lei
173 que o Tribunal de Contas diz que sim e o ministro diz que não. Qual
que é a lei que está falando deve ser feito?”, indagou.
Por
isso, os prefeitos estão aguardando para verificar se haverá uma lei ou
uma decisão para que o aumento possa ser concretizado. “Nós estamos
aguardando alguma coisa que nos dê segurança de instituir o piso. Se ele
realmente prevalecer, vamos ter que fazer. Quem sabe dispensando outros
tipos de funcionários, médicos e outros profissionais, cargos
comissionados, para poder cumprir e não ultrapassar o nosso limite
prudencial”, avalia Benato.
Um dos temores é
que o aumento tenha uma influência muito significativa nos orçamentos
dos municípios. “25 a 30% das folhas de pagamento das prefeituras são em
cima do magistério. São em cima dos profissionais da educação. Porque
eles são maior número da categoria, são os professores. Isso vai dar um
impacto muito grande e alguns municípios vão atingir o limite prudencial
em folha de pagamento”, disse.
Benato destaca
que os prefeitos estão em uma gangorra onde esperam que algo concreto
possa ajudar na decisão. “De um lado você trabalha contra não infringir a
lei de responsabilidade fiscal e o outro lado é cumprir o que vem de
determinação, se tiver lei específica para isso que é a do piso nacional
do profissional”, afirmou.
Os municípios estão
seguindo a orientação dada pela Confederação Nacional de Municípios
(CNM) que apontou essa insegurança jurídica no aumento e pediu que fosse
dado um reajuste inflacionário. “É isso que a CNM está nos falando. Ela
dá instrução que durante esse período, para que não tenha nenhum ganho,
que o profissional deixa de ganhar, que a gente dê o índice
inflacionário e os municípios fizeram”, disse.
Benato
explica que a CNM tem trabalhado para que o reajuste seja de acordo com
a inflação. “O indexador que norteia o inflacionário, que não tenha
perda, é o IPCA ou INPC, que varia muito pouco uma coisa da outra. Nós
precisamos do indexador, que tenha um indexador que norteie a subida de
um valor do piso. Assim como é feito no salário mínimo, assim como é
feito os indexadores quando eles colocam quanto que foi de inflação,
quanto subiu o produto, tem que ter um indicador. Essa é a negociação da
CNM”, explica.
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O presidente da Amcespar ainda
destacou que caso os sindicatos entrem na Justiça e os municípios sejam
obrigados a pagar o reajuste, a situação ficará mais fácil de ser
atendida porque haverá uma decisão jurídica sobre o assunto. “O que nós
vamos se nortear? Pelo Twitter do presidente que declarou? Pela nota de
esclarecimento do MEC? Pelo parecer da Advocacia Geral da União? Ou por
uma portaria interministerial? Nenhum tem força de lei. Agora, se o
sindicato entrar contra os municípios e ganharem, pelo menos tem uma
segurança jurídica de cumprir. Porque aí tem um julgamento do juiz que
diz cumpra-se ou não se cumpra. Nós somos precisamos exatamente disso”,
disse.
Em Inácio Martins, os aportes na saúde
ajudaram o município a conseguir melhorar alguns serviços e com o
transporte escolar parado, foi possível reformar algumas escolas. Mesmo
assim, o prefeito de Inácio Martins diz que com a volta das atividades
presenciais, há receio se haverá orçamento para cobrir todas as
despesas. “Nós tivemos um aporte financeiro na saúde. Isso foi bastante
polêmico, nós encorpamos o nosso sistema de saúde. Então, conseguiu
equilibrar nossas contas. Nós tivemos uma economia na parte educacional
porque não tivemos o transporte escolar funcionando. Nós não tivemos
despesa de merenda escolar nas escolas. Nós podemos dar férias para
muitos professores e colocar tudo em ordem. E sobrou recurso para nós
reformarmos as escolas que nunca tinha nem oportunidade de tempo, nem
recurso financeiro para reforma das escolas. Nós conseguimos fazer esse
trabalho. Nós tivemos um equilíbrio financeiro, porém agora volta à
normalidade, então não sabemos, nós dependemos da economia”, conta.
Ainda
na área de educação, a prefeitura de Inácio Martins deve continuar com o
pagamento de transporte universitário para quem cursa faculdade em
outros municípios. Uma associação de estudantes foi criada para que o
município possa auxiliar financeiramente quem estuda em outras cidades.
“Há três anos seguidos, nós estamos aportando meio milhão de reais. R$
500 mil, para custear o transporte escolar dos universitários, no valor
total de R$ 577 mil anual.
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O município mensalmente deposita para a Amiu,
que é a Associação Martinense dos Estudantes Universitários,
determinado valor, que eles pagam o transporte escolar. Isso gera uma
mensalidade no transporte ainda para eles, em torno de R$ 60 a R$ 70,
bem acessível. Custa R$ 577 mil no ano. O município aporta R$ 500 mil,
depositado mensalmente, fracionado durante os meses letivos e os alunos
custeiam o restante que seria R$ 77 mil, em uma mensalidade de
aproximadamente R$ 60 por mês, um valor muito baixo”, afirma.
Na
região, os municípios ainda enfrentam problemas com o transporte
escolar, com atrasos e dificuldades. Em Inácio Martins, ocorre o mesmo
problema, principalmente com os Colégios Cívico-Militares. “A maior
parte dos nossos municípios ganhou o Colégio Militar. Foram votados, uma
audiência pública, votação, eles foram instituídos na nossa Regional.
Acho que seis municípios ganharam Colégios Cívico-Militar. Ele tem
horário diferenciado. As aulas são maiores, são mais extensas, eles
entram às 6h50. O do município entra às 7h30. Tem uma lacuna entre 6h50 e
7h30. Onde que vai ficar esse aluno? Que é a dualidade. Eles entram no
mesmo ônibus. O que vai para o cívico-militar ou, às vezes, aqueles que
vai para o Estadual, porque tem as escolas estaduais, e aqueles que vai
para o município”, conta.
Para o prefeito, a
dificuldade é que os municípios não recebem recursos suficientes para
realizar o transporte escolar. “O município tem os seus alunos, o
cívico-militar e o Estadual. Às vezes, eles dão até 50%. Os governos não
transferem 30% do gasto no transporte escolar. Como é que nós vamos
bancar? Mais uma conta que é das prefeituras. Nós estamos bancando o que
é de responsabilidade do Estado e da União também que tem a
responsabilidade”, disse.
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