Conheça a jogadora que tem mais título de melhor do mundo do que o Messi e a Marta

By: INTERVALO DA NOTICIAS

Texto: UOL – Imagem: Divulgação

Quando se fala em melhor jogador (ou jogadora do mundo), quais nomes vêm à cabeça? Lionel Messi, com seis prêmios da Fifa, Cristiano Ronaldo (com cinco) ou Marta (também com seis), certo? Seria a resposta óbvia, mas no futsal o nome dominante é o de Amanda Lyssa, ou simplesmente Amandinha, que ganhou o sétimo prêmio de melhor do mundo no mês passado.

A cearense de 26 anos e apenas 1,58 de altura é unanimidade nas quadras de futsal. 

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Os pés, tamanho 34, fazem estrago nas defesas adversárias. A velocidade, a inteligência e o espírito de liderança (dentro e fora da quadra) fazem da jovem alvo certeiro para as propostas do exterior e até para se aventurar no futebol de campo, como fez o ídolo Falcão. Mas ela diz não. Prefere continuar no Leoas da Serra, de Lages-SC, time pelo qual atua há quase cinco anos. Tudo por um firme propósito: ajudar a mudar o patamar do futsal no Brasil.

Se vai dar certo? Não se sabe. Mas que ela está há muito tentando, é fato: dos quitutes vendidos com a mãe em Fortaleza, passando pelas orientações do primeiro técnico, André Lima, aos desafios para ser aceita em times apenas de meninos e um grave problema de saúde que a fez temer pela vida, até à postura de líder e agente política, ela está tentando.

Cirurgia e susto: "Pequeno milagre"

Antes de ganhar o sétimo prémio de melhor do mundo, Amandinha enfrentou uma das maiores batalhas da sua vida fora das quadras. Em maio de 2020, um cisto se rompeu no seu ovário, provocando hemorragia. Ela foi internada às pressas e, na cirurgia, foi descoberto mais um. Um susto que a fez mudar seus hábitos.

"Eu estava bem da saúde, não tinha problema nenhum. Do nada, acordei com uma sensação de cólica. Eu já estava me preparando para ir treinar, mas de repente a cólica começou a ficar mais forte. [...] Eu comecei a ficar muito tonta, com pressão baixa e desmaiei. Naquele momento foi uma sensação de que eu iria morrer, por isso chamo o que aconteceu depois de milagre", descreve a jogadora.

Levada às pressas para o hospital, ela precisou fazer uma cirurgia de emergência. "Era um cisto que acabou se rompendo, espalhou sangue na minha barriga e aquilo me causou muita dor e o desmaio. Quando eu soube que teria que fazer uma cirurgia é que eu entendi não era tão simples como eu imaginava. O negócio estava realmente sério."

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Foram quase 40 dias sem poder praticar atividade física, com dependência até para tomar banho. Aos poucos tudo foi voltando ao normal. Como ela diz, "uma sensação de renascimento". O que todo esse processo ensinou? "Agora eu sei o momento de estar ligada e eu sei o momento de descansar, de cuidar de mim."

Primeiro treinador brigou para que ela jogasse entre meninos

O técnico André Lima (foto) não só incentivou a formação de Amandinha como atleta, ainda na infância, como chegou a brigar para que ela — única menina do grupo — participasse de um torneio.

"Na minha primeira competição, queriam me barrar [pelo fato de ser menina]. E ele: 'não, ela faz parte do meu time. Meu time só vai participar se ela puder participar e não tem diferença nenhuma, ela joga de igual para igual'. Ele bateu o pé, bateu o pé e eu consegui jogar a competição. A gente ganhou a competição. Me sinto muito orgulhosa dessa história porque ele lutou por mim. Ele simplesmente mostrou que eu tinha valor para ele, que eu fazia parte dos sentimentos dele. Eu carreguei aquilo para vida porque, quem sabe, se não fosse aquela persistência dele naquele momento, eu teria desistido e saído do futsal, do futebol, em si", relembra a atleta.

Um dos grandes responsáveis por fazer de Amandinha o que ela é hoje, André Lima sofreu um grave acidente de carro em 2016, perdeu os movimentos do corpo e precisa de cuidados intensivos.

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