By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O estudante de 17 anos, Adrian Silva Alves, recebeu uma oferta de emprego nesta segunda-feira (8) após doar um casaco para um morador de rua de Campo Grande, quando os termômetros marcavam em torno de 6°C. A atitude solidária do rapaz aconteceu no último sábado (6).
A proposta de emprego veio do leiloeiro Gustavo Corrêa, que viu a
reportagem durante uma pausa para o almoço em um restaurante de um posto
de combustíveis na capital e se emocionou com história do rapaz. Ele
entrou em contato com o G1 e ofereceu uma oportunidade de trabalho e qualificação ao jovem:
"Eu fiquei sensibilizado, as empresas precisam de gente de confiança e
vejo isso nele. Esse rapaz só precisa de oportunidade e nessa área que
trabalho, precisamos formar pessoas para um mercado que é bem
especializado", declara Gustavo.
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A família de Adrian foi avisada e o pai do rapaz, após conversar com o empresário, confirmou ao G1
que na quinta-feira (11) o acompanhará até o escritório para acertar os
detalhes da contratação. De acordo com o leiloeiro, Adrian receberá
treinamento e trabalhará com sistemas de informática, área em que ele
tem conhecimento. O jovem cumprirá jornada de modo que possa conciliar
com os estudos e receberá salário fixo com carteira assinada.
Adrian revelou que não falta ao curso porque quer qualificar-se para
conseguir um emprego e ajudar a família: "Eu já entreguei uns
currículos, mas é complicado porque as pessoas acham que jovem não
consegue desenvolver algo. Os jovens são o futuro, têm muito a
oferecer", declara.
De família humilde, ele tirou uma foto apenas para justificar à mãe
porque voltaria para casa sem o casaco, que costumava dividir com ela.
Aquele era o único casaco pesado que o jovem possuía - os outros 3 são
agasalhos finos que ele usava sobrepostos para enfrentar o frio intenso e
chegar até o curso técnico na manhã mais gelada do ano em MS.
"Ele sempre teve bom coração", diz mãe
Na entrevista exibida no MSTV 1° Edição da TV Morena, a família fala
sobre a solidariedade real, de dividir com o próximo não aquilo que
sobra, mas o que é necessário: "Eu tenho pouco, mas ele não tinha nada", relembra o menino, emocionado.
A família mora no bairro Los Angeles, na capital. Na casa vivem os pais
do estudante e uma irmã. O pai de Adrian é guarda municipal e conta que
sempre incentivou os filhos a ajudarem:
"O pouco que a gente tem dá sempre para dividir com alguém, sempre tem alguém que está precisando mais que você.
A mãe do menino conta que ele sempre teve bom coração: "Desde
pequenininho ele sempre foi assim. Acho que a pessoa já nasce. Não
adianta eu falar para vocês que ensinei, porque o mérito não é só meu,
eu acho que ele já nasceu. As pessoas que cercaram ele sempre foram boas
e ele aprendeu isso".
Ao relembrar o momento, Adrian fica emocionado:
"Eu tenho pouco mas ele não tinha nada e isso tocou dentro de mim,
sabe? Antes ele ter um pouco junto comigo, do que eu ter um pouco e ele
não ter nada.
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Às vezes a gente pode fazer uma coisa pelo próximo e a
gente não faz, a gente só olha. Uma coisa que eu aprendi muito legal é
que um 'bom dia' muda a vida de uma pessoa e são gestos assim que o
mundo precisa", declara.
Atitude do jovem foi flagrada por câmeras de segurança
Imagens de câmeras de segurança em frente à TV Morena mostram Adrian
caminhando em direção à instituição. Quando olha para o outro lado, vê o
homem na calçada, segue mais um pouco, para e depois retorna e
atravessa a rua. As câmeras não alcançam quando o menino entrega o
casaco e R$ 4 ao morador, que se identificou como Arlan Cândido Vieira,
de 35 anos, mas flagram quando ele volta já sem um dos dois casacos que
vestia e conversando com a mãe pelo WhatsApp.
Arlan, o morador de rua, é de poucas palavras e não quis ser fotografado
pela reportagem, mas afirma ter ficado agradecido com o gesto do
adolescente. "Se eu pudesse ajudar alguém, também ajudaria", diz. Ele
conta que havia passado a noite no Centro da capital sul-mato-grossense e
no início da manhã seguiu para o bairro, onde o estudante encontrou-o.
Andréia Maria Silva Lopes é mãe de Adrian e diz que procura ensinar o
filho a importância de ajudar ao próximo e do estudo. "Ele é meu braço
direito". Além do curso técnico, o garoto cursa o 3º ano do ensino médio
em uma escola pública da capital
Horas depois, já no fim da manhã, quando Adrian saía do curso, os dois
se encontraram no mesmo local. Eles se cumprimentaram e o menino ainda
disse que se estivesse com o violão "cantaria umas modas [de viola]"
para ele.
Assista AQUI a reportagem.
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