By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: Divulgação
O tratamento da criança havia sido aceito pelo Jackson Memorial Hospital, em Miami, especializado em transplante de órgãos intestinais em crianças, mas a avaliação dos especialistas apontou que o menino não estava apto para a cirurgia. Ele desembarcou com os pais no Aeroporto Internacional de Guarulhos e foi levado para o Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, na Bela Vista, região central na capital, onde passará por uma série de exames.
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Davi Miguel nasceu em Franca, no interior de São Paulo, com
uma síndrome rara no intestino, a doença da inclusão das microvilosidades
intestinais, conhecida como diarreia intratável, que impede a absorção de
alimentos. Desde o nascimento, ele foi alimentado por sondas.
A doença exige o transplante de órgãos intestinais, mas a família descobriu
que, no Brasil, só eram operadas crianças com peso superior a dez quilos. Como
o bebê pesava, na época, apenas seis quilos e tinha dificuldade para ganhar
peso, os pais entraram na Justiça para realizar o tratamento no exterior,
custeado pelo governo brasileiro. Enquanto aguardava a decisão judicial, a
família iniciou uma campanha na internet e conseguiu arrecadar R$ 1,5 milhão.A campanha “Movidos pela Vida – Davi Miguel” mobilizou, além de Franca, várias cidades do interior paulista e ganhou a adesão de personalidades e jogadores de futebol. Em pouco tempo, a página criada pela família em rede social atingiu mais de 100 mil seguidores – nesta sexta-feira, eram 174,4 mil.
A cirurgia nos Estados Unidos custaria R$ 2,7 milhões, além das despesas de internação, avaliadas em outros R$ 2 milhões. Um ano depois, a Justiça Federal autorizou o custeio das despesas pela União, mas determinou que 70% do dinheiro arrecadado na campanha fossem usados para o tratamento.
Davi Miguel e os pais, Dinea e Jesimar Gama, viajaram no início de agosto de 2015. A expectativa era de que ele conseguisse um doador, mas a criança nem chegou a entrar na fila americana de doações de órgãos por não ter adquirido as condições para o transplante.
A equipe médica do Jackson Memorial considerou que o menino não estava apto para o transplante por ter apresentado tromboses nas veias devido ao constante uso de catéteres para alimentação. Em março do ano passado, o hospital emitiu nota dizendo que sua equipe médica havia informado à família e ao governo brasileiro que, até aquele momento, Davi não tinha adquirido condições para o transplante, devido às suas condições de saúde, e que seria melhor ele voltar para o Brasil.
“Os centros de transplantes americanos, incluindo o Miami Transplant Institute, no Jackson, aderem a estatutos e políticas estabelecidas pela Regra de Aquisição e Transplante de Órgãos. Esses regulamentos são projetados para cumprir os requisitos da Regra Final, que priorizam a alocação de órgãos escassos a pacientes que estão mais propensos a sobreviver e a prosperar na jornada do transplante, o que inclui a necessidade de acompanhamento de cuidados médicos e medicamentos pós-transplantes ao longo da vida”, divulgou, na ocasião.
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Conforme o hospital, foi preciso avaliar detidamente as condições
da criança para indeferir o transplante.A família decidiu ficar nos Estados Unidos por alimentar esperanças de que o filho iria se recuperar das tromboses e ficar em condições de se habilitar para o transplante, o que não aconteceu. Nesse período, a família consumiu os 30% do dinheiro arrecadado em campanhas (R$ 450 mil) para se manter no país. Os cateteres e os tratamentos médicos continuavam sendo pagos pelo governo brasileiro, conforme a decisão judicial.
Retorno
No final do ano passado, a Justiça Federal foi comunicada de que a cirurgia não seria realizada pelo Jackson Memorial. O retorno dele foi acertado também no final de 2018 em audiência de conciliação entre o Ministério da Saúde e advogados da família, que pretendia continuar tentando tratar o filho nos Estados Unidos, mas foi convencida a retornar. Nessa audiência, o ministério se comprometeu a atender o paciente no Sistema Único de Saúde (SUS) após seu retorno ao Brasil.
Segundo o pai de Davi Miguel, Jesimar Gama, a expectativa é de que o filho consiga crescer com saúde até que possa ser operado, já adulto, no sistema de saúde brasileiro. Gama diz que é preciso que as veias se restabeleçam e se recanalizem para ele estar em condições de tentar o transplante, o que não é possível agora.
Ainda segundo o pai, não se fala em devolução de dinheiro, pois 70% dos recursos arrecadados – cerca de R$ 1 milhão -, que seriam usados na cirurgia, ficaram bloqueados pelo governo. Os advogados da família ainda discutem com o governo a destinação desses recursos.
O retorno para o Brasil só foi definido depois de avaliadas as condições da criança para a viagem e para continuar o tratamento Familiares relataram que Davi Miguel passou bem durante o voo, sorriu e conversou com outros passageiros.
No hospital paulistano, a equipe vai compatibilizar os protocolos nacionais com aqueles usados nos Estados Unidos e a família passará por treinamento para cuidar da nutrição parenteral. Depois disso, a criança voltará a morar com os pais, em Franca, assistida por serviço de home care. Davi Miguel será acompanhado pela equipe do Menino Jesus, que o atenderá pelo SUS
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