By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RADIO NAJUA – Imagem: Divulgação
A confirmação foi dada nesta semana, em reunião realizada na quarta (24) e quinta (25), em Curitiba, com representantes do órgão federal e diversas entidades do setor agropecuário do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, que integram o Bloco V do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA). Desse bloco, Santa Catarina já é avaliada como livre da aftosa sem vacinação.
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Nessa reunião, o chefe da Gerência de Saúde Animal (GSA), o
veterinário Rafael Gonçalves Dias, apresentou dados relativos à evolução
dos trabalhos de combate à febre aftosa, principalmente os cadastros
das propriedades com bovinos, a vigilância das doenças animais, o
controle do trânsito animal.A princípio, o calendário do PNEFA previa que a última etapa de imunização do rebanho bovino e bubalino seria em maio de 2020, para o Bloco V, formado pelos estados do Sul, pelo Mato Grosso e pelo Mato Grosso do Sul. O Paraná conseguiu comprovar que seu serviço de defesa agropecuária está bem estruturado e que as etapas do cronograma foram rigorosamente cumpridas, o que levou o MAPA a aprovar a antecipação da retirada da vacina. Assim, o Estado vai poder solicitar o status de área livre da aftosa sem vacina, junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) já em setembro de 2020, com reconhecimento realizado na Assembleia Geral de maio de 2021.
Conforme a médica veterinária Cristina Barra do Amaral Bittencourt, da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (ADAPAR), o Estado solicitou, de forma independente, ser incluído no rol de áreas livres da febre aftosa sem vacina. “Os outros estados que integram o bloco V – MT, MS, SC e RS – vão ter que esperar até 2021. Mas o Paraná, como estava num estágio mais adiantado, ele foi na frente e pediu para antecipar essa parada da vacinação após essa campanha que vamos começar”, explica.
Segundo Cristina, o Paraná pediu essa antecipação e foi atendido pelo Ministério de Agricultura e Abastecimento (MAPA) graças ao fato de ter atendido aos requisitos do PNEFA. “Já faz 50 anos que o Paraná vem fazendo o controle dessa doença e vacinando os animais. Foi feito um bom controle de vacinação. Temos feito também um bom controle de trânsito animal. Existem os controles das barreiras [sanitárias]; de toda essa parte do trânsito; os controles nos eventos agropecuários, onde participam animais; a nossa parte, fazendo a vigilância. Inclusive, fazemos a vigilância de doenças que são semelhantes à febre aftosa, que às vezes aparecem e temos que fazer coleta de material, enviar para um laboratório, fazer o diagnóstico correto. Nem tudo é visto, mas é feito um trabalho bem grande, bem intenso, e nosso carro-chefe é [o combate a] a febre aftosa”, detalha a veterinária.
No ano passado, o MAPA realizou auditorias em janeiro e em agosto. “O Estado foi bem avaliado, faltando apenas algumas medidas corretivas que já estão em andamento”, afirma.
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Nas últimas campanhas, realizadas em maio e novembro, os
municípios abrangidos pela Unidade Local de Sanidade Agropecuária (ULSA)
de Irati, que também abrange Inácio Martins tiveram bons resultados,
com a imunização de 98% dos animais. “Alguns produtores se mudam, ou
abateram animais e não fizeram a comunicação. Às vezes, demoramos para
encontrar essas pessoas”, comenta.
No âmbito da Unidade Regional de Sanidade Agropecuária (URS) de Irati, que abrange também as cidades de Inácio Martins, Mallet, Rio Azul, Rebouças, Teixeira Soares, Fernandes Pinheiro, Imbituva, Guamiranga e Ivaí, os resultados foram ainda melhores. “Mas os trabalhos estão muito bons em nossa região toda. Tivemos resultados de 100% de vacinação em alguns municípios. Então, está devidamente controlada a doença”, ressalta.
A retirada definitiva da vacina no Paraná depende de um ótimo resultado na campanha que se inicia na próxima quarta (1º). “Não é porque é a última, que os produtores vão relaxar. Muito pelo contrário. Temos que fechar com chave de ouro. Cada um tem que ser responsável sobre seu rebanho e fazer com capricho essa vacinação, para atingirmos mais de 98% de vacinados. Outra coisa que falta é estruturar algumas barreiras com o estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Falta também o reforço de pessoal para atender a algumas barreiras e a algumas unidades veterinárias”, enaltece. Esse reforço de pessoal já está sendo negociado com o governador Ratinho Júnior e espera-se que haja a contratação até setembro.
Campanha
A vacinação do mês de maio ocorrerá da mesma forma como se procedeu nas campanhas de anos anteriores. Devem ser vacinados todos os bovinos e bubalinos com idades entre zero e 24 meses. Animais com mais de dois anos não precisam ser vacinados, mas eles devem constar no comprovante de vacinação que o pecuarista declara, como animais existentes no rebanho. A meta é vacinar 100% dos animais nessa faixa etária, que representa em torno de 40% de todo o rebanho.
“Chegou uma vacina nova no mercado. Os vírus da febre aftosa são de três tipos: O, A e C. O Ministério da Agricultura autorizou que fosse retirado o vírus C. Ficaram só os outros dois vírus, que eram mais comuns de aparecer. Com isso, conseguiram diminuir um pouco a dose. As novas vacinas, que vão servir para essa campanha só, são de 2ml. Ainda existe a vacina de 5ml, que já usávamos, que os produtores já conhecem muito bem. Algumas lojas ainda têm dessas aí e elas podem ser adquiridas, sem problema nenhum. A única coisa é que a vacinação [com a dose de 5ml] deverá ser acompanhada pela ADAPAR”, orienta.
Produtores que, eventualmente, não tenham nenhum animal com menos de dois anos em suas propriedades, não precisam aplicar vacinação. Entretanto, eles não podem deixar de preencher a comprovação de seu rebanho, uma atualização sobre o número de animais na propriedade.
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Para fazer essa comprovação do rebanho, Cristina instrui que o
produtor estabeleça uma classificação de seus animais, separando-os por
sexo e idade: de até um ano, de um a dois, de dois a três e os com mais
de três anos. “Anote também os animais de outras espécies,
principalmente as de casco partido, que também são suscetíveis à febre
aftosa, como carneiros, cabritos e suínos. Se ele quiser, no momento da
compra da vacina a própria loja veterinária pode fazer a comprovação
online, como já tem sido feito”, acrescenta.Também é possível fazer a comprovação vacinando-se os animais na propriedade, anotar quais e quantos animais foram imunizados e trazer ao escritório da ADAPAR a relação e a nota fiscal das vacinas.
Quem não vacinar estará sujeito a um auto de infração, que converte em multa. “A multa mínima é de R$ 1.024,90, ou dez Unidades de Padrão Fiscal do Paraná (UPF-PR). Para se ter uma ideia, um vidrinho da vacina antiga (de 5ml), custa em torno de R$ 18, e a vacina nova, um pouquinho mais, cerca de R$ 23”, diz.
“É muito mais fácil manter a sanidade do rebanho do Estado, o que vai reverter em recursos para ele mesmo, mais adiante, com a valorização dos produtos da agropecuária do Paraná”, observa.
Próximos passos
Concluída a campanha de vacinação e cumpridas as demais exigências, o Ministério da Agricultura deverá realizar exames de sorologia, através da coleta de sangue dos animais para verificar a imunização. “Vai ser adaptada a legislação, porque vai ter algumas diferenças. Não vai mais poder entrar gado dos estados que continuam vacinando, aqui no Paraná. Somente de Santa Catarina para cá. A vacinação não vai mais existir, e será substituída pela atualização cadastral. E será encaminhado o pedido para o reconhecimento de área livre da febre aftosa sem vacinação”, aponta.
Integrantes do Ministério da Agricultura e entidades de defesa sanitária agropecuária vão até Paris, na França, na sede da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), entregar o relatório e pedir a aprovação do Paraná como livre de febre aftosa sem vacinação.
No dia 21 de maio, um Fórum em Guarapuava vai explicar os procedimentos para que o Estado do Paraná seja, definitivamente, declarado como livre da febre aftosa sem vacinação. O evento será no campus Santa Cruz, da Universidade Estadual do Centro-Oestes do Paraná (Unicentro), em Guarapuava, das 13 às 16h.
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Ampliação do mercado de exportação
A exemplo do que ocorreu com Santa Catarina, livrar o Paraná da vacinação contra a febre aftosa contribui para a ampliação do mercado de exportação. Santa Catarina consegue acessar mercados que pagam mais pela carne, como a Coreia do Sul. Em 2017, por exemplo, a tonelada do frango paranaense foi exportada por US$ 1.595,65, em média, enquanto que a tonelada da ave de Santa Catarina foi comercializada em média por US$ 1.867,98, valor cerca de 17% superior.
A estimativa da ADAPAR é que o novo status sanitário dobre o volume de exportações de carne suína, de 107 para 200 toneladas ao ano. Para isso, basta o Paraná conquistar 2% do mercado potencial, liderado por Japão, México e Coreia do Sul, que pagam mais pelo produto com reconhecida qualidade sanitária, e representam 64% do comércio mundial de carne suína. Com o reconhecimento de área livre de febre aftosa sem vacinação, o Paraná poderia exportar, sem restrições, para esses países que compram cerca de 5 milhões de toneladas de carne suína por ano, o equivalente a seis vezes as exportações atuais.
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