segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Aos 53 anos, guarapuavano que ficou cego é exemplo de superação


By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: REDE SUL DE NOTICIAS Imagem: Divulgação

Ele nasceu pelas mãos de uma parteira em 24 de janeiro de 1966, no bairro Santa Cruz em Guarapuava. Márcio Gomes de Oliveira, acabou de completar 53 anos de vida.
Uma vida simples, em alguns momentos desafiadora. Mas com uma história rica, cheia de determinação e coragem. Exemplo de vida pra muita gente. Por telefone, o homem de fala mansa e fácil, começou a contar a própria história. E que história.
Márcio teve catarata congênita, ou seja, nasceu com a doença que reduziu a visão para apenas 5% nos dois olhos. Ele cresceu assim. Aos 7 anos foi para a escola cursar o primeiro ano do ensino fundamental.
Mas a falta de estudo e a visão reduzida em 95% nos dois olhos, não limitaram a forma como Márcio via o mundo. Ele enfrentou o que a vida tinha lhe reservado.
No mercado de trabalho só sobrou serviço braçal.
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O jovem se casou. Da união com a esposa Sirlei, hoje também com 53 anos, nasceu o filho Marcelo. Os estudos não foram esquecidos. Mas só aos 28 anos, é que ele retornou às salas de aula. E delas [das salas de aula], só saiu após concluir o ensino médio. Que visão de mundo!
Mas há oito anos, Márcio enfrentou mais um obstáculo: com o descolamento da retina do olho direito, passou a enxergar 5% apenas com o olho esquerdo. Visão que também deixou de ter há dois anos, e pelo mesmo motivo. Hoje Márcio é 100% cego. Mas o que falta aos olhos sobram nas mãos, no coração, no ouvido e no tato.
“Eu comprei um sítio há 10 anos no Distrito do Guairacá, e faz nove anos que moro lá”, comentou entusiasmado. Até aí tudo bem. Mas se já é difícil imaginar viver sem enxergar na cidade, o que dizer então desse guarapuavano que escolheu a tranquilidade da área rural e a proximidade com a natureza, para morar com a esposa? A surpresa veio quando o produtor rural contou tudo o que faz sozinho, na propriedade.
Márcio diz que para tirar leite das vacas, é só chegar perto do estábulo e chamar os animais pelo nome. “Elas vem até mim e eu tiro o leite sossegado”. A locomoção de um lado ao outro do sítio, não é problema. Ele conhece cada pedaço de chão da propriedade.
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Para se locomover ele conta que se guia pelo rastro dos animais e pelas cercas. “A cegueira não me limita em nada. Eu ando normalmente pelo sítio”. Não é novidade que o trabalho do dia a dia no campo é pesado. Mas pra ele, parece que não. “Faço até cerca de arame, e não me machuco. Faço com mais atenção”, ele explica.
Essa habilidade vai sair do anonimato. Márcio quer divulgar um pouco das coisas que faz sozinho, mesmo sem exergar. O objetivo segundo ele, é “ajudar outras pessoas que possam estar passando por algo parecido ou mesmo que tenham limitação de visão”.
Em um canal no youtube, ele quer mostrar a rotina de trabalho com vídeos gravados pela família. Abaixo, você acompanha alguns trechos do vídeo publicado na íntegra no ‘Canal do Márcio’.

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