By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: REDE SUL DE NOTICIAS – Imagem: Divulgação
Uma vida simples, em alguns momentos desafiadora. Mas com uma história rica, cheia de determinação e coragem. Exemplo de vida pra muita gente. Por telefone, o homem de fala mansa e fácil, começou a contar a própria história. E que história.
Márcio teve catarata congênita, ou seja, nasceu com a doença que reduziu a visão para apenas 5% nos dois olhos. Ele cresceu assim. Aos 7 anos foi para a escola cursar o primeiro ano do ensino fundamental.
Mas a falta de estudo e a visão reduzida em 95% nos dois olhos, não limitaram a forma como Márcio via o mundo. Ele enfrentou o que a vida tinha lhe reservado.
No mercado de trabalho só sobrou serviço braçal.
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O jovem se casou. Da união com a esposa Sirlei, hoje também com 53
anos, nasceu o filho Marcelo. Os estudos não foram esquecidos. Mas só
aos 28 anos, é que ele retornou às salas de aula. E delas [das salas de
aula], só saiu após concluir o ensino médio. Que visão de mundo!Mas há oito anos, Márcio enfrentou mais um obstáculo: com o descolamento da retina do olho direito, passou a enxergar 5% apenas com o olho esquerdo. Visão que também deixou de ter há dois anos, e pelo mesmo motivo. Hoje Márcio é 100% cego. Mas o que falta aos olhos sobram nas mãos, no coração, no ouvido e no tato.
“Eu comprei um sítio há 10 anos no Distrito do Guairacá, e faz nove anos que moro lá”, comentou entusiasmado. Até aí tudo bem. Mas se já é difícil imaginar viver sem enxergar na cidade, o que dizer então desse guarapuavano que escolheu a tranquilidade da área rural e a proximidade com a natureza, para morar com a esposa? A surpresa veio quando o produtor rural contou tudo o que faz sozinho, na propriedade.
Márcio diz que para tirar leite das vacas, é só chegar perto do estábulo e chamar os animais pelo nome. “Elas vem até mim e eu tiro o leite sossegado”. A locomoção de um lado ao outro do sítio, não é problema. Ele conhece cada pedaço de chão da propriedade.
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Para se locomover ele conta que se guia pelo rastro dos animais e pelas cercas. “A cegueira não me limita em nada. Eu ando normalmente pelo sítio”. Não é novidade que o trabalho do dia a dia no campo é pesado. Mas pra ele, parece que não. “Faço até cerca de arame, e não me machuco. Faço com mais atenção”, ele explica.
Essa habilidade vai sair do anonimato. Márcio quer divulgar um pouco das coisas que faz sozinho, mesmo sem exergar. O objetivo segundo ele, é “ajudar outras pessoas que possam estar passando por algo parecido ou mesmo que tenham limitação de visão”.
Em um canal no youtube, ele quer mostrar a rotina de trabalho com vídeos gravados pela família. Abaixo, você acompanha alguns trechos do vídeo publicado na íntegra no ‘Canal do Márcio’.
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