quinta-feira, 8 de maio de 2014

Portuguesa é punida no STJD, perde pontos, mas escapa de exclusão da Série B



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Rádio Najuá Imagem: Pedro Henrique Torre (ESPN)


De novo, julgada. E, de novo, punida. Depois do caso Heverton em 2013, a Portuguesa voltou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva nesta quarta-feira, e acabou penalizada, por unanimidade, com a perda de três pontos e multa de R$ 50 mil pela Quinta Comissão Disciplinar, no Rio de Janeiro. O clube poderia ter sido excluído da competição, mas a pena foi descartada. O motivo foi o abandono da partida de estreia na Série B do Brasileiro, aos 17 minutos do primeiro tempo, no dia 18 de abril, contra o Joinville. O clube catarinense foi declarado vencedor do jogo, com triunfo de 3 a 0, pelo tribunal.
O clube alegou que cumpriu a decisão de uma liminar obtida por um torcedor que obrigava a CBF a incluir a Portuguesa na Série A. A decisão não é definitiva e o clube paulista pode recorrer ao Pleno do STJD. Também citados no processo, o técnico Argel Fucks acabou punido com quatro jogos de suspensão e o presidente do clube, Ilídio Lico, pegou gancho de 240 dias, além de multa de R$ 80 mil. Já Marcos Rogério Lico, dirigente da Portuguesa e filho do presidente, acabou punido com 240 dias de suspensão e multa de R$ 100 mil. 
Antes do início do julgamento, o advogado Osvaldo Sestário, advogado da própria Lusa em 2013 no julgamento de Heverton, pediu ao tribunal o ingresso de outros clubes como partes interessadas, como já fizera o Joinville: Paraná, Luverdense, Icasa, Atlético-GO, Oeste, Santa Cruz e ABC. Todos os pedidos, no entanto, foram negados.
A Portuguesa fora denunciada em dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): o 205 (impedir o prosseguimento da partida que estiver disputando, por insuficiência numérica intencional de seus atletas ou por qualquer outra forma) e o 231 (pleitear, antes de esgotadas todas as instâncias da Justiça Desportiva, matéria referente à disciplina de competições perante o Poder Judiciário, ou beneficiar-se de medidas obtidas pelos mesmos meios por terceiro).
As penas tinham previsão de perda de pontos para o adversário, multa de R$ 100 mil e até mesmo exclusão do campeonato. De início, a Procuradoria apresentou prova em vídeo da partida, mas sem áudio. A Portuguesa, representada pelo , requisitou a utilização da internet, do site Youtube, para acessar um vídeo e utilizá-lo como prova de defesa.
O presidente da Quinta Comissão acatou e um laptop foi levado até o tribunal. Ao redor dele, todos auditores e os representantes dos clubes se aglomeraram para observar o fato. Com a demora em carregar o vídeo, a Portuguesa desistiu da prova. O primeiro a ser chamado a depor foi o presidente da Portuguesa, Ilídio Lico. Questionado duramente pelso auditores se fora intimado de maneira oficial a tirar o time de cammpo, ele disse que não. E explicou que tomou a decisão motivado por um "terror".
"Fernando Guimarães ligou para mim dizendo que o autor faria uma queixa-crime. Fernando Guimarães faz parte do conselho da Portuguesa. É da minha confiança. Ele me disse que eu seria penalizado, até preso. Isso foi um terror", disse Ilídio Lico.
Reiterando que buscava respeitar a lei, Ilídio Lico fez um pedido ao tribunal e até colocou o cargo à disposição.
"A Portuguesa não pode mais ser prejudicada. Se tiver de entregar o cargo, eu até entrego. Posso ser penalizado. Mas não o clube. Jamais quis enfrentar a CBF, a Federação Paulista. Ninguém. Respeito José Maria Marin, doutor Marco Polo (del Nero). Fiquei em pânico por todo o terror que foi feito", completou Ilídio Lico.
'Ilegal e vergonhoso', diz Argel sobre abandono
Em seguida, o filho do presidente, Marcos Rogério Lico, foi chamado ao tribunal para contar a versão dos fatos. Marcos garantiu que a Portuguesa deixou a partida por determinação do delegado do jogo, diante da apresentação da liminar. Argel Fucks, técnico da Portuguesa, foi chamado a seguir. Ele garantiu apenas cumprir ordens.
"A partida foi interrompida pelo delegado. As imagens são claras. Pergunto para ele se é para parar o jogo. Ele diz que sim. Se o delegado não entrasse nós estaríamos na partida. Pela minha decisão a gente teria jogado o jogo. Mas sou funcionário do clube e acato ordens. A gente não ia viajar dois dias para chegar lá e não jogar", afirmou Argel Fucks.
O técnico ainda complementou que ele e os jogadores questionaram a diretoria da Portuguesa sobre a saída de campo e tentaram demovê-la da ideia, sem sucesso. Perguntado se tinha certeza que sua decisão de deixar o campo era correta, Argel foi enfático:
"Tenho certeza de que foi ilegal. E vergonhoso", vociferou o técnico.
O procurador Alessandro Kishino pediu a punição da Portuguesa, de Argel e dos dirigentes do clube argumentando que os depoimentos foram claramente contraditórios. Segundo Kishino, o abandono da Portuguesa de campo foi combinado previamente. Neste momento, Ilídio Lico e Argel balançaram a cabeça negativamente, mostrando contrariedade com a acusação.
Advogado da Portuguesa, José Luiz Ferreira de Almeida negou qualquer combinação prévia para abandono em campo, lembrou que a CBF fora informada sobre a liminar desde o dia 11 de abril, uma semana antes da partida, e pediu a absolvição de todas as partes. Mas não houve jeito. Mais uma vez, a Portuguesa deixou o STJD derrotada.
 
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