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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: PARANA PORTAL – Imagem: Marcelo Camargo (Agência Brasil)O Partido Liberal, do ex-presidente Jair Bolsonaro, insiste em ação que
pede anulação do mandato do senador eleito pelo Paraná Sérgio Moro (UB).
O partido argumenta que as acusações que pesam contra o ex-juiz se
assemelham às que justificaram a cassação da ex-senadora Selma Arruda,
conhecida como “Moro de saias”, em 2020.
O processo, movido em
novembro de 2022, teve o sigilo levantado nesta semana pelo
desembargador Mário Helton Jorge, do Tribunal Regional Eleitoral do
Paraná (TRE-PR).
Segundo o jornal O Estadão, o partido de Jair Bolsonaro quer que a
cadeira do Estado no Senado seja assumida interinamente pelo deputado
federal Paulo Martins (PL-PR), segundo colocado na disputa que elegeu o
ex-juiz, e alega que o braço-direito e primeiro suplente de Moro, o
advogado Luís Felipe Cunha, se beneficiou com contratações que
ultrapassam R$ 1 milhão do União Brasil e do Podemos.
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A acusação
diz ainda que o senador obteve vantagem com a estrutura e a exposição
midiática de sua pré-candidatura à Presidência, comprometendo o
equilíbrio com os demais candidatos ao Senado.
A ex-juíza Selma Arruda ganhou o apelido “Moro de saias” após ficar
conhecida em Mato Grosso pelo histórico de decisões em casos de
corrupção. Eleita para o Senado em 2018, foi cassada por caixa 2 e abuso
de poder econômico, dada a “vultosa quantia de gastos que aconteceram
antes da campanha sem a devida contabilização”, segundo entendimento do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com matéria do
Estadão, a ex-juíza realizou despesas com fins eleitorais, como a
contratação de empresas de pesquisa e de marketing, antes do início
oficial do período de campanha, e, segundo o julgamento da Corte, saiu
com vantagem em relação aos demais candidatos. Na ação, o PL lembra que a
ex-juíza “perdeu o mandato eletivo justamente por ter se beneficiado de
serviços tipicamente eleitorais em período vedado”, relacionando o caso
à conduta de Moro.
Segundo o PL, os gastos iniciais de Moro no
Podemos, legenda pela qual concorreria à Presidência, resultaram em
benefícios eleitorais e, se levados em consideração, ultrapassam o teto
da campanha para senador, que é de cerca de R$ 4,4 milhões. Como mostrou
o Estadão, a pré-campanha presidencial de Moro custou ao menos R$ 2
milhões para o Podemos. O partido pagou a contratação de pesquisas,
segurança privada, viagens, aluguéis de carros e um salário de R$ 22 mil
ao ex-juiz. Essa despesa, porém, não foi incluída na prestação de
contas, pois ocorreu antes do período oficial de campanha.
O
conjunto das ações dos investigados (Moro e seus suplentes) é
orquestrado de forma a usufruir de estrutura e exposição de pré-campanha
presidencial para, num segundo momento, migrar para uma disputa de
menor visibilidade, menor circunscrição e teto de gastos vinte vezes
menor (a disputa pelo Senado), carregando consigo todas as vantagens e
benefícios acumulados indevidamente. O estratagema culminou no colapso
irremediável da igualdade de condições entre os concorrentes ao cargo de
senador no Estado do Paraná”, diz o PL no processo.
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Procurado,
Moro afirmou que ele e seus suplentes aguardam notificação pela Justiça
Eleitoral, mas disse ter certeza da lisura de suas ações. Ele chamou de
“absurda” e “fantasiosa” a alegação de que sua pré-campanha à
Presidência o teria beneficiado na disputa pelo Senado, dizendo que, na
verdade, a desistência da corrida pelo Planalto causou “óbvio desgaste
político e emocional”.
“Tentam nos medir com a régua deles. Mas
nossa retidão moral é inabalável e inquestionável, como será novamente
demonstrado. Ao final serão processados, eles sim, pelas falsidades
levantadas”, disse, em nota. Procurado, o Podemos afirmou que “o partido
não tem qualquer relação com a ação do PL contra Moro”Outra frente de argumentação do PL é que a contratação de empresas
ligadas a Luís Felipe Cunha, que viria a ser o primeiro-suplente de
Moro, indica o uso de recursos públicos para interesses pessoais e a
existência de um “caixa 2″ na campanha. O ex-juiz nega.
Em
dezembro de 2021, mês seguinte à filiação de Moro ao Podemos, o partido
contratou a empresa Bella Ciao Assessoria Empresarial, de Cunha, para
“elaboração de plano de governo”. O contrato previa o pagamento de R$
360 mil em parcelas mensais de R$ 30 mil, mas foi encerrado quando Moro
desistiu da disputa pelo Planalto e saiu da legenda, em março de 2022.
Segundo o PL, a interrupção “confirma que o serviço se prestava
exclusivamente à pré-campanha”. O processo também reúne atas da Junta
Comercial do Paraná que apontam que a empresa de Cunha alterou
formalmente sua área de atuação para supostamente se adequar à
contratação pelo Podemos.
Após a saída de Moro do Podemos, Luís
Felipe Cunha se filiou ao União Brasil junto com o ex-juiz, no fim de
março. O novo partido de Moro, então, contratou outra empresa de Cunha, a
Vosgerau e Cunha Advogados Associados, para prestar consultoria
jurídica pelo valor de R$ 1 milhão, pago em quatro parcelas de R$ 250
mil. Cunha foi eleito primeiro-suplente do senador em outubro pelo mesmo
partido.
“As contratações e movimentações financeiras entre partido, suplente e
empresas relacionadas impelem irrefreavelmente na direção de fundada
suspeita de ‘caixa 2′.
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O indício se agiganta com o contrato de empresa
de advocacia do segundo investigado (Cunha) pelo partido que acolhe os
candidatos, no valor de R$ 1 milhão, justamente no mês da mudança
partidária (abril de 2022)”, diz o PL no processo.
Consultado pelo
Estadão, o advogado especialista em direito eleitoral Alberto Rollo
afirmou que a contratação, a princípio, não é ilegal, desde que os
valores não sejam exagerados e que o serviço seja efetivamente prestado.
Porém, segundo ele, o caso demanda investigação, pois as condutas de
Moro e Cunha “podem parecer favorecimento a um interesse de filiado pago
com recursos públicos”.
Moro e Luís Felipe Cunha negaram a
existência de caixa dois na campanha e disseram, em nota conjunta, que o
PL tenta sustentar a acusação “apenas com matérias de blogs e notícias
plantadas”. “Não houve aplicação ilegal de recursos, tampouco caixa 2,
triangulação ou gastos além do limite”, afirmaram. PARTICIPE DO NOSSO GRUPO NO WHATSAPP.
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