segunda-feira, 15 de março de 2021

'Nestas 24 horas houve uma série de ataques a mim. Houve três tentativas de entrar no hotel', diz médica que rejeitou convite de Bolsonaro

By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação
Após a revelação pelo blog da Andréia Sadi de que ela era a principal cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello, a médica Ludhmila Hajjar passou a ser alvo de ataques das redes bolsonaristas. Em entrevista, ela disse que recebeu ameaças e que tentaram entrar em seu hotel.
"Nestas 24 horas houve uma série de ataques a mim. (...) Estou num hotel em Brasília, e houve três tentativas de entrar no hotel. Pessoas que diziam que estavam com o número do quarto e que eu estava esperando-os. Diziam que eram pessoas que faziam parte da minha equipe médica. Se não fossem os seguranças do hotel, não sei o que seria..."
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Ela também afirmou:
"Realmente foi assustador. Está sendo, porque eles não terminaram. Mas eu tenho muita coragem, e pelo Brasil eu estava disposto a passar por isso. Mas isso me assustou. Criaram perfis falsos meus em Twitter, perfis falsos em Instagram. Divulgaram meu celular em redes sociais. Imagina, eu sou uma médica, eu preciso do meu telefone para atender meus doentes. Eu recebo mais de 300 chamadas. Ameaças de morte. Houve uma tentativa de entrar no meu hotel no qual eu estou em Brasília. Houve ameaças à minha família. Então, tudo o que você imaginar de pessoas que eu só posso considerar que estejam lutando para o Brasil dar errado eu sofri" , disse.
Questionada sobre o que o presidente disse diante da campanha de ódio de que foi vítima, Ludhmila afirmou:
"Ele disse que faz parte."
A médica disse nesta segunda-feira (15) que não aceitou substituir Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde porque não havia "convergência técnica" entre ela e o governo. Em entrevista à GloboNews, Ludhmila defendeu medidas de isolamento social para reduzir a mortalidade e prioridade à negociação de vacinas. "Cenário no Brasil é bastante sombrio", afirmou.
Segundo ela, o que o governo esperava não se encaixa no seu perfil, qualificação e linha que segue.  
"Penso pra isso neste momento, para reduzir as mortes, tem que reduzir a circulação das pessoas, de maneira técnica e respaldada por dados científicos."
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A médica também defendeu que o Ministério da Saúde se preocupe em orientar equipes médicas sobre a melhor forma de atender pacientes com Covid-19, criando uma referência nacional de protocolo. "Não dá para esperar dezembro a população ser vacinada."  
"O Brasil precisa de protocolos, e isso é pra ontem. (...) Nós estamos discutindo azitromicina, ivermectina, cloroquina. É coisa do passado. A ciência já deu essa resposta. Cadê um protocolo de tratamento? (...) Perdeu-se muito tempo na discussão de medicamentos que não funcionam."
Ela mencionou a importância de discutir o momento certo de entubar pacientes, como usar medicamentos como corticoides ou anticoagulantes. Para ela, grupos de especialistas e sociedades médicas deveriam estar dentro do Ministério da Saúde para elaborar recomendações.
O nome da médica encontrava respaldo entre parlamentares e integrantes do Supremo Tribunal Federal. No domingo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Lira disse numa rede social que o enfrentamento da pandemia “exige competência técnica” e “capacidade de diálogo político” e que enxerga essas qualidades em Ludhmila.
Ela disse que espera uma mudança de rumo na condução da Saúde no país. 
"É um desejo meu que quem vá substituir o Pazuello tenha autonomia. Depende uma mudança do governo, do que pensa sobre a pandemia."
Segundo ela, a preocupação do governo é com a economia e os impactos sociais.  

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