By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O filho que postou uma foto velando sozinho a mãe em Goiânia conta que
fez a foto em um momento de “revolta” e que quer usar o exemplo dele
para que os filhos não abandonem os pais na velhice. A publicação
viralizou na internet e já tem mais de 300 mil curtidas.
José Ricardo Fernandes, de 43 anos, disse que não esperava a
repercussão e, em um primeiro momento, ficou até assustado. “Eu não fiz
isso para aparecer, ficar famoso. Mas quando começou a bombar, eu vi que
posso usar isso para que inspire filhos a cuidarem dos seus pais até o
fim, não os abandonar”, disse.
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Ele, que é doente renal crônico e deixou de trabalhar como cabeleireiro
para fazer o tratamento, conta que cuidou sozinho da mãe por quatro
anos em um pequeno apartamento no Negrão de Lima. Na madrugada do último
sábado (17), a mãe, Maria Fernandes de Oliveira, de 77 anos, morreu.
O filho, então, publicou uma foi da mãe às 4h44 da madrugada em sua
rede social com a frase: “Descanse em paz minha amada mãe”. Na mesma
manhã, precisou fazer hemodiálise no início da manhã e correr atrás da
documentação necessária para liberação do corpo e não teve como avisar
de outras formas da morte da idosa.
“No meu perfil eu tenho poucos amigos, mas são amigos de infância de
São Domingos de Goiás, da cidade onde eu e minha mãe morávamos. Até 12h,
quando eu saí da hemodiálise, ninguém tinha me ligado, ninguém tinha
falado nada. Então eu pedi para a funerária fazer os preparativos para o
velório e enterro”, disse, José Ricardo.
No velório, se indignou por nenhum familiar ter comparecido. “Eu fiquei
revoltado. Eu publiquei esperando ser criticado e eu já tinha a
resposta pronta, porque ninguém nunca me ajudou, sabia da situação dela e
não ligava, não fazia uma visita. Só que repercutiu para um lado
diferente. Minha mão teve crocodilo chorando no caixão dela, mas teve
320 mil curtidas de um adeus que foi de coração de pessoas do Brasil
todo”, disse.
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O velório de Maria foi rápido, apenas com a presença do filho, no
cemitério Vale da Paz. Como nenhum parente se manifestou até o início da
tarde de sábado, ele decidiu não prolongar a cerimônia. No momento do
enterro, apenas um vizinho junto com a esposa compareceram. Como ele e
José Ricardo conversavam e conviviam diariamente, ele ficou sabendo a
tempo.
Família espalhada
José Ricardo conta que os familiares estão espalhados por várias
cidades de Goiás e até em outros estados, como Acre e Minas Gerais. “Há
um ano minha mãe caiu, quebrou o fêmur e foi ficando mais fraca. Eu
avisei, mandei vídeos dela de cama e nesse tempo todo ninguém nunca
ligou ou fez visita”, disse.
Eles sobreviviam com a renda de dois salários da aposentadoria da mãe e
um salário mínimo de um benefício que ele recebe. Agora, ele se apoia
nos comentários de apoio que tem recebido para seguir em frente.
“Agora sou sozinho. Mas, ao mesmo tempo, não, porque tem milhares de pessoas me seguindo agora”, completou.
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