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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: DivulgaçãoUm novo modelo de cigarro eletrônico chamou a atenção das redes nesta semana ao prometer alta performance e benefícios para a saúde com a suposta inalação de vitaminas, hormônios e produtos naturais. O "health vape" ou "vape de vitaminas"
foi apresentado em um vídeo que fazia propaganda do produto nas redes
sociais – após viralizar, o perfil que fez a postagem apagou a conta no
Instagram.
Pneumologistas e cientistas ouvidos pelo g1 afirmam que nada comprova que esses dispositivos podem fazer bem para a saúde e, pelo contrário, há alerta de riscos:
- Não há evidências científicas que comprovem que inalar vitaminas é a melhor forma de ingeri-las. Os vapes não foram clinicamente testados para esse fim;
- Sem testes, não há como saber se há, de fato, vitaminas, aminoácidos, hormônios e produtos naturais na composição;
- Health vapes são cigarros eletrônicos, que são cigarros. Ou seja: usá-los também é uma forma de fumar;
- Especialistas apontam que eles podem causar lesão pulmonar e outras doenças;
- Além disso, a propaganda, importação e o comércio de cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O dispositivo parece uma caneta. No vídeo que viralizou, uma mulher
fuma o cigarro eletrônico enquanto faz exercícios físicos. Afirma que o
produto não tem nicotina – principal responsável pela dependência – e é feito de "concentrados vitamínicos".
Em uma pesquisa na internet, é possível encontrar os health vapes em
seis sabores, com combinações diferentes de vitaminas, aminoácidos,
hormônios e plantas medicinais que causariam diversos efeitos no corpo.
Um deles, por exemplo, seria "para descansar": na composição, melatonina
(o hormônio do sono) e camomila. Outro, "para dar energia": com
vitamina B12 e cafeína.
Sobre os vapes em geral, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) é enfática ao afirmar que há evidências científicas que comprovam que a fumaça dos cigarros eletrônicos não é composta apenas de “vapor de água”: os produtos são compostos por produtos com potencial cancerígeno e podem causar danos no pulmão e no coração.
Ana Cláudia Bonassa, do canal "Nunca vi 1 Cientista", desmente todas
essas promessas. A bióloga e doutora em ciências com ênfase em
Fisiologia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) afirma que não há estudos que comprovem esses benefícios.
"A decisão da Anvisa se baseou no princípio da precaução, devido à
inexistência de dados científicos que comprovassem alegações atribuídas a
esses produtos", disse ainda.
O médico pneumologista Fred Fernandes, que atende pacientes com doença
pulmonar avançada e que buscam tratamento para o tabagismo, tem a mesma
opinião.
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Mesmo vitaminas podem ser catastróficas se inaladas, de acordo com Fernandes. Um dos exemplos é o acetato de vitamina E,
apontado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) como a
causa de danos pulmonares em mais de 2 mil fumantes de cigarros
eletrônicos nos Estados Unidos em 2019.
De acordo com o CDC, a substância pegajosa – forma oleosa e sintética
da vitamina – gruda no tecido pulmonar causando EVALI, doença pulmonar
grave relacionada ao uso de vapes.
"Esses cigarros eletrônicos apresentam substâncias que não foram
testadas por via inalatória, já com a existência de EVALI associada à
vitamina E. Então, se tem com vitamina E, por que que não pode ter com
outras vitaminas, outras substâncias?", questiona Paulo Corrêa,
coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da Sociedade Brasileira
de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Há o exemplo da insulina. O hormônio foi testado na sua forma inalatória, na tentativa de poupar os portadores de diabetes das picadas. Não deu certo: nos rigorosos ensaios, os pacientes tiveram uma piora na função pulmonar.
"Em geral, a via inalatória é pouco eficiente para administrar medicamentos sistêmicos, pois a taxa de absorção é muito melhor pela via digestiva", diz o médico Fred Fernandes.
Cigarro eletrônico também é cigarro
"Se esses vapes de vitaminas possuírem a mesma base dos cigarros
eletrônicos, que tem transferência de metais e outras substâncias, a
gente já sabe que não é seguro. Logo, o produto deles não é seguro",
afirma o médico Paulo Corrêa.
Estudos já comprovam que a fumaça dos cigarros eletrônicos não é
composta apenas de “vapor de água”. Mais de 2 mil produtos químicos – a
maioria ainda não identificados – foram encontrados em dispositivos de
quatro marcas nos Estados Unidos, de acordo com a SBPT.
"Se é inalado, ele vai provocar problemas no pulmão. Só a transferência
dos metais e a insegurança relacionada a essas substâncias inaladas já
são suficientes para que o usuário considere temerário o seu uso e,
portanto, não utilize", explica o pneumologista.
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