Além da inflação cada vez mais presente nas prateleiras dos supermercados, o consumidor tem enfrentado a redução do tamanho das embalagens dos produtos.
Isso também é uma inflação disfarçada: o produto não fica mais caro,
mas a embalagem passa a trazer menos unidades ou vem com pesos e medidas
menores do que antes.
A prática é conhecida como "reduflação" (mistura de
redução com inflação). Na prática, o produto acaba saindo mais caro para
o consumidor, porque ele está comprando menos quantidade com o mesmo
dinheiro.
Embora não sejam ilegais, as mudanças precisam seguir
alguns critérios, e os fabricantes são obrigados a informar a alteração
na parte frontal da embalagem, em letras de tamanho e cor destacados.
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Caso a embalagem não traga a informação da redução ou
mudança de forma clara, o consumidor pode denunciar a empresa aos órgãos
de proteção ao consumidor, como Procons, Senacon (Secretaria Nacional
do Consumidor) e Ministério da Justiça. As empresas podem ser multadas
por maquiagem de produto. Os valores chegam a R$ 9,9 milhões.
Cada estado também possui suas regras específicas
sobre isso. Em São Paulo, por exemplo, caso o aviso seja muito pequeno, o
consumidor tem o direito de trocar o produto por outro de sua livre
escolha ou obter a devolução do valor pago em dinheiro.
A portaria nº 392, de 29 de setembro de 2021 do Ministério da Justiça, traz algumas determinações sobre as mudanças:
- Apresentar no rótulo a quantidade existente na embalagem antes e depois da alteração;
- A alteração precisa ser informada em local de fácil visualização, com caracteres em maiúsculo, negrito, e em cor contrastante com o fundo do rótulo;
- Especificar a quantidade de produto diminuída, em termos absolutos e percentuais;
- Informar qual foi a mudança na parte principal do rótulo, ficando proibida a inclusão em locais encobertos e de difícil visualização como as áreas de selagem e de torção;
- As informações sobre a mudança devem constar dos rótulos pelo prazo mínimo de 6 meses.
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O UOL visitou
alguns supermercados e constatou várias mudanças como sabão em pó, que
deixou de pesar 1 kg para ter apenas 800 g, embalagens de molho de
tomate que foram reduzidos de 150 g para 120 g, latas de ervilha que
também estão menores. Até os palitos de fósforo tiveram a quantidade
reduzida.
Além desses casos, começaram a aparecer nas
prateleiras vários produtos que "são, mas não são" como o leite
condensado chamado Moça Pra Toda Família, que, na verdade, é uma mistura
láctea condensada de leite, soro de leite e amido —enquanto o Moça
original é de leite condensado integral.
Consumidores também têm relatado que outros produtos
feitos com leite também estão recebendo a "mistura láctea", composta por
amido, soro de leite ou água.
Estratégia para esconder a inflação
André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, diz que a redução das medidas dos produtos é uma estratégia comercial para mascarar a inflação. "É uma forma de não repassar o preço ao consumidor final, uma estratégia de marketing", diz.
O economista e integrante do Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa (IBGC) Carlos Caixeta considera a reduflação uma
estratégia das empresas para continuarem vendendo. "As empresas procuram
evitar aumento de preços porque os produtos ficam menos competitivos,
reduzindo as vendas e comprometendo sua saúde financeira", analisa.
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