By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: G1
O governo federal divulgou nesta terça-feira (5) sua proposta de
mudança no chamado "pacto federativo" – o conjunto de regras
constitucionais que determina a arrecadação de recursos e os campos de
atuação de União, estados e municípios e suas obrigações para com os
contribuintes.
Mais cedo, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi entregue pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso. O documento foi recebido pelo presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Acompanharam Bolsonaro o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o da Economia, Paulo Guedes.
Chamada "PEC do pacto" pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, é uma
das três propostas de emenda à Constituição enviadas ao Congresso nesta
terça-feira pelo governo.
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AS TRÊS PECs ENVIADAS AO CONGRESSO
- PEC do pacto federativo: dá mais recursos e autonomia financeira para estados e municípios.
- PEC emergencial: cria mecanismos emergenciais de controle de despesas públicas para União, estados e municípios.
- PEC dos fundos públicos: extingue a maior parte dos 281 fundos públicos e permite o uso de recursos para pagamento da dívida pública.
Por se tratar de PEC, a proposta precisa ser aprovada em dois turnos de
votação no Senado e outros dois turnos na Câmara, antes de ser
promulgada e entrar em vigor.
O QUE PREVÊ A PEC DO PACTO FEDERATIVO
- Cria o Conselho Fiscal da República que se reunirá a cada três meses para avaliar a situação fiscal da União, estados e municípios. O conselho será formado pelos presidente da República, Câmara, Senado, Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal de Contas da União (TCU), governadores e prefeitos;
- Extingue o Plano Plurianual (PPA);
- Leis e decisões judiciais que criam despesas só terão eficácia quando houver previsão no orçamento;
- Benefícios tributários serão reavaliados a cada 4 anos. No âmbito federal eles não poderão ultrapassar 2% do PIB a partir de 2026;
- A partir de 2026, a União só será fiadora (concederá garantias) a empréstimos de estados e municípios com organismos internacionais, e não mais com bancos;
- Transferência de royalties e participações especiais a todos estados e municípios;
- União fica proibida de socorrer com crédito entes com dificuldades fiscal-financeiras a partir de 2026;
- Estados e municípios passarão a receber toda a arrecadação de salário-educação e a definir o uso dos recursos;
- Permite que o gestor administre conjuntamente os gastos mínimos em educação e saúde, podendo compensar um gasto de uma área na outra.
- Cria o Estado de Emergência Fiscal que vai desindexar despesas obrigatórias e cria mecanismos automáticos de redução de gastos.
- Município com menos de 5 mil habitantes e arrecadação própria menor que 10% da receita total será incorporado pelo município vizinho
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Uma das principais medidas é a alteração no processo de distribuição dos recursos do pré-sal, o que resultará na distribuição, aos estados e municípios, de R$ 400 bilhões a mais em 15 anos.
De acordo com o governo, o repasse nos próximo anos de recursos do
pré-sal aos entes deve encerrar a disputa judicial sobre a Lei Kandir
entre os estados e a União. Estados cobram do governo compensação por
perdas nos últimos anos com essa legislação que desonerou as
exportações.
Ao fortalecer estados e o Distrito Federal, a União informou que não
precisará mais dar crédito para que os entes paguem precatórios (dívidas
judiciais). Informou, ainda, que os estados e municípios passam a
receber toda a arrecadação do salário-educação e a definir o uso dos
recursos.
Segundo o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, o
repassasse integral do salário educação vai aumentar em R$ 9,8 bilhões o
montante anual de recursos recebidos pelos estados e municípios.
Segundo o secretário, atualmente a União fica anualmente com R$ 9,8
bilhões para gastos com transporte escolar e livros escolares. Agora,
esse gasto será decidido pelos estados e municípios.
A proposta inicial do governo contemplava a liberação de R$ 500 bilhões
aos estados e municípios nesse período de 15 anos, mas o valor acabou
caindo após a "desidratação" da reforma da Previdência no Senado
Federal. O Ministério da Economia já havia informado que faria essa compensação.
Apesar de destinar mais recursos aos entes federativos nos próximos
anos, a proposta da área econômica é de que sejam vedados gastos
adicionais dos estados e municípios em pessoal e custeio – de modo que
as transferências adicionais feitas pelo governo sejam utilizadas para
investimentos e redução de dívidas.
Desindexação de recursos
Além da chamada "descentralização" de recursos, o pacto federativo
também propõe a "desindexação" da economia – que, na medida do possível,
as despesas deixem de crescer, de acordo com indexadores – e a
"desvinculação". A proposta ficou conhecida como "DDD".
"As despesas obrigatórias serão desindexadas em casos de emergência
fiscal. Estão garantidos os reajustes dos benefícios previdenciários e
do BPC [Benefício de Prestação Continuada, de um salário mínimo, para
idosos e pessoas com deficiência] pela inflação", informou o governo.
Conselho Fiscal da República
A área econômica do governo também está propondo a criação do Conselho
Fiscal da República, que vai reunir integrantes da área econômica, do
Congresso Nacional, do Judiciário e dos estados. O presidente Jair
Bolsonaro também poderá participar dos encontros.
A proposta é que o conselho analise a cada três meses a destinação dos
recursos públicos. O conselho está sendo apelidado de "Copom das contas
públicas" – o Copom é o órgão do Banco Central
que define os juros básicos da economia, com base nas metas de
inflação. O Conselho Fiscal da República acompanhará a execução dos
gastos públicos e o cumprimento das regras fiscais.
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Pela proposta, compete ao Conselho Fiscal da República: - salvaguardar a sustentabilidade de longo prazo dos orçamentos públicos;
- monitorar regularmente os orçamentos federais, estaduais e distrital, inclusive quanto à respectiva execução;
- verificar o cumprimento das exigências constitucionais e legais referentes à disciplina orçamentária e fiscal;
- expedir recomendações, fixar diretrizes e difundir boas práticas para o Setor Público; e
- comunicar aos órgãos competentes eventuais irregularidades detectadas.
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