quarta-feira, 21 de agosto de 2019

'É triste, mas eu não me desanimo', diz pedreiro enganado por falso anúncio de emprego


By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: JORNAL EXTRA Imagem: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Na madrugada o pedreiro José Romildo Nascimento, de 55 anos, teve de fazer uma escolha: quem deveria ir à fila do emprego, ele ou a esposa? O dinheiro para os R$ 17 da passagem - emprestados de um conhecido - só dava para um. Coube a Romildo seguir a pé por 30 minutos até o centro de Rio Bonito, de onde tomou o ônibus para Niterói.
Chegando lá, porém, a decepção: a informação sobre a fila de emprego era falsa. Romildo foi um entre as dezenas de desempregados que formaram uma fila enorme no Centro de Niterói, vítimas de boatos espalhados pelas redes sociais.
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— Quando recebi o áudio pelo WhatsApp, fiquei muito feliz, acreditei que agora eu conseguiria voltar a trabalhar — lamenta o pedreiro, lembrando que saiu de casa às 5h, não sem antes se preparar, na véspera, para uma possível chance de emprego.
— Separei tudo direitinho. Guardei os documentos e escolhi a roupa para que eu não me atrasasse hoje de manhã — conta Romildo, que não reclama de ter sido enganado.
— É triste, mas eu não desanimo. Tenho fé de que ainda vou conseguir um emprego.
Além do áudio no WhatsApp, postagens no Facebook propagavam que haveria 1.500 vagas numa suposta nova sede do Sistema Nacional de Empregos (Sine-RJ) que seria inaugurada em Niterói.
Nascimento está desempregado há um ano e dois meses. Sua mulher, Conceição Abreu, tem 50 anos, é técnica de laboratório e está sem emprego há mais de dois anos.
O casal tem uma filha de 15 anos e um filho com necessidades especiais, de 30 anos. Fora todas as despesas básicas, como água, luz e alimentação, a família ainda gasta com remédios para o filho mais velho.
— Durante todo o período que trabalhei, sempre guardei um pouco do dinheiro. Com o desemprego, passamos a usar essa reserva pra manter o sustento da casa. Agora, essa poupança está acabando, e não sei como fazer para ter renda. Os bicos que consigo fazer são muito raros, e não pagam muito.
A situação de Nascimento, desempregado há mais de um ano, é a mesma de outros 1,8 milhão de brasileiros que estão à procura de vagas entre um e dois anos, de acordo com os dados mais recentes divulgados pela Pnad Contínua do IBGE. Outros 3,3 milhões de brasileiros procuram emprego há dois anos ou mais.
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No início da semana, o ministro da Economia Paulo Guedes pediu que os brasileiros tivessem "um pouco de paciência" com o desempenho da economia. Guedes disse que é preciso tempo para começar a ver os resultados, cerca de um ou dois anos.
Há mais de um ano desempregado, Romildo diz que não tem como esperar esse período:
— Em dois anos, se eu não conseguir um emprego pra sustentar minha família, capaz que eu morra de fome. As pessoas não estão ajudando o próximo, e as coisas estão ficando mais difíceis.
Busca frustrada
A Auxiliar de serviços gerais Ana Paula Dias, de 39 anos, também foi outra vítima da falsa mensagem que oferecia vagas de emprego. Desempregada há um ano e seis meses, a auxiliar de serviços gerais também recebeu a mensagem por meio de um aplicativo de mensagens.
Moradora de São Gonçalo, ela pediu dinheiro emprestado com o marido para pagar a passagem. Na tentativa de garantir a vaga, ela saiu de casa às cinco da manhã. Como ela cuida de seu neto, enfrentou a jornada em busca da tão sonhada vaga com um bebê de dois meses no colo.
— Minha filha me repassou o áudio falando das vagas de emprego. Peguei dinheiro com meu marido para pagar a passagem e fui até o endereço que informavam. Quando cheguei lá, era tudo mentira — lamenta Ana Paula.
Ela conta que nunca desistiu de procurar emprego, mas que a situação está cada vez mais difícil:
— Todo dia saio de casa entregando currículos. Mas, até agora, ninguém me chamou para nada.


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