By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BBC BRASIL – Imagem: Divulgação
A demissão de Ricardo Galvão do
comando do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é
"significativamente alarmante", pois "reflete como o atual governo
brasileiro encara a ciência".
A opinião é de Douglas Morton,
diretor do Laboratório de Ciências Biosféricas no Centro de Voos
Espaciais da Nasa, a agência especial americana, e professor-adjunto da
Universidade de Maryland, nos Estados Unidos."O Inpe sempre atuou de forma extremamente técnica e cuidadosa. A demissão de Ricardo Galvão é significativamente alarmante", diz Morton por telefone à BBC News Brasil.
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"Não acredito que o presidente Jair Bolsonaro duvide dos
dados produzidos pelo Inpe, como diz. Na verdade, para ele, são
inconvenientes. Os dados são inquestionáveis", acrescenta.Morton vem acompanhando de perto o Brasil nos últimos 18 anos, com foco especial nas fronteiras agrícolas na Amazônia e no Cerrado e na dinâmica do desmatamento, degradação florestal e manejo agrícola após conversão florestal.
Em seu laboratório na Nasa, ele conduz pesquisas ecológicas em grande escala usando dados das plataformas aéreas e de satélite, modelos de ecossistemas e trabalho de campo.
"O processo de análise de imagens de satélite providas por agências espaciais como a Nasa é feito com a mais absoluta transparência e imparcialidade pelo Inpe. O instituto tem prestígio internacional e sua equipe conta com funcionários gabaritados. Os dados são checados e rechecados antes de serem divulgados", defende Morton.
"Neste sentido, a demissão de Galvão choca a comunidade científica pois envia um alerta sobre como o atual governo brasileiro encara a ciência", acrescenta.
Morton observa ainda que, apesar de a metodologia na leitura dos dados sobre desmatamento poder variar de acordo com o organismo responsável pela análise, as discrepâncias são "muito pequenas".
"Os dados usados pelo instituto e outras organizações são baseados em imagens de satélite. O que varia é a forma como esses dados são processados. Mas não há nenhuma diferença fundamental no tocante à metodologia que justifique colocar em dúvida as informações divulgadas pelo Inpe", diz.
Morton explica que a Nasa apenas fornece as imagens e não faz nenhuma análise sobre cobertura florestal no mundo. Cabe a especialistas como ele e organizações especializadas observar esses dados e avaliá-los.
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As informações sobre desmatamento na Amazônia produzidas pelo Inpe são veiculadas por dois sistemas - Deter e Prodes. Esses dados são públicos e podem acessados pelo portal TerraBrasilis.
O Deter - levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia - é baseado em imagens dos sensores WFI, do satélite Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-4) e AWiFS, do satélite Indian Remote Sensing Satellite (IRS).
Já o Prodes gera as taxas anuais de desmatamento na região e utiliza imagens de satélites americanos da classe LANDSAT.
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