By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: Agência Brasil
O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no
Paraná, Deltan Dallagnol, disse em entrevista à revista Época, publicada nesta
sexta-feira (9), que os procuradores da Lava Jato cogitaram encaminhar um
pedido de suspeição de Gilmar Mendes, ministro do STF.
Segundo ele, uma série de medidas foram cogitadas relativas a decisões do
ministro. “Cogitamos recursos que sugerimos para a PGR (Procuradoria-Geral da
República), cogitamos encaminhar pedido de suspeição de Gilmar Mendes,
estudamos se os atos dele configurariam, para além de atos sob suspeição,
infrações político-administrativas”, disse o coordenador, na entrevista.
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A declaração ocorre na semana em que reportagens indicam que procuradores da Lava Jato agiram para tentar incriminar Gilmar Mendes.
Na quarta-feira (7), o UOL mostrou que Dallagnol usou a Rede Sustentabilidade como uma espécie de laranja para propor uma ação no STF contra Gilmar.
Um dia antes, diálogos revelados pelo El País indicaram que o procurador cogitou a possibilidade de acionar até a Suíça para buscar provas contra o ministro do Supremo. Os dois veículos firmaram parceria com o site The Intercept Brasil, que obteve de uma fonte anônima uma série de diálogos dos procuradores da Lava Jato.
Na entrevista à Época, Dallagnol admite que os procuradores também conversaram sobre a possibilidade de solicitar o impeachment de Gilmar, mas que o ato não foi oficializado.
“Se tivéssemos entendido que era o caso de fazer isso, teríamos encaminhado uma representação pelo impeachment. Como é público, não fizemos. Nós encaminhamos, sim, como é público, uma representação pela suspeição do ministro Gilmar Mendes. E tudo isso aconteceu sempre de modo legal e legítimo”.
Como vem fazendo desde o início das publicações dos diálogos, em 9 de junho, Dallagnol colocou em dúvida a veracidade do conteúdo das mensagens, mas quando pressionado pelo jornalista de que esse seria um conteúdo que ele deveria se lembrar, Dallagnol respondeu: “É possível que tenhamos conversado isso em nosso grupo de mensagens. Mas, de novo: nada de errado, nada de ilícito”.
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Nos diálogos divulgados na última terça-feira pelo site do jornal El País,
em conjunto com o The Intercept Brasil, mostram que os procuradores da Lava
Jato se mobilizaram para buscar ligações entre o ex-diretor da Dersa Paulo
Vieira de Souza, o Paulo Preto, tido como o operador financeiro do PSDB, e o
ministro Gilmar Mendes.Dallagnol teria dito nas mensagens que havia um boato em São Paulo que parte do dinheiro de Preto mantido em contas na Suíça seria de Gilmar. Procurado pelo UOL, o ministro negou ter conta fora do país.
Em declaração à Época, o procurador desmentiu as informações mostradas nos diálogos. “Jamais chegou essa informação de que contas do Paulo Preto teriam vinculação com o ministro Gilmar Mendes. Jamais chegou uma notícia…”, explicou.
Segundo ele, caso isso ocorresse, o caso seria encaminhado para a PGR e para o STF, por conta do foro privilegiado.
O coordenador também foi questionado sobre uma possível abertura de empresa para gerir suas palestras, conforme mostram diálogos exibidos pela Folha de S.Paulo em 14 de julho. Ele respondeu que apenas cogitou em meados dos anos 2000, antes da Lava Jato.
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“Não existe uma empresa, não foi aberta empresa, não foi feito convênio com
qualquer entidade para realização de cursos ou palestras. No começo, lá por
2000, não na época dessas supostas mensagens divulgadas, mas muito atrás,
cheguei a cogitar isso”, disse.Segundo ele, no tempo que pensou em abrir a empresa, não houve tempo para cogitar a colocação de sua esposa como administradora, mas voltou a defender a legalidade da prática: “Cheguei apenas a analisar as vantagens e a regularidade da eventual abertura de uma empresa. Agora, se fosse aberta, eu não seria o administrador. Não tem nada de errado em membros do Ministério Público e juízes terem cursos jurídicos”.
De acordo com os diálogos, Dallagnol conversou com a mulher para criar uma empresa responsável por administrar suas palestras. A estratégia passaria por criar um instituto e cobrar altos cachês. Porém, a empresa não foi criada.
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