By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: NSC TOTAL – Imagem: Felipe Carneiro
Um projeto de lei
protocolado no dia 1º de fevereiro na Câmara dos Deputados prevê que seja
proibida, no Brasil, venda, anúncio e uso de anticoncepcionais como o DIU
(dispositivo intrauterino), minipílula e pílula do dia seguinte. A proposta é
do deputado federal Márcio Labre (PSL-RJ), que considera os métodos
“microabortivos” _ o que é contestado pelos médicos.
O texto do projeto diz que tais métodos provocam “morte do ser humano
já concebido” e determina que a polícia recolha e destrua os contraceptivos
listados, “podendo interditar o estabelecimento industrial ou comercial que
reiteradamente descumprir as presentes normas”.
A justificativa do projeto
acusa o Ministério da Saúde de permitir métodos que provocam “indução do aborto
na fase inicial da gestação, que se inicia na concepção e vai até a implantação
da criança no útero” _ uma afirmação defendida por grupos cristãos, que não tem
nenhum respaldo científico.
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O deputado pede apoio, no
texto, a movimentos denominados Pró-Vida em todo o país, dizendo que o “impacto
sobre a opinião pública tem-se tornado cada vez maior nos nossos dias”.
Métodos não causam aborto, afirma médica
O projeto de lei assusta os
especialistas. A médica ginecologista Luisa Aguiar da Silva, de Florianópolis,
explica que nenhum dos métodos listados pelo deputado provoca o aborto. Embora
ajam de diferentes maneiras no organismo, eles têm o mesmo objetivo: impedir a
aproximação do espermatozoide do óvulo, com alterações no muco cervical e
endométrio.
— Em todos eles não há
fecundação. Os métodos vão justamente impedir que ela exista — diz a médica.
Para a ginecologista,
propostas como essa deveriam passar pelo crivo de especialistas, para evitar
equívocos. O deputado que propõe a proibição dos anticoncepcionais se diz
projetista, empresário e jornalista em sua biografia na Câmara dos Deputados.
— Os métodos são cada vez mais
estimulados, porque temos muita gravidez indesejada no Brasil, inclusive na
adolescência. Temos que ter o poder de cuidar de nosso corpo e de nossas
escolhas. Na minha opinião, projetos assim deveriam passar pelas mãos dos
especialistas. Não poderia ser apresentado sem que se saiba o que pode
implicar, com informações equivocadas — comentou.
Como funcionam
DIU
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Há dois tipos, de cobre e
hormonal. Ambos funcionam como proteção mecânica, liberando substâncias no
útero que impedem a concepção, impedindo. No caso do cobre, o ambiente se torna
hostil para a fecundação. Já o hormonal, que libera progesterona, causa atrofia
do endométrio.
Minipílula
É a pílula de progesterona,
usada no pós-parto, quando a mãe está amamentando, e em casos em que a mulher
tem restrições de saúde para a pílula comum. Torna o ambiente hostil para a
fecundação, e modifica o movimento das tubas uterinas, impedindo que ela
ocorra.
Pílula do dia seguinte
Se a mulher não tiver ovulado,
ela impede a ovulação. Se a ovulação já ocorreu, ela age alterando a secreção
para evitar que os espermatozoides cheguem ao óvulo, impedindo a fecundação —
que pode ocorrer até 72 horas pós a relação sexual.
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