By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BBC BRASIL – Imagem: Divulgação
A pesquisa sugere condições geológicas favoráveis para o surgimento e manutenção da vida em planetas rochosos que eventualmente orbitam esses astros. E que ela poderia estar espalhada por toda a galáxia e ter se originado em qualquer época de sua evolução.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas avaliaram a abundância de tório (232Th) nas gêmeas solares pesquisadas, localizadas numa distância entre 50 e 300 anos-luz do Sol (um ano-luz é a distância percorrida em ano pela luz no espaço, o que equivale a cerca 9,5 trilhões de quilômetros).
Isso foi feito por meio da análise de espectros ópticos de alta qualidade e resolução em comprimento de onda, coletados utilizando um espectrógrafo ultraestável, chamado HARPS, que está instalado no telescópio de 3,6 m do European Southern Observatory (ESO), no Chile.
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Embora o tório não seja o único elemento determinante, esse químico radioativo é um dos requisitos para o surgimento, evolução e manutenção da vida num determinado mundo. Para que isso ocorra, além da presença dele, é necessário que a órbita do planeta esteja na zona habitável ao redor da estrela, ou seja, a uma distância dela em que água possa se manter líquida.
Segundo o pesquisador André de Castro Milone, da Divisão de Astrofísica do Inpe, orientador do doutorando Rafael Botelho, primeiro autor do artigo, outros requisitos para o surgimento da vida num planeta é a existência de uma atmosfera presa pela gravidade e de um campo magnético para protegê-lo do fluxo de partículas energéticas e nocivas aos seres vivos emitidas por sua estrela hospedeira.
"Também é fundamental que ele seja geologicamente ativo, como a Terra, com terremotos e vulcões, que proporcionam o chamado ciclo do carbono, que mantém a temperatura do nosso mundo adequada à vida." Isso só é possível graças ao tectonismo de placas.
O globo terrestre é feito de camadas como, a grosso modo, uma cebola. No centro fica o núcleo, cujo ponto central está a uma profundidade de cerca de 6.370 quilômetros, com uma temperatura de 6.000 ºC, semelhante a da superfície do Sol. Acima dele vem o manto, de consistência pastosa, parecida com a de um asfalto quente, com uma espessura de cerca de 2.950 km e 100 ºC em sua parte superior e 3.500 ºC na mais profunda, na interface com o núcleo. Trata-se do magma, que pode ser visto quando expelido por vulcões.
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Ele é recoberto pela crosta, a camada mais superficial e menos espessa do planeta, na qual vivemos, com uma média de 40 km de profundidade. Junto com a parte superior do manto, sólida, ela forma a litosfera, com 100 km de espessura, que, por sua vez, está dividida em gigantescas placas rochosas, chamadas tectônicas, que flutuam sobre o manto de magma, carregando oceanos e continentes.
Existem 10 dessas grandes jangadas de pedra - Africana, Antártica, Arábica, Eurasiática, das Filipinas, Indo-Australiana, de Nazca, Norte-Americana e do Caribe, do Pacífico e Sul-Americana, - e várias outras menores. São essas estruturas que modelam a superfície da Terra, erguendo montanhas e causando terremotos e tsunamis, quando se chocam. O que faz essas placas flutuarem e se movimentarem sobre o manto é um fenômeno chamado convecção, que é um movimento ascendente ou descendente de matéria num fluído devido ao calor.
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